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Não existe oposição entre a fé e ciência, afirma Bento XVI

07/11/2008

O cosmos não é um sistema caótico e é possível ler nas suas regras a presença de um criador, afirmou o Papa Bento XVI
 

O cosmos não é um sistema caótico, mas sim ordenado, e é possível "ler" nas suas regras internas, a presença de um Criador, graças também à contribuição e ao contínuo desenvolvimento das ciências. Esse foi o fio condutor do discurso que Bento XVI dirigiu aos participantes da assembléia plenária da Pontifícia Academia das Ciências, que se realizou no Vaticano, para debater sobre as últimas contribuições da pesquisa científica, sobre as origens e a evolução do universo, da matéria e da vida.

Segundo Bento XVI, afirmar que a criação do cosmo e seu desenvolvimento sejam fruto da "providencial sabedoria" de um Criador não significa dizer que a criação remonta apenas ao início da história do mundo e da vida. Ela implica também o fato que o Criador "dá origem a esses desenvolvimentos" e os "ampara continuamente".

"Abordagens científicas sobre a evolução do universo e da vida" - tema da plenária da Pontifícia Academia das Ciências _ é uma questão de grande interesse  - observou o pontífice _ "uma vez que, muitos de nossos contemporâneos refletem hoje, sobre a origem última dos seres vivos, sobre a sua causa inicial e sobre o seu fim último, e ainda sobre o significado da história humana e do universo".

"Nesse contexto - prosseguiu Bento XVI -surgem, naturalmente, questões relativas à relação entre a leitura científica do mundo e a leitura oferecida pela Revelação cristã. Meus predecessores, Pio XII e João Paulo II - sublinhou o papa - observaram que não existe nenhuma oposição entre a compreensão da criação ditada pela fé e as provas oferecidas pelas ciências empíricas."

Se "na sua fase inicial" - disse o pontífice - a filosofia propôs uma idéia "horizontal" da origem do cosmo, baseada em um ou mais elementos do mundo material, a sucessiva compreensão metafísica do ser enquanto tal, levou o homem a intuir que o mundo, como "criado" vem do "Ser" criador.

Na ótica da fé, portanto, ler a evolução  - longe de ser considerada um "caos" -  é como "ler um livro", segundo uma antiga comparação, adotada por muitos cientistas, entre os quais Galileu Galilei. Um livro - ressaltou Bento XVI - "cuja história, cuja evolução, cujo "ser escrito" e cujo significado nós lemos com base nas diversas abordagens das ciências".

"Apesar dos elementos irracionais, caóticos e destrutivos que encontramos no longo processo de modificação do cosmo, a matéria - como tal - é "legível". É uma construção interna "matemática". A mente humana pode, portanto -  advertiu o papa - empenhar-se não apenas numa "cosmografia", estudando os fenômenos mensuráveis, mas também numa "cosmologia", discernindo a lógica interna visível do cosmo." (Rádio Vaticano)

"Poderemos não ser capazes, inicialmente - observou o Santo Padre - de perceber seja a harmonia no seu conjunto seja nas relações das partes singularmente consideradas, ou sua relação com o todo. E no entanto, as relações que o homem, no curso dos séculos, soube perceber e descrever, demonstram _ sublinhou o papa _ que a pesquisa experimental e filosófica sabe descobrir "gradualmente esta ordem, e a percebe enquanto trabalha para defender-se dos desequilíbrios e para superar obstáculos".

O papa concluiu seu pronunciamento com palavras de João Paulo II, proferidas em 2003: "A verdade científica que é, por si só, uma participação na verdade divina, pode ajudar a filosofia e a teologia a compreender de maneira ainda mais plena, a pessoa humana e a Revelação de Deus sobre o homem, uma revelação que foi completada e aperfeiçoada em Jesus Cristo." (AF/Rádio Vaticano)

(© Oriundi) 

 

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