Médico desliga aparelhos de
italiano que acendeu debate sobre eutanásia
23/12/2006
Piergiorgio Welby em
hospital pouco antes de morrer
A contragosto,
Piergiorgio Welby era mantido vivo desde 1997. Caso provocou discussão
política na Itália
REUTERS, AFP, EFE E AP
Um médico italiano aplicou uma injeção sedativa e desligou os aparelhos
que mantinham vivo o poeta e escritor Piergiorgio Welby. Nos últimos
meses, o paciente havia aparecido em programas de TV e escrito ao
presidente da Itália para pedir a sua morte. Welby sofria de distrofia
muscular e era mantido vivo desde 1997 por um respirador e alimentado
por sondas. A morte, no fim da noite de anteontem, desencadeou um
inflamado debate sobre eutanásia no país.
O primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, considerou que foi aberto
um debate que 'terá de ser levado em frente'. Apesar disso, ele havia
defendido a permanência da vida de Welby. O deputado do partido Forza
Italia Enrico la Loggia, da coalizão conservadora, destacou que a morte
do poeta foi um ato 'ilegal'.
O deputado da União dos Democratas-Cristãos (UDC) Luca Volonté pediu a
prisão do médico, que, para ele, deveria ser acusado de homicídio. Na
semana passada, o papa Bento XVI reafirmou a posição do Vaticano
contrária à eutanásia.
'O caso de Welby não é eutanásia. Trata-se apenas de se recusar a
receber um tratamento', disse o anestesista Mario Riccio, responsável
pelo desligamento dos aparelhos. As testemunhas disseram que Welby
agradeceu três vezes antes de morrer aos amigos e aos que o apoiaram em
sua batalha jurídica.
Welby completaria 61 anos na terça-feira e sofria de distrofia muscular
havia 40 anos. Sua luta começou em setembro, quando enviou uma carta ao
presidente da República, Giorgio Napolitano, em que reivindicava seu
'direito à eutanásia'. Logo depois, enviou também um pedido oficial a um
de seus médicos para pedir que o tratamento fosse suspenso e o
respirador fosse desligado, apresentando seu caso ao Tribunal Civil de
Roma.
Entretanto, nem o tribunal nem o relatório divulgado nesta semana pelo
Conselho Superior de Saúde, que estudou o caso, deram razão ao doente. A
Justiça entendeu que o direito de retirar o respirador não estava
'concretamente garantido' pela lei italiana. Advogados questionaram a
decisão dizendo que a Constituição sustenta que ninguém pode ser
obrigado a aceitar tratamento de um médico.
Welby decidiu não esperar por uma resolução jurídica. E o anestesista
Riccio, que trabalha em um hospital de Cremona, no norte da Itália,
atendeu ao seu desejo. O médico disse ontem, em entrevista coletiva, que
o doente confirmou sua 'vontade de ser sedado e interromper' a
respiração artificial. 'Os hospitais italianos suspendem terapias toda
hora. E isso não conduz a uma investigação ou a problemas de
consciência', disse.
O médico se declarou 'muito tranqüilo' e afirmou não temer conseqüências
legais. A entrevista foi convocada pelo Partido Radical italiano, que
recentemente se transformou em porta-voz da batalha de Welby.
ANESTESIA NA VEIA
A família do poeta declarou que o importante agora era que ele e sua
luta não fossem esquecidos. Nos dias que passava no hospital, Welby se
dedicava a escrever ensaios e poesias. Riccio aplicou em Welby uma
anestesia endovenosa, para que não sofresse quando ficasse sem ar.
Depois disso, desligou os aparelhos na presença da mulher do paciente,
outros familiares e amigos. Ele morreu cerca de 20 minutos antes da
meia-noite de anteontem. A irmã de Welby, Carla, disse que tudo havia se
passado 'como ele desejara'.
Segundo o deputado do Partido Radical Marco Cappato, Welby teve seu
desejo atendido 'em pleno respeito' à lei e à Constituição. O presidente
da Câmara dos Deputados, o comunista Fausto Bertinotti, declarou 'grande
respeito' a Welby, que 'viveu sua dor em um espaço público, pensando
assim poder enfrentar seu caso e contribuir para iniciar uma discussão'
na Itália.
OUTROS CASOS
No ano passado, o mundo acompanhou a luta da americana Terri Schiavo, de
41 anos, que morreu em 31 de março, depois de ficar três semanas sem se
alimentar. O marido havia conseguido uma autorização judicial para não
mais prolongar a vida da mulher, mas seus pais não concordavam. Até o
presidente George W. Bush se manifestou contrário à morte de Terri.
