Celso Lafer Neste domingo, completam-se cem anos do nascimento do filósofo e pensador
político italiano Norberto Bobbio (1909-2004). Pela longa vida, pela
intervenção intelectual e direta na política de seu país, pela lucidez e
pelo vigor de seus escritos, Bobbio se tornou "um interlocutor para a
cultura internacional na segunda metade do século 20 - e pode continuar a
sê-lo no início do novo século", observa Michelangelo Bovero, conselheiro do
Centro Studi Piero Gobetti, de Turim, Itália, uma entidade-chave na difusão
da obra do filósofo, e também membro do comitê oficial das comemorações
deste centenário.
Preso em 1934 pelo regime fascista, por participar de manifestações contra
Mussolini, Bobbio ingressou em seguida na carreira acadêmica,
consolidando-se como uma referência na política e na filosofia do direito,
que alcança os dias atuais. Na "era dos extremos", o século passado,
empenhou-se pela paz, defendendo que "a luz da razão é o sol de que podemos
dispor para iluminar a treva na qual estamos imersos", como lembra Celso
Lafer, estudioso de Bobbio, no texto a seguir - síntese da conferência que
fez quinta-feira na Universidade de Turim, na programação de eventos em
torno da efeméride do pensador, que nasceu naquela cidade.
No campo das relações internacionais o tema central de Norberto Bobbio é a
situação-limite, paz/guerra, que historicamente molda a vida internacional.
Sua análise tem como nota identificadora o empenho em prol da paz, levando
em conta o impacto da mudança qualitativa trazida pelas armas nucleares.
Estas assinalam a possibilidade do uso da violência numa escala
historicamente inédita e operam no horizonte do terror e da descartabilidade
do ser humano. É nesse horizonte que se move a reflexão de Bobbio.
No colóquio com Pietro Polito, por ocasião dos seus 90 anos, Bobbio observou
que "a luz da razão é o sol de que podemos dispor para iluminar a treva na
qual estamos imersos", mas aduz que "não há lugar para certezas absolutas".
Por isso cabe indagar qual é o papel que atribuiu à razão na dinâmica das
relações internacionais, tendo em vista as trevas da hipótese, tecnicamente
viável, de um Holocausto nuclear em escala planetária. Neste contexto cabe
lembrar as três conhecidas metáforas evocadas em Os Problemas da Guerra e as
Vias da Paz: a mosca na garrafa, o peixe na rede e o labirinto.
A "mosca na garrafa" é uma metáfora da razão no sentido forte, pois
pressupõe que existe o caminho para a saída da garrafa, ao alcance do olhar
do filósofo espectador. Não é a linha adotada por Bobbio no trato político
da guerra e da paz. Acurado leitor de Maquiavel e de Hobbes, ele conhece os
limites da razão na lida com a natureza das coisas inerentes ao exercício do
poder. A metáfora dos "peixes na rede" aponta para a morte como fim
inevitável dos vivos, pois os peixes se debatem, mas não escapam do seu
letal destino. Nesta situação, a razão oferece ou a resignação das
filosofias da sabedoria, ou instiga a angústia existencial das filosofias da
crise. Não é esta, também, a linha adotada por Bobbio na sua "vita activa".
O "labirinto" é a sua metáfora preferida. É compatível com a sua condição de
"iluminista-pessimista", condição que faz dele um "realista insatisfeito",
que não se compraz em ser um contemplador sem ilusões da história e da
política, perante o confronto entre o mundo dos fatos e o mundo dos valores.
A metáfora indica a capacidade que os seres humanos têm de identificar, com
base na experiência e na razão, os caminhos bloqueados da convivência
coletiva. Esta é a trilha percorrida por Bobbio, que vai argumentar que a
guerra, na era nuclear, é uma "via bloqueada", ou seja, "uma via sem saída
que não leva à meta proposta e como tal deve ser abandonada".
O empenho em prol da paz e a crítica à guerra se inserem coerentemente no
percurso de Bobbio e na lição que extraiu dos males do fascismo. Dizem
respeito a um dos seus temas recorrentes, que é o de eliminar ou, pelo
menos, limitar a violência como meio de resolver conflitos, seja entre
indivíduos e grupos no interior de um Estado, seja entre Estados. Daí sua
defesa do "governo das leis" e das regras do jogo da democracia, que "conta
cabeças e não corta cabeças". Daí o seu pacifismo, pois os conflitos
interestatais, quando deságuam na guerra, propiciam os casos mais clamorosos
de violência coletiva.
O fascismo "trazia a violência no corpo. A violência era a sua ideologia",
como observa Bobbio. Bobbio se contrapôs ao fascismo e colaborou para a sua
queda participando da guerra de libertação e integrando o Partido de Ação. É
por conta do alcance e do significado desta experiência de vida, realçada em
O Tempo da Memória, que parte muito significativa da obra de Bobbio está
voltada para a pesquisa e a análise de alternativas medularmente distintas
daquelas que o fascismo emblematizou e muito especialmente a violência da
fúria dos extremos.
