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Feiúra é mais divertida que beleza, diz Umberto Eco

História da Feiúca, de Umberto Eco
 

SYLVIA WESTALL - REUTERS

FRANKFURT - Narizes com verrugas, pele flácida e coxas gordas podem ser belos e fascinantes, segundo o escritor e acadêmico italiano Umberto Eco, que teceu elogios a corpos pouco convencionais na Feira do Livro de Frankfurt, na semana passada.

Eco, que está divulgando seu novo livro, "On Ugliness" (sobre a feiúra), disse que os corpos feios são mais interessantes que os belos, porque a feiúra não conhece limites.

"Descobrimos como é divertido buscar a feiúra, porque a feiúra é mais interessante que a beleza. A beleza frequentemente é entediante. Todo o mundo sabe o que é a beleza", disse o autor de "O Nome da Rosa" e "O Pêndulo de Foucault" no lançamento de seu novo livro.

"Com a feiúra, há uma infinidade de formações que podem ocorrer -- pode-se produzir um gigante, um anão, um homem como Pinóquio, com nariz comprido", disse ele.

O livro, que desenvolve o tema de "História da Beleza", que Eco publicou em 2004, narra a história da feiúra ao longo dos anos, fazendo referências a pinturas célebres como "Mulher Chorosa", de Pablo Picasso.

Embora Eco tenha admitido que a feiúra, assim como a beleza, está nos olhos de quem a contempla, ponderou que esse pendor pelo que é formado com estranheza é, na realidade, um traço universal.

"Existem rostos horrorosos dos quais gostamos. Jerry Lewis é feio, mas gostamos dele", disse Eco, referindo-se ao semblante amigável do humorista norte-americano.

Na outra extremidade da escala, o rosto do diabo pode provocar asco ou fascínio, disse Eco, acrescentando que até mesmo imagens de figuras santas revelam um fascínio com o feio.

Mas o escritor relutou em revelar seu gosto pessoal, embora tenha demonstrado apreciação por corpos de formato mais arredondado.

Indagado se achava atraente a figura de uma mulher nua e rechonchuda pintada por Fernando Botero, Eco respondeu: "Pelo menos ela não é anoréxica".

Mas, indagado sobre uma pintura do século 16 de "Uma Velha Mulher Grotesca", do artista flamengo Quinten Massys, que mostra uma mulher de boca caída e rosto que se assemelha ao de um velho, o escritor respondeu: "Talvez eu pudesse dizer, não é meu tipo!"

(© Estadão)

 

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