Na Espanha, o tetraplégico Ramón Sampetro se suicidou em 1998 com
cianureto depois de insistentes pedidos para que tivesse o direito à
eutanásia. O francês Vicent Humbert, de 22 anos, teve a ajuda da mãe e
do seu médico para morrer em 2003 após se tornar tetraplégico e surdo
por causa de um acidente de carro.
A viúva de Piergiorgio Welby, Mina,
justificou hoje em Roma a morte provocada do seu marido, um doente
incurável e imobilizado no leito cujo respirador foi desligado por
um médico, originando uma viva polémica em Itália.
«No fim, Piergiorgio já não podia mais. Dizia-me basta!,
basta!», declarou Mina Welby, 69 anos, com os olhos em lágrimas,
durante uma conferência de imprensa organizada pelo Partido Radical
(libertário e laico), membro da coligação de centro-esquerda no
poder.
«Ele tinha medo de morrer asfixiado, tinha medo de já não poder
engolir. Tinha que lhe preparar os alimentos cada vez mais
líquidos», acrescentou, descrevendo os «últimos tempos terríveis» do
marido, que completaria 61 anos a 26 de Dezembro.
Mantido vivo por um respirador artificial desde 1997 devido a uma
distrofia muscular diagnosticada pelos médicos quando tinha 18 anos,
Welby viu o seu estado de saúde degradar-se este Verão e não
conseguia «sequer ficar sentado mais de uma hora por dia», adiantou
a viúva.
Ajudado pelo Partido Radical, que defende uma despenalização da
eutanásia, Piergiorgio Welby comoveu o país ao reclamar o direito a
morrer numa carta aberta ao presidente da República, Giorgio
Napolitano.
A sua morte, provocada quarta-feira à noite por um médico que
desligou o respirador artificial, desencadeou uma violenta polémica
política num país onde a eutanásia é punida com seis a 15 anos de
prisão.
Numerosos responsáveis de direitos, mas também da ala católica do
centro-esquerda, acusaram o Partido Radical de ter instrumentalizado
o «caso Welby». Um deputado da União Democrata-Cristã (UDC,
centro-direita), Luca Volontè, exigiu que «os culpados deste
homicídio sejam presos».
«Nenhuma lei poderá jamais legitimar um acto de eutanásia, e foi
disso que se tratou, não se pode escondê-lo», disse por seu turno a
ministra da Família, Rosy Bindi, membro da Margarida
(centro-esquerda, próxima dos católicos).
«Os que nos acusam de instrumentalização sempre consideraram as
nossas batalhas instrumentais», retorquiu Marco Pannella, líder dos
Radicais, um pequeno movimento conhecido em Itália pode ter travado
os combates pelo direito ao aborto e ao divórcio nos anos 1970-1980.
Os Radicais e os seus advogados repetiram hoje que o acto de
desligar o respirador de Welby, colocando-o sob o efeito de
sedativos para que não sofresse, tinha «todas as características da
legalidade».
O Ministério Público de Roma abriu um processo para apurar as
«causas da morte de Welby» e deverá ser hoje praticada uma autópsia
do corpo.
Entretanto, a paróquia de Roma, onde residia Welby, anunciou hoje
a sua recusa de celebrar o funeral, devido ao eco mediático
suscitado pelo caso.
«O padre da paróquia disse a Mina Welby ter recebido instruções
do vicariato para suspender os preparativos para o funeral, devido
ao eco mediático deste caso», declarou Rocco Berardo, secretário
adjunto da associação Luca Coscioni, de que Piergiorgio Welby era
vice-presidente.
Um dos combates desta associação é o direito à eutanásia.
«A paróquia de São João Bosco propôs antes a celebração de uma
missa em memória de Piergiorgio», prosseguiu Berardo.
Mina e Carla, irmã de Welby, estão «convencidas» de que esta
recusa foi provocada pelo desejo de Piergiorgio Welby de fazer
respeitar o seu direito a morrer, contrariamente aos ensinamentos da
igreja católica, segundo a cadeia de televisão Sky TG24.
De acordo com o diário Libero (direita), o corpo de Welby foi
abençoado hoje de manhã por um sacerdote da paróquia.