É neste pano de fundo - o da contestação da fúria dos extremos - que se
insere o pacifismo de Bobbio. E quero registrar, desde já, que a preocupação
com este pano de fundo retém atualidade nesta primeira década do século 21,
permeada pela ubiquidade de novas formas de violência, pelo radicalismo
intolerante dos fundamentalismos e do terrorismo e pelas tensões difusas da
lógica da fragmentação.
****
Raymond Aron, discutindo a dicotomia política realidade/política
conhecimento, aponta que seus polos não são excludentes, mas complementares,
pois a consciência da realidade política faz parte da própria realidade
política. Daí o papel das expectativas na vida econômica e política, em
especial a expectativa dos riscos manufaturados pela ação humana. Entre
estes, o risco do nexo conhecimento/poder, trazido com o advento da bomba
atômica lançada em 1945 pelos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Este
risco coloca o desafio de como absorver a colossal força da energia liberada
pela matéria no incerto domínio das ações humanas, pois o nuclear coloca a
hipótese da autodestruição da própria humanidade pelo potencial inerente ao
seu emprego militar.
Bobbio viu-se estimulado a tratar deste risco pela leitura do livro de
Gunther Anders sobre Hiroshima e Nagasaki, cuja edição italiana de 1961
prefaciou. Na sua análise do que significa a "virada histórica" das armas
nucleares, vai sustentar o imperativo da formação de uma consciência
atômica. Busca lidar com a dicotomia política realidade/política
conhecimento de tal forma a permitir que a consciência do perigo das armas
atômicas impregne a realidade política. São duas as linhas básicas que
explorou para argumentar como a guerra se tornou uma "via bloqueada".
A primeira passa pela análise da precariedade das teorias jurídicas da
"guerra justa" na era nuclear e pela avaliação crítica das filosofias da
História que veem na guerra um "mal aparente", um "mal necessário", um "mal
menor", um "bem", um "evento natural ou providencial". A segunda realça que
a tese da paz pelo terror da estratégia da dissuasão nuclear, que prevaleceu
na época da Guerra Fria, não é uma mentira em termos de terror, mas o é em
termos de equilíbrio, pois a balança como critério de paz é sempre instável
e precária.
Em suma, o equilíbrio baseado no terror das armas nucleares é instável, não
impede o uso das armas tradicionais, cujo impacto destruidor vem aumentando
com as inovações científico-tecnológicas. E tende, em matéria nuclear, a
reequilibrar-se num nível superior ou a desequilibrar-se de vez, como
Gorbachev se deu conta na década de 1980. Daí a crítica de Bobbio aos
estudiosos das relações internacionais que reconhecem o terror que as armas
nucleares causam, mas minimizam a possibilidade do seu uso. Escondem o
imenso problema que a sua invenção e seu armazenamento trazem para o destino
da Terra e a sobrevivência da humanidade.
Este imenso problema persiste no século 21. Como aponta Jonathan Schell,
autor que Bobbio apreciava, o potencial da escalada da violência trazida
pelo evento inaugural da bomba atômica contra o Japão, em 1945, prolonga-se
neste século 21. A era dos extremos não se encerrou com o fim da
bipolaridade e a desagregação da União Soviética, pois o risco do "over
kill" tende a aumentar.
Com efeito, no período da Guerra Fria, o sistema internacional tinha uma
unidade diplomática em função da prevalência da bipolaridade que se
caracterizou, no plano global, pela fórmula de Raymond Aron "paz impossível,
guerra improvável". Esta unidade, com a sua "racionalidade compartilhada",
desapareceu na dinâmica pós-Guerra Fria da lógica da fragmentação, que foi
erodindo o regime internacional do Tratado de Não Proliferação de Armas
Nucleares, de 1968. Como se sabe, não só não ocorreu o desarmamento nuclear
previsto no tratado, como este não impediu a efetiva proliferação da
nuclearização militar da Índia e do Paquistão, processo que está em
andamento na Coreia do Norte e no Irã. A isto se soma, não só a mais antiga
e menos explícita nuclearização militar de Israel, como também a
contemporânea emergência do terrorismo de alcance transnacional e a
potencialidade de acesso a artefatos nucleares de grupos que fazem da
violência o seu instrumento de ação.
É por este motivo que a formação de uma consciência atômica retém plena
atualidade. Esta consciência, hoje, vai além dos intelectuais inermes de que
falava Bobbio em O Terceiro Ausente. Alcançou os que exercem o poder, que se
deram conta, com realismo, como disse Aron, que a ameaça nuclear não é um
instrumento nem de decisão, nem de poder imperial, pois permite exterminar,
mas não reinar.
