Para Luigi Cuciniello, festival de cinema alemão tem baixa qualidade por
exibir filmes que já estrearam
DA REPORTAGEM LOCALDesde 2000 à frente da organização
do Festival de Veneza, ao lado do diretor artístico Marco Müller, o genovês
Luigi Cuciniello, 46, não hesita em diferenciar o evento italiano de seus dois
principais "concorrentes" na França e Alemanha:
"Hoje em dia, Berlim e Cannes são mais parecidos entre si, Veneza é mais
distinto. A razão fundamental é que os outros dois têm um mercado. Não
apresentam só filmes selecionados por um diretor artístico mas também muitas
produções cuja exibição é paga. Já Veneza, tem como característica principal a
qualidade, não há "business'", diz o diretor à Folha.
Cuciniello lembra que Veneza, criado em 1932, é o mais antigo dos festivais,
e o fato de ser organizado pela Fundação Bienal de Veneza garantiria seleções
que primam pela pesquisa e experimentação.
"Daí o festival ter dado mais espaço para o cinema político no passado.
Berlim também o fez, mas não por questão de identidade, e sim de posição
geográfica. Quando ainda havia o muro, a cidade era a porta de acesso de todo o
mundo do leste, do oriente, para a Europa. Mas, em termos de qualidade, é o de
mais baixa. Às vezes, exibe filmes que já estrearam na Europa e na própria
Alemanha."
Mostra italiana
Cuciniello participou da seleção de filmes da 4ª edição da mostra Venezia
Cinema Italiano -iniciativa da Embaixada da Itália no Brasil-, em cartaz em São
Paulo até amanhã e que passa ainda pelo Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e
Recife.
Segundo ele, o programa espelha várias tendências do cinema italiano, com
jovens como Marco Bechis (na mostra com "Terra Vermelha"), consagrados como
Ferzan Ozpetek ("Un Giorno Perfetto") e ainda diretores que lograram filmes de
qualidade com baixo orçamento, como Gianni Di Gregório ("Almoço de Agosto").
Para Cuciniello, uma tendência comum no cinema recente italiano é a tentativa
de "evitar filmes que não dialoguem com o público, de não fazer algo apenas
auto-referente", o que seria fundamental para concorrer com a invasão de
blockbusters americanos.
"Há uma nova consciência entre os diretores. Temos, é claro, os de grande
qualidade, como Nanni Moretti, Gianni Amelio e Bernardo Bertolucci. Mas surgiu
outra geração que, sem deixar de fazer um cinema de qualidade, não se esqueceu
do público", diz Cuciniello.
Ele lamenta somente a falta da "capacidade" que havia no passado de fazer
comédias populares e de autor, caso de Dino Risi, falecido em julho aos 91, e
homenageado na mostra. (ES)
(©
Folha de S. Paulo)
Recife recebe mostra sobre o novo cinema italiano
A novíssima produção cinematográfica italiana ganha foco na próxima semana,
quando o Recife torna-se uma das capitais brasileiras a receber a Venezia
Cinema Italiano, mostra que reúne sete longas-metragens feitos no país
europeu, seis deles lançados este ano.
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Cena de O sêmen
da discórdia |
O sétimo filme – Os monstros – é de 1963 e está na programação
porque seu realizador, o diretor Dino Risi, que morreu em julho passado, é
um dos homenageados do evento. Além dele, o ator italiano Silvio Orlando é o
padrinho do festival este ano.
Todos os filmes exibidos são participantes da Mostra de Veneza 2008.
"Assistimos a uma retomada tanto do cinema brasileiro como do cinema
italiano. Isso significa, evidentemente, que ambos têm clara vontade de
seguir no trilho de sua respectiva tradição, mas também de reatar um diálogo
mais aberto com o público", explica Luigi Cuciniello, diretor da mostra
italiana.
No Brasil, o festival começou em São Paulo e já passou pelo Rio de Janeiro e
Brasília. Depois do Recife, segue para Curitiba. O Cinema da Fundação
Joaquim Nabuco, no Derby, vai receber a etapa recifense do festival, a
partir da próxima quinta (04), que tem entrada gratuita.
Um dos destaques da programação é a co-produção Brasil-Itália
Birdwatchers - Terra Vermelha, dirigida pelo ítalo-chileno Marco
Bechis. Rodado no Brasil, o longa conta com Matheus Nachtergaele e Leonardo
Medeiros no elenco e aborda, em diálogos em português e em guarani, o risco
de extinção cultural que uma tribo brasileira do Mato Grosso do Sul está
correndo.
Idealizado pela Embaixada da Itália em parceria com a Bienal de Veneza,
junto à Prefeitura de São Paulo e ao Governo do Distrito Federal, o evento
tem patrocínio da TIM e apoio dos Institutos Italianos de Cultura de São
Paulo e Rio de Janeiro, dos Consulados Italianos em São Paulo, Curitiba e
Recife, do Instituto Italiano de Comércio Exterior e do Governo de
Pernambuco.
