Non nobis, Domine, non nobis, sed Nomini Tuo ad Gloriam" ("Não para nós, Senhor, não para nós, mas para Glória de Teu Nome") Salmo de David e Lema dos Templários
Os mistérios da ordem religiosa-militar dos Templários, surgida em Jerusalém nos anos 1119, com o propósito de dar proteção aos peregrinos cristãos e, depois, e auxiliar os cruzados em suas investidas contra os infiéis que povoavam a terra santa, começam a ser desvendados. Com autorização papal, o Vaticano produziu uma edição de um documento – Processus contra Templários – , com apenas 800 cópias, que serão vendidas a quase nove mil dólares cada, para iniciados, pesquisadores e especialistas que tentam colocar algumas luzes na penumbra histórica que envolve os cavaleiros tidos como os guardiões da descendência de Cristo.
A coleção de documentos, até agora desconhecida, inclui o "Pergaminho de Chinon", encontrado em 2001 nos arquivos secretos do Vaticano, que contém frases do Papa Clemente V, com as quais absolve os templários, das acusações de heresia, evidenciando, assim, que a queda da Ordem do Templo deu-se por causa da perda de sua missão e de razões de oportunismo político.
A obra, publicada pela Biblioteca Vaticana, restauraria a verdade histórica sobre "Os Cavaleiros da Ordem do Templo", cuja existência e ulterior desaparecimento foram motivo de numerosas especulações, que fizeram a alegria de escritores – como o italiano Umberto Eco, com o Pêndulo de Foucault – e de diretores de cinema, como o responsável pelo fantasioso O Código Da Vinci.
A volumosa obra é uma investigação papal sobre os julgamentos dos templários. Esmiúça o julgamento promovido pelo papa Clemente V contra a ordem. Surpreendentemente, os escritos deixam claro que o papa absolveu a ordem da acusação de heresia, considerando-a somente culpada de imoralidade. Tinha inclusive o objetivo de reformá-la, mas ao final foi proscrita, por sua ordem em 1312, e seus chefes queimaram em fogueiras. Na verdade, isso aconteceu por pressão do rei francês, Felipe IV, inimigo da ordem para a qual devia uma grande fortuna, e que já havia aprisionado principal líder dos Templários, o grão-mestre Jacques de Molay.
"É a primeira vez que estes documentos são divulgados pelo Vaticano" - disse Bárbara Frale, catedrática nos Arquivos Secretos do Vaticano, acrescentando: "Nunca foram expostos documentos originais dos julgamentos contra os templários."
Graças a um engenhoso e revolucionário sistema de administração econômica, desenvolvido pelos membros não combatentes da Ordem, os templários acumularam uma significativa fortuna, com a qual ajudaram a financiar as guerras de alguns reis europeus.
Vestidos com túnicas brancas estampadas com uma enorme cruz vermelha, a influência dos templários por conta disso cresceu e chegaram a atuar como uma espécie de poder paralelo, disputando com os estados medievais e com a própria igreja, criando naturalmente inimigos. O declínio da Ordem começou depois da queda da Terra Santa, invadida pelos muçulmanos, no final do século XII.