São exemplos desta nova abrangência da consciência atômica o artigo A World
Free of Nuclear Weapons, assinado por George P. Schultz, William Perry,
Henry A. Kissinger e Sam Nunn, publicado em janeiro de 2007 no Wall Street
Journal e o discurso do presidente dos EUA, Barack Obama, na cidade de
Praga, em abril deste ano, no qual afirmou o compromisso do seu país "em
buscar a paz e a segurança em um mundo sem armas nucleares". Esta
consciência está refletida na recente Resolução 1887 (de 2009) do Conselho
de Segurança da ONU, aprovada por unanimidade, com o claro endosso dos seus
cinco membros permanentes, que são potências nucleares.
Em síntese, o tema da formação da consciência atômica está impregnando a
realidade da política internacional contemporânea e vem adquirindo "ganhos
conceituais", como se diz em linguagem diplomática. A consciência é um
passo, mas "falar é fácil, difícil é fazer". Qual é a lição de Bobbio para a
travessia?
****
Estudioso da filosofia da história, Bobbio tem plena consciência de que a
guerra não acabará em virtude da espontânea evolução dos processos
históricos. Sabe que a história humana é ambígua. É, no entanto, um
"iluminista-pessimista" e um "realista insatisfeito", como já foi dito, que
não se resigna a contemplar o destino dos peixes colhidos na rede da
insensatez humana. Considera a paz à luz da hipótese da catástrofe nuclear
"um bem absoluto", condição necessária para o exercício de todos os valores;
e a guerra, "uma via bloqueada". Isto, por si só, não torna a paz um valor
realizável no plano internacional. A realizabilidade da paz vai além da
abrangência da formação de uma consciência atômica, assim como a
realizabilidade de um desenvolvimento sustentável global requer ir além da
consciência ecológica, hoje generalizada, do que significam as mudanças
climáticas. A paz não é um "dado". É um "construído" possível da convivência
internacional - uma conjectura que, para poder viabilizar-se, requer um
pacifismo ativo.
O pacifismo ativo proposto por Bobbio é, metodologicamente, uma expressão da
sua "arte combinatória", por meio da qual recombina conceitos para lidar com
situações do presente, valendo-se da lição dos clássicos. É esta
criatividade que caracteriza a sua teoria política e é ela que permeia o seu
pacifismo no campo das relações internacionais. Daí a validade de indicar,
ainda que sumariamente, alguns dos clássicos da política e do direito que
instigaram a construção do seu pacifismo ativo.
O primeiro clássico é Hobbes, que analisou como o medo pode tornar-se um
fator benéfico da vida política, ensejando a passagem da anarquia do Estado
de natureza para o Estado civil, onde o poder comum cria as leis necessárias
para a convivência pacífica. O segundo clássico é Kant. Bobbio interpreta e
desenvolve o contratualismo de Hobbes em chave kantiana, a ele atribuindo um
alcance de cunho universal e cosmopolita. Nas conjecturas kantianas sobre o
nexo entre o "interno" do regime político e o "externo" da paz, e sobre o
despotismo arbitrário dos governantes como a causa das guerras, Bobbio vai
identificar o pacifismo político democrático, que por sua vez tem vínculos
com o pacifismo jurídico, do qual Kelsen é um expoente, que considera a
guerra o efeito de uma situação na qual não existem normas eficazes para a
regulação dos conflitos.
Outro tipo de pacifismo é o social, inspirado por Marx, que vê na
desigualdade propiciada pelo capitalismo a causa das guerras e, por isso,
propõe a reforma da sociedade. Outra modalidade de pacifismo é o econômico,
que detecta na autarquia e no protecionismo a causa das guerras, por isso
defende o livre-comércio que propicia a substituição do "espírito de
conquista" pelo "espírito do comércio".
****
Todos estes componentes integram a arte combinatória do pacifismo ativo de
Bobbio, por ele desdobrado em três vertentes, tendo em vista o seu foco -
vale dizer, o da ação sobre os meios, sobre as instituições e sobre os seres
humanos.
O pacifismo instrumental, da ação sobre os meios, almeja eliminar, ou pelo
menos reduzir, os armamentos que são os meios de condução da guerra.
Estimula, ao mesmo tempo, através das técnicas da solução pacífica de
controvérsias, a prática da não violência e a eliminação do uso da força
armada no plano internacional, abrindo espaço nas modalidades da mediação,
da conciliação, da arbitragem, da solução judicial, para a figura do
terceiro em prol da paz, que constrói o entendimento que as partes, por si
só, não são capazes de alcançar.
É um pacifismo que opera por excelência no âmbito da diplomacia, concebida
como um processo de diálogo e negociação entre Estados, voltado para
encontrar interesses comuns e compartilháveis ainda que isto se dê na
vigência das assimetrias do poder e no contexto da heterogeneidade dos
valores. A consciência atômica está reforçando esta vertente no trato das
tensões provocadas, por exemplo, pela nuclearização do Irã e da Coreia do
Norte.
