Retornar ao índice ItaliaOggi

   

Notizie d'Italia

   

 

Duas mulheres, 2 óperas, 2 gêneros

15/10/2008

Puccini
 

Amelia al Ballo, de Menotti, e Le Villi, de Puccini, ganham suas primeiras montagens, a partir de amanhã, no Teatro Municipal

João Luiz Sampaio

A primeira tenta a todo custo impedir o encontro do marido com o amante, enquanto se prepara para o primeiro baile da temporada; a segunda, morta de amor, se junta ao espírito de mulheres traídas que, na floresta, perseguem os maridos infiéis. Duas mulheres, duas óperas, dois gêneros, dois compositores - mas, a partir de amanhã, estarão juntas no Teatro Municipal com a estréia do programa duplo Amelia al Ballo e Le Villi, escritas por Menotti e Puccini, que ganham as primeiras montagens da história do teatro.

"O público não deve esperar uma dobradinha como a célebre Cavalleria de Mascagni e o Pagliacci de Leoncavallo, que pertencem ao mesmo gênero e têm temáticas semelhantes, revestidas de tragédia, de vingança. Amelia é uma comédia satírica, Le Villi é um drama sombrio", diz o maestro Jamil Maluf, diretor do Municipal e regente da Orquestra Experimental de Repertório. Por que então colocá-las juntas? "Ambas são as primeiras óperas de seus compositores, estilisticamente são semelhantes, afinal Menotti é herdeiro direto de Puccini; as duas têm a dança como pano de fundo e, além disso, são de curta duração. Dessa forma, foi possível juntá-las e atender nosso desejo de mostrar ao público cada vez mais obras inéditas no nosso palco."

Escrita nos anos 30 durante uma viagem pelos Estados Unidos, Amelia al Ballo tem a marca de Menotti (1911-2007). "Sua escrita se apóia em takes curtos, frases curtas, de ritmo cinematográfico, com texto irônico que se traduz perfeitamente na partitura", diz Maluf. Morto no ano passado, Menotti começa agora a ser resgatado por teatros mundo afora. "Isso é muito curioso. O Cônsul é uma das grandes obras do século 20; Medium lida com temas superatuais. No entanto, ele sempre esteve à margem, talvez por não se deixar influenciar pelas inovações de vanguarda que marcaram o século 20. Agora, com a busca por novos repertórios, ele está ressurgindo e essa redescoberta é estimulante." No elenco, estão a soprano Claudia Riccitelli, o tenor Martin Mühle e o barítono Leonardo Neiva. A regência é de Juliano Suzuki.

Para Maluf, também Le Villi serve como exemplo de tudo o que seu compositor desenvolveria ao longo dos anos. "Já regi muitas primeiras óperas, mas Le Villi me surpreendeu. Por conta dos 150 anos de Puccini, resolvi montar Butterfly, mas queria também outra menos conhecida. Fiquei entre Le Villi e Edgar mas, quando comecei a estudar a primeira, fiquei encantado." Para o maestro, que rege as apresentações, Puccini já se mostra aqui "assombrosamente moderno". "Sua construção de cenas é habilíssima, impressiona a condensação dramática, a precisão. Não há uma só nota fora do lugar. A orquestra já se mostra como um personagem, antecipando a importância que ela teria na escrita do compositor. " No elenco, a soprano Mirna Rubin, o tenor Eric Herrero e o barítono Douglas Hahn.

Maluf convidou dois diretores cênicos para comandar as produções. A jovem Lívia Sabag, bastante elogiada por sua produção, no ano passado, de Il Matrimonio Segreto, no Teatro São Pedro, faz sua estréia no Municipal com Amelia; Le Villi ficou nas mãos do diretor João Malatian. "São dois talentos que têm se dedicado a pensar cenicamente a ópera", diz Maluf. "É importante apostar em pessoas que conhecem música e apostam na ópera como o foco principal de suas carreiras e não algo a ser feito de vez em quando. Gosto muito do trabalho dos dois e quis mostrar ao público o que eles têm de melhor. Por isso, fiz questão que os dois trabalhassem com o mesmo cenógrafo e figurinista. E os espetáculos ficaram muito diferentes, servindo para mostrar um pouco do que cada um deles acredita como artista."

(© Estadão) 

 

Publicidade

Pesquise no Site ou Web

Google
Web ItaliaOggi

Notizie d'Italia | Gastronomia | Migrazioni | Cidadania | Home ItaliaOggi