Confira a programação completa:
Quinta-feira, 4 de dezembro
20h | La terra degli uomini rossi (Birdwatchers – Terra Vermelha)
Itália/Brasil, 2008. Dir. Marco Bechis. Elenco: Claudio Santamaria, Alicélia
Batista Cabreira, Chiara Caselli, Abrísio da Silva Pedro, Matheus
Nachtergaele, Leonardo Medeiros. Língua original: Guarani/Português. Numa
co-produção Brasil/Itália, o filme retrata o atual processo de aniquilamento
cultural sofrido pelo povo indígena no Mato Grosso do Sul e a relação
conflituosa de dependência com os grandes fazendeiros da região. As
fronteiras entre os latifúndios e as pequenas reservas indígenas delineiam a
questão fundiária no Brasil e a relação que os homens estabelecem com a
terra, e entre si. Tela plana, 35mm, colorido, 108’.
Sexta-feira, 5 de dezembro
20h | Il papà di Giovanna (O papai de Giovanna)
Itália, 2008, Dir. Pupi Avati. Elenco: Silvio Orlando, Francesca Neri, Ezio
Greggio, Alba Rohrwacher, Serena Grandi. Língua original: Italiano . Michele
Casali (Silvio Orlando) se encontra em uma situação desesperada quando sua
única filha, Giovanna, mata a melhor amiga por ciúmes. Reclusa em um
hospital psiquiátrico, a jovem conta com o apoio do pai - a única pessoa em
quem realmente confia durante o período de isolamento. Um olhar sobre a
estreita relação de cumplicidade entre pai e filha. Coppa Volpi de melhor
ator para Silvio Orlando. Tela plana, 35mm, colorido, 104’.
Sábado, 6 de dezembro
20h | Un giorno perfetto (Um dia perfeito)
Itália, 2008, Dir. Ferzan Özpetek. Elenco: Valerio Mastandrea, Isabella
Ferrari, Stefania Sandrelli, Monica Guerritore. Língua original: Italiano .
O filme conta as 24 horas que precedem uma chamada policial após suspeita de
disparos de tiros em um apartamento de Roma. A separação passional de um
casal e os conflitos e descobertas dos seus dois filhos são o fio condutor
para a composição de um panorama humano, onde diversos personagens convivem
em meio a uma cidade frenética e inquietante que parece insinuar, ou
anunciar, uma tragédia. Tela Plana, 35mm, colorido, 102’.
Domingo, 7 de dezembro
20h | Il seme della discordia (O sêmen da discórdia)
Itália, 2008, Dir. Pappi Corsicato. Elenco: Caterina Murino, Alessandro
Gassman, Martina Stella, Michele Ventuci. Língua original: Italiano.
Verônica (Caterina Murino) é uma jovem e bela mulher casada com um
representante de uma empresa de fertilizantes. No mesmo dia em que ela
descobre estar grávida, seu infiel marido descobre-se estéreo. Uma comédia
politicamente incorreta sobre família e infidelidade que pretende investigar
o universo feminino sem sutilezas e com uma linguagem próxima ao televisivo.
Tela Plana, 35mm, colorido, 85’.
Segunda-feira, 8 de dezembro
20h | Almoço em agosto (Pranzo di Ferragosto)
Itália, 2008, Dir. Gianni Di Gregório. Elenco: Gianni Di Gregorio, Valeria
De Franciscis, Marina Cacciotti, Maria Cali, Grazia Cesarini Sforza. Língua
original: Italiano. Gianni mora com a mãe idosa em um apartamento em Roma.
Atolado em dívidas, ele se vê obrigado a negociar com o síndico do
condomínio, que lhe propõe quitar algumas delas caso Gianni cuide também de
sua mãe no feriado de agosto. Para piorar a situação ele ainda recebe a
companhia da tia e da mãe de um amigo. Comédia tipicamente italiana
vencedora do prêmio Luigi di Laurentiis, dedicado ao melhor filme de
estreante. Tela Plana, 35mm, colorido, 75’.
Terça-feira, 9 de dezembro
18h | Os Monstros (I Mostri)
Itália, 1963, Dir. Dino Risi. Elenco: Ugo Tognazzi, Vittorio Gassman, Ricky
Tognazzi, Franco Castellani, Lando Buzzanca. Língua original: Italiano. Um
retrato cruel e impiedoso da Itália do milagre econômico. Em 30 episódios,
Risi destila seu humor cáustico sobre temas caros à comédia italiana: o
consumismo, o casal, a praia, o automóvel. Uma série de esquetes permeadas
pela desconfiança numa humanidade dominada pela euforia do boom. Nesta
versão restaurada pela Cinemateca Nacional, dois episódios inéditos: O
Cérebro doméstico e O Ator. Tela Plana, 35mm, b/n b/w, 118’.
Terça-feira, 9 de dezembro
20h | PA-RA-DA
Itália/França/Romênia, 2008, Dir. Marco Pentecorvo. Elenco: Jalil Lespert,
Evita Ciri, Gabriel Rauta, Patrice Juiff, Robert Valeanu. Língua original:
Francês/Romeno. A história real do jovem palhaço franco-algeriano Miloud
Oukili, que chegou à Romênia em 1992 - três anos depois do fim da ditadura
de Ceauþescu - e tentou mudar a vida de um grupo de meninos de rua que vivia
da prostituição, de pequenos furtos e da vagabundagem. Através da atividade
circense, o palhaço tenta restituir a dignidade das crianças e levar-lhes um
pouco de esperança. Tela Plana, 35mm, colorido, 100’.
(©
PE 360 Graus)
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