Esse pacifismo tem guarida na ONU que é, por sua vez, uma expressão do
pacifismo institucional, na condição de uma organização internacional de
vocação universal, voltada para conter os riscos da anarquia e que reputa a
paz um bem e a guerra como um flagelo, como está dito no seu preâmbulo.
A institucionalidade da ONU propicia uma espécie de "democracia
diplomática", baseada em normas que vêm ensejando uma redução de tensões e
uma melhoria das condições de paz. Essa melhoria, louvada por Bobbio, não é,
na sua precisa avaliação, garantia efetiva de paz e segurança, pois a ONU é
uma expressão frágil do pacifismo institucional jurídico. Abre espaço para
um terceiro institucional nas relações diádicas e, com isso, para o abandono
do contraste absoluto. Mitiga, mas não supera a situação-limite da anarquia
da vida internacional como causa da guerra, com a qual se preocupa Bobbio.
Não é um "terceiro acima das partes", mas um "terceiro entre as partes", que
favorece apenas um estado de direito provisório.
Com efeito, a Carta da ONU, por ser apenas um pactum societatis, está muito
sujeita à "constituição material" representada pelo fluxo das incertezas das
forças sociais, políticas, econômicas e militares prevalecentes no sistema
internacional, que se expressam nas maiorias da Assembleia-Geral e nas
deliberações, no Conselho de Segurança, dos seus membros permanentes. Isto
leva a ONU, por vezes, a ser ou um terceiro impotente, distanciado da
solução dos conflitos, ou um terceiro parcial, favorecedor de uma parte, não
correspondendo ao papel do "tertius juxta partes".
O pacifismo institucional da ONU também inclui a preocupação com a
desigualdade das condições econômico-sociais em escala planetária,
favorecedora das tensões da guerra, que deram margem à polaridade Norte/Sul.
Daí a cooperação internacional econômica e social, prevista no art. 55 da
Carta, como caminho para as relações amistosas e pacíficas entre os Estados,
que é uma expressão de pacifismo social.
O pacifismo ativo de Bobbio também contempla o que ele qualifica de
pacifismo de fins, preocupado em lidar com a conduta dos seres humanos que
criam as instituições e empregam ou não meios violentos. Daí a pedagogia de
uma cultura da paz ser a grande expressão do pacifismo de fins. Ele se
expressa no propósito de estimular o respeito aos direitos humanos por meio
da cooperação internacional, conforme art. 1. 3 da Carta.
Este propósito teve como desdobramento a Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948, que traçou uma política de Direito voltada para consolidar,
no campo dos valores, uma visão do mundo caracterizada pelo respeito e
reconhecimento do Outro. Esta visão, que está contemplada nas ambições
normativas da agenda internacional, busca conter, pela ação cultural, o
conceito schmittiano da política como relação dicotômica amigo/inimigo,
denegadora do pluralismo e da tolerância e, como tal, instigadora da guerra,
inspirada no "mors tua vita mea".
Concluo observando que Bobbio tem perfeita clareza tanto das limitadas
possibilidades quanto das reais dificuldades do sucesso duradouro do
pacifismo ativo. Nele persevera, como uma obrigação da inteligência, pois
entende que, na situação em que vivemos, a "violência talvez tenha deixado
definitivamente de ser a parteira da história e está se tornando cada vez
mais o seu coveiro".
Celso Lafer, professor titular da Faculdade de Direito da USP, membro
da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Brasileira de Letras, foi
ministro das Relações Exteriores no governo FHC
(©
Estadão)
Il secolo di Bobbio
I ragazzi di via Parini: una mostra ripercorre l'avventura umana e
intellettuale di una generazione cresciuta al Liceo D'Azeglio di Torino
MAURIZIO ASSALTO
La mattina del 16 febbraio 1926 il professore Umberto Cosmo entrò
nella seconda A del liceo D’Azeglio con il giornale spiegato e la voce rotta
dall’emozione. Aveva appena appreso che a Parigi, in seguito alle percosse
dei fascisti, era morto Piero Gobetti: uno dei suoi allievi migliori, pochi
anni prima, in quelle stesse aule. «Un’impressione che non mi si è più
cancellata dalla memoria. Eppure allora non sapevo chi fosse Gobetti, forse
non l’avevo mai sentito nominare», annoterà Norberto Bobbio, che quel giorno
sedeva tra i banchi.
Fu la prima presa d’atto di una dimensione politica oltre il privato, la
prima rottura verso ambienti familiari naturaliter fascistizzanti, la
scaturigine di una coscienza civile che si svilupperà attraverso gli studi e
le frequentazioni. Non solo per Bobbio. In aula con lui, tra gli altri,
Giorgio Agosti, Leone Ginzburg. Poco distante, nelle tre classi della B,
dove insegnava il mitico Augusto Monti, c’erano Cesare Pavese, Tullio
Pinelli, Massimo Mila, Vittorio Foa, Leonardo Pestelli, Giancarlo Pajetta.
Un’irripetibile concentrazione di personalità che avrebbero segnato la vita
culturale e politica del Novecento italiano, disperdendosi nei campi di
attività e nei luoghi ma sempre ritrovandosi, fino alla fine, unite da una
solida trama di relazioni affettive («la società di amici è la società etica
per eccellenza», ha scritto Bobbio, premurandosi di precisare, a scanso di
equivoci, che «non vi è amicizia al di fuori di una vita morale intensamente
vissuta»).
La mostra varata per il centenario del filosofo (nato a Torino il 18 ottobre
1909) rende omaggio a questa vicenda collettiva, fin dal titolo, «Bobbio e
il suo mondo», e dal sottotitolo, «Storie di impegno e di amicizia nel
’900». Coordinata da Marco Revelli con la ricerca iconografica di Paola
Agosti, in programma dal 15 ottobre al 10 gennaio all’Archivio di Stato di
Torino, la rassegna è accompagnata da un bel catalogo edito da Aragno che
sarà distribuito dal 13 ottobre con La Stampa, il giornale di cui Bobbio è
stato la firma più prestigiosa dal ’76 fino alla morte, il 9 gennaio 2004.
Attraverso le immagini e i documenti d’epoca, i ragazzi di via Parini -
tutti residenti in un fazzoletto di città, nei palazzi altoborghesi della
Crocetta e di San Secondo - sono seguiti passo dopo passo, anche quando in
via Parini, la via del D’Azeglio, non sono più di casa. Potrebbe essere un
ottimo soggetto per un film. Finito il liceo (esposti i registri degli esami
di maturità: per Bobbio, otto in tutte le materie, con un sorprendente nove
in scienze naturali e chimica e la «macchia» di un sei in storia dell’arte),
nasce la «banda Monti», il gruppo di ex allievi che si riunisce al caffè
Rattazzi intorno al «rigidissimo professore d’italiano», come ricorderà
Bobbio, «diventato ormai un compagno più anziano, fra tutti il più estroso e
brioso» (simile alla foto giovanile che lo ritrae con paglietta e baffo
assassino, come uno chansonnier).
All’università il gruppo incontra nuovi maestri (Gioele Solari, Francesco
Ruffini, Luigi Einaudi) e nuovi compagni (Alessandro Galante Garrone,
Ludovico Geymonat). E arrivano i primi arresti: nel 1929 tocca a Mila,
Geymonat e Antonicelli, che hanno firmato una lettera di solidarietà a
Benedetto Croce oltraggiato da Mussolini; Umberto Cosmo, già sospeso
dall’insegnamento tre anni prima e sostituito proprio da Franco Antonicelli,
di poco più anziano degli allievi, viene mandato al confino a Ustica.
Per Bobbio comincia la lunga marcia nel tunnel della dittatura, tra
l’avvicinamento a Giustizia e Libertà, la retata del 15 maggio ’35, in cui
viene arrestato con Foa, Mila, Pavese, Giulio Einaudi e molti altri, e la
tentazione del nicodemismo. Poi il tempo delle scelte, la Resistenza,
l’adesione al Partito d’Azione, un nuovo arresto, a Padova nel dicembre ’43,
preceduto dal matrimonio con Valeria Cova. La Liberazione, con molti dei
vecchi amici del D’Azeglio impegnati nei primi passi della nuova Italia che
rialza il capo (Agosti questore a Torino, Antonicelli che parla in piazza
Vittorio con l’ineffabile eleganza del dandy capitato lì da un altro mondo).
Gli anni del dopoguerra - con la figura di Bobbio che acquista sempre più
rilievo, fino a imporsi come la coscienza critica e morale del Paese in
parallelo col disgregarsi della Prima Repubblica - sono i più
iconograficamente noti. Superfluo, qui, soffermarcisi. Ma nelle immagini più
tarde, oltre all’amata Valeria, ai figli e ai nipoti, ritornano i vecchi
amici. Tra sorrisi teneri, abbracci e malcelata mestizia (per sé, per come è
finita l’Italia), l’avventura volge al termine. L’ultima foto (splendida, di
Paola Agosti) ritrae Bobbio nel suo studio, seduto alla scrivania, il volto
illuminato per metà dalla luce che filtra dai tendoni, lo sguardo senza
illusioni che vaga lontano, oltre la finestra, oltre la ferrovia, oltre la
collina. «La morte presa sul serio è la fine della vita, la fine ultima, una
fine oltre la quale non c’è un nuovo principio», scrive in quegli stessi
anni nel De senectute. È dunque questo ciò che rimane?
E no, almeno qui si è sbagliato. Perché è destino di tutti i classici
parlare agli uomini di ogni epoca: c’è dunque un «futuro di Norberto
Bobbio», come suona il titolo del convegno internazionale che sarà aperto a
Torino il 15 ottobre dal presidente Napolitano. Ne è convinto Michelangelo
Bovero, l’allievo che lo ha ideato: «Dopo avere letto Bobbio, possiamo
aprire quella finestra e guardare il mondo: lo capiremo meglio».
(©
La Stampa Web)
Napolitano a Torino per celebrare il centenario di Norberto BobbioIl presidente della Repubblica aprirà il convegno dedicato al noto filosofo
Arrivano al culmine le celebrazioni per il centenario della
nascita del filosofo Norberto Bobbio (18 ottobre 1909 - 9 gennaio 2004).
L’evento più importante e solenne è il convegno internazionale "Dal Novecento al
Duemila. Il futuro di Norberto Bobbio", che si svolge da domani, giovedì 15, a
domenica 17 ottobre nell’Aula Magna del Rettorato dell’Università di Torino.
Saranno protagonisti del convegno cinquanta protagonisti eminenti della cultura
contemporanea. L’assise è articolata in cinque sessioni. Nella sessione
d’apertura, al Teatro Regio di Torino, il presidente della Repubblica Giorgio
Napolitano inaugura alle ore 10,30 i lavori con una "testimonianza" sui suoi
rapporti con Norberto Bobbio. Tra i relatori del convegno figurano Gastone
Cottino, Luigi Bonanate, Michelangelo Bovero, Stefano Rodotà, Michel Troper,
Luigi Ferrajoli, Alfonso Ruiz Miguel, Marco Revelli, Stephen Holmes, Michael
Walzer, Remo Bodei, Richard Bellamy, Veronique Champeil-Desplats, Alastair
Davidson, Fernandez Santillan e Otto Kallscheuer.
Sempre a Torino da domani al 10 gennaio 2009 è aperta all’Archivio di Stato, in
piazza Mollino 1, la mostra "Bobbio e il suo mondo. Storie di impegno e di
amicizia nel Novecento", dedicata al gruppo di uomini di cultura che segnarono
la storia di Torino e dell’Italia nel faticoso percorso dal fascismo alla
democrazia. L’esposizione è curata da Paola Agosti e da Marco Revelli. Nello
stesso periodo, all’Archivio storico dell’Università, in via Verdi 8, è
allestita un’altra mostra dedicata a "Norberto Bobbio studente e professore
all’Università di Torino", curata da Paola Novaria e Andrea Bobbio, con il
progetto fotografico di Nicoletta Nicosia.
(©
La Stampa Web)
Norberto Bobbio è ancora qui
MICHELANGELO BOVERO
«Sono ancora qui». Con queste parole Norberto Bobbio apriva
la seconda parte del saggio De senectute, scritta nel 1996, alla soglia degli
ottantasette anni. Ci ha lasciati otto anni più tardi, all’inizio del 2004.
Eppure noi, oggi, possiamo dire (sottovoce, senza enfasi) «è ancora qui». E noi
siamo qui, convenuti da più parti del mondo, per festeggiare i suoi cent’anni,
per parlare non solo di lui, ma idealmente con lui dei problemi del nostro
mondo, prolungando quel colloquio che molti di noi hanno intrattenuto con lui
per lunghi decenni.
Nel 1984, in occasione della festa per i suoi settantacinque anni, Bobbio diede
una prova tra le più significative del suo caratteristico atteggiamento verso se
stesso. Disse che gli era facile immaginare che uno studioso, in un futuro non
lontano, imbattendosi per caso in qualcuno dei suoi libri tra gli scaffali
polverosi di una biblioteca, avrebbe mormorato tra sé e sé, come il don Abbondio
manzoniano: «Bobbio, chi era costui?». Non credo che accadrà, anche se la storia
della fortuna e della sfortuna delle opere di pensiero è a volte capricciosa. Un
poco, forse, dipende anche da noi: da quanti ritengono che la lezione di Bobbio
debba continuare ad essere ascoltata.
La traduzione portoghese, pubblicata in Brasile, del De senectute reca un titolo
che Bobbio trovò particolarmente felice: Il tempo della memoria. Alla memoria,
al bisogno morale di mantenerla viva, è dedicata la mostra Bobbio e il suo
mondo. Storie di impegno e di amicizia nel Novecento, frutto del paziente lavoro
di Paola Agosti e Marco Revelli, che verrà inaugurata questa sera, tra qualche
ora. Questo convegno, il nostro convegno inaugurato questa mattina dal
Presidente Giorgio Napolitano, ha un’ispirazione, e un’aspirazione, affine ma
peculiare. La esprimerei così. Per molti di noi, certo per me, stemperato il
dolore del distacco, è venuto il tempo della nostalgia. Bobbio ci manca. Manca
non solo alle cerchie dei suoi affetti, dalle più intime alle più vaste, la
famiglia, gli amici, gli allievi. Manca, e quanto!, alla cultura e alla vita
civile, specialmente di questo paese. Sentiamo nostalgia: certo dell’affetto, ma
anche dei concetti di Bobbio. Sentiamo l’esigenza — acuta, in tempi oscuri — di
attingere ancora alla sua proverbiale chiarezza. Che non è soltanto uno stile,
una dote di nitore nella scrittura. E’ l’effetto, che si riverbera sulla
scrittura, del suo modo di pensare, di affrontare i problemi andandovi al cuore,
superando equivoci e confusioni, involontarie o interessate. E’ un effetto, e
uno specchio, del suo rigore intellettuale e morale. Un effetto, appunto, di
rischiaramento delle menti. Di illuminismo, nel significato più semplice ed
essenziale della parola.
Questo convegno intende non tanto celebrare la figura intellettuale e morale di
Norberto Bobbio; e neppure propriamente ricostruire il suo pensiero, impresa del
resto assai ardua per la vastità e complessità dell’opera che Bobbio ci ha
lasciato. Vuole piuttosto provare a rinnovare l’effetto illuminante,
illuminista, delle sue «categorie mentali». Uso questa formula perché è quella
impiegata da Bobbio nel delineare una delle caratteristiche degli scrittori
classici. (Inutile dire che in questo momento sento la voce di Bobbio che mi
rimprovera aspramente.) Secondo Bobbio, classico è un autore che «ha costruito
teorie-modello di cui ci si serve continuamente per comprendere la realtà, anche
una realtà diversa da quella da cui le ha derivate e a cui le ha applicate, e
sono diventate nel corso degli anni vere e proprie categorie mentali». Sono
ancora in grado le categorie di Bobbio, l’albero delle fitte ramificazioni
concettuali che innervano l’opera bobbiana, di orientarci nella comprensione
della realtà, della nostra realtà, in parte già mutata rispetto al tempo — ai
diversi tempi — in cui Bobbio le ha elaborate? In questa domanda è racchiuso, in
sintesi, lo spirito del nostro convegno, almeno secondo l’ispirazione di quanti
lo hanno promosso.
Abbiamo cercato di formulare quest’idea nel titolo. Le due espressioni che lo
compongono non corrispondono, rispettivamente, ad un titolo e un sottotitolo.
Dal Novecento al Duemila è piuttosto un pre-titolo: vuole richiamare, per un
verso, l’oggetto della mostra, Bobbio e il suo tempo, il Novecento; per l’altro,
vuole indicare il passaggio al nostro tempo, quel ventunesimo secolo che Bobbio
ha sfiorato ma non gli appartiene, e che rispetto al «tempo della memoria»
rivissuto nelle immagini della mostra rappresenta il futuro, il nostro presente,
appena cominciato. Il futuro di Norberto Bobbio è il vero titolo del convegno, e
sono consapevole che può suonare stravagante. Allude anzitutto al titolo
dell’opera di Bobbio forse più largamente conosciuta, Il futuro della
democrazia. Del resto, chi scorra il nostro programma troverà facilmente nei
titoli di molte relazioni l’eco di altri notissimi titoli di Bobbio.
Bobbio ha sempre avuto verso il futuro un atteggiamento di preoccupata
diffidenza. Aveva accettato quella formula, per il saggio che poi darà il titolo
al suo libro più famoso, perché legata al convegno nel quale avrebbe dovuto
presentarlo come relazione, e che gli organizzatori avevano chiamato 1984:
comincia il futuro. Ma subito all’inizio del testo ne prendeva le distanze,
citando due grandi classici: prima Hegel, «Il filosofo non s’intende di
profezie»; poi Max Weber, «La cattedra non è né per i demagoghi né per i
profeti». E aggiungeva: «il mestiere del profeta è pericoloso», perché «ognuno
di noi proietta nel futuro le proprie aspirazioni e inquietudini, mentre la
storia prosegue il suo corso indifferente alle nostre preoccupazioni». Ammise in
varie circostanze che le proprie previsioni, le poche volte che ne aveva
azzardata qualcuna, si erano quasi sempre rivelate sbagliate. Superfluo
aggiungere che si trattava quasi sempre di previsioni infauste, se non
catastrofiche, dettate da quello che Gregorio Peces-Barba ha chiamato il
«pessimismo biologico» di Bobbio. Voglio darne un esempio, che riguarda proprio
il passaggio dal Novecento al Duemila. In un saggio scritto nel 1981, si legge:
«Per quel che riguarda la fine del nostro secolo, ne siamo ancora troppo lontani
per trovarci nello stato d’animo proprio della fin de siècle, tanto più che
questa volta la fine del secolo coincide con la fine del millennio, e le cose si
complicano. A giudicare dall’unico precedente di cui abbiamo testimonianza, le
previsioni non dovrebbero essere molto allegre. Si tratta nientemeno della fine
del mondo. La prima volta l’attesa andò delusa. Questa volta i pronostici sono
meno rassicuranti».
Ma il pessimismo di Bobbio non era solo un dato biologico. Era anche un
atteggiamento consapevole ed anzi liberamente assunto, talvolta polemicamente
affermato e persino rivendicato come necessario compagno della serietà e del
senso di responsabilità. Nel 1977 scrisse un articolo sul «dovere di essere
pessimisti». In un’altra occasione affermò: «Non dico che tutti gli ottimisti
siano fatui. Ma certamente tutti i fatui sono ottimisti». E tuttavia, la figura
del Bobbio pessimista non deve diventare uno stereotipo. Sarebbe un’immagine
unilaterale e fuorviante: rischierebbe di mettere in secondo piano la tensione
ideale, che attraversa tutta la sua opera, verso «un mondo più civile e più
umano».
Il titolo del nostro convegno non allude però alla concezione teorica del
futuro, né all’atteggiamento pratico, psicologico e morale, di Bobbio verso il
futuro. Con la formula Il futuro di Norberto Bobbio abbiamo inteso indicare, a
noi stessi e agli studiosi che hanno accettato di partecipare al convegno, un
duplice orizzonte di riflessione. Nel primo, si tratta di saggiare l’efficacia,
il vigore attuale delle costruzioni concettuali — le «categorie mentali» — di
Bobbio mettendole alla prova nell’analisi del mondo contemporaneo. L’ipotesi da
cui siamo partiti è che alcune grandi questioni del nostro tempo possano
utilmente essere inquadrate ed affrontate anche a partire dal pensiero di
Bobbio: le condizioni presenti della democrazia, dei diritti umani, della pace;
il destino del diritto, dello stato di diritto e della costituzione in tempi di
globalizzazione; le sorti delle grandi correnti politiche del Novecento, come il
liberalismo e il socialismo, e il rapporto tra politica e cultura nel nuovo
secolo. In un secondo orizzonte di riflessione, si tratta di valutare la tenuta
e forse la stessa credibilità, oggi, della prospettiva ideale di Bobbio, dei
suoi principi e dei suoi valori. Non sfuggirà a nessuno che l’intero progetto,
non solo del convegno ma anche delle altre iniziative del Comitato per il
centenario di Bobbio, è mosso da una preoccupazione morale e civile per il
futuro — come ha scritto il presidente Gastone Cottino — della nostra
democrazia, della nostra cultura e della nostra civiltà. Un futuro, soprattutto
ma forse non soltanto nel nostro paese, quanto mai incerto.
In questi ultimi anni mi è accaduto più volte di domandarmi, con qualche
sconforto, che fine abbiano fatto gli ideali di Bobbio. Ad essi, ad un bilancio
della loro sorte e alle prospettive per il loro futuro, è dedicata la sessione
odierna dei nostri lavori. Ascolteremo le riflessioni degli illustri sudiosi che
abbiamo qui invitato a colloquio. Nel 1990 Bobbio scriveva: «Diritti dell’uomo,
democrazia e pace sono tre momenti necessari dello stesso movimento storico».
Dopo di allora, la necessità di quel triplice vincolo ci è apparsa confermata,
in negativo, dal «contro-movimento storico» che abbiamo subito: i diritti
dell’uomo sono stati messi a repentaglio e persino il loro valore è stato
revocato in dubbio; la democrazia va degenerando in forme più o meno gravi di
autocrazia elettiva; la guerra è tornata ad essere considerata una condizione
normale della vita internazionale. Ma forse questa rappresentazione del nostro
tempo risente del pessimismo che ho ereditato, per via genetico-culturale, dal
mio maestro.
La storia è ambigua, ci ha ripetuto Bobbio infinite volte: manda segnali
ambivalenti, non sai verso dove proceda, in quale direzione, in quale senso.
Anzi, può darsi che abbiano ragione quelli che dicono che non ha alcun senso.
Bobbio invitava comunque a non credere che abbia un senso prestabilito,
prefissato: un disegno, un destino. Piuttosto, diceva Bobbio, un senso alla
storia si può e si deve cercare di attribuirlo: guardando verso il passato,
possiamo attribuire un senso alla storia assumendo e comparando diversi criteri
e punti di vista; verso il futuro, forse possiamo cercare di dare un senso alla
storia riaffermando la nostra fedeltà agli ideali della democrazia, dei diritti
e della pace. Gli ideali di Bobbio. Buon convegno e buona riflessione a tutti.
(©
La Stampa Web)
SITE:
Site Oficial Centenario Bobbio
|