MÉDICO QUE AJUDOU DOENTE A MORRER DIZ ESTAR
"TRANQÜILO"
Piergiorgio Welby estava preso a um leito desde
1997.Italiano desligou o respirador artificial que o mantinha
vivo
ROMA - Mario Riccio, o médico que desligou o ventilador pulmonar que
mantinha
Piergiorgio Welby vivo, afirmou que está tranqüilo em
entrevista ao jornal "Il Giornale".
"Estou sereno e tranqüilo com minha consciência e
com a lei", disse o médico, anestesista em um
hospital de Cremona (norte) e que na quarta-feira
ajudou Welby a morrer.
Welby, que em 26 de dezembro completaria 61 anos,
estava preso a um leito desde 1997, e era mantido
vivo por um ventilador pulmonar.
Riccio e o membro do partido radical Marco
Cappato, que também assistiu à morte de Welby, foram
interrogados pela Polícia nesta quinta-feira como
testemunhas da morte do italiano.
Os meios de comunicação afirmam que a Promotoria
de Roma está analisando a possibilidade de abrir uma
investigação sobre o caso. Riccio pode ser condenado
a até 15 anos por homicídio e perder o direito de
exercer sua profissão.
No entanto, o anestesista afirmou não acreditar
que possa ser acusado, já que ele apenas se limitou
a interromper o tratamento, procedimento que,
segundo ele, seria normal em todos os hospitais
quando se chega a um acordo com o paciente.
"É uma situação que eu vejo e vivo a cada dia no
departamento de tratamento intensivo, onde os
pacientes pedem aos médicos para renunciar aos
tratamentos terapêuticos", acrescentou o
anestesista.
Polêmica A morte assistida de Welby levantou um
intenso debate no país sobre a eutanásia e alguns
deputados da centro-direita pediram a detenção
imediata do médico por "homicídio".
Nesta sexta-feira (22) será realizada a autópsia
no corpo de Welby.
Em seus longos dias de doença, Welby se dedicava
a escrever ensaios e poesias, e começou sua batalha
em setembro, quando enviou uma carta ao presidente
da República, Giorgio Napolitano, em que
reivindicava seu "direito à eutanásia".
L'avvocato Rosso Di Vita: ''Per ora
Cappato e Riccio non sono indagati''
Welby sarà cremato
L'annuncio è stato dato stamane dalla
moglie Mina, che assicura: ''Continuerò la sua
battaglia. Quando abbiamo scritto a Napolitano è
scoppiato il casino''
Roma,
22 dic. (Adnkronos/Ign) - ''Piergiorgio sarà cremato''.
Lo ha annunciato
Mina Welby, moglie di Piergiorgio Welby, durante
la conferenza stampa convocata stamane al Partito
Radicale. Minuta, serena, a tratti interrotta dalla
commozione, Mina indossa un foulard bianco e un giubbino
nero sopra un semplice jeans. Calza scarpe di ginnastica
e la sua voce è flebile, ma sicura. E' la prima volta
che parla in pubblico. Dice di avere le ''febbre del
palcoscenico, ma per Piergiorgio farei questo e altro.
Ho passato una vita in complicità con lui. Poi gli ho
chiuso gli occhi... E ora la vita di Piergiorgio deve
essere valorizzata''. ''Lui non accettava di stare più
lì. Eravamo come un vitigno che si abbarbicava su
un'altra pianta - ha raccontato parlando del suo
rapporto con il marito - Abbiamo chiesto aiuto a Marco
Cappato e insieme abbiamo deciso di scrivere al
presidente Napolitano. Lì è scoppiato il casino. Da quel
giorno sapevo che saremmo andati verso il momento della
dipartita''.
''Ma l'ultimo giorno lo abbiamo vissuto in tale pace…
Abbiamo parlato di tante cose. Mio marito era una
zattera con delle vele molto precarie. Ma andava
avanti…' Rivolgo un appello agli italiani: pensate a
queste cose. I malati non hanno solo il problema di
essere curati e assistiti bene'', ha poi detto la moglie
di Welby. Che spiega ancora: ‘’Sono una tirolese,
'asburgica' mi chiamava Piero. Nel 2002 – scandisce
-abbiamo conosciuto il Partito Radicale. Persone
eccellenti, come lo sono state poi quelle
dell'Associazione Luca Coscioni. Piergiorgio è diventato
radicale perché voleva portare avanti il discorso
dell'eutanasia. Solo quest'anno ho saputo che aveva
paura di morire soffocato, come Luca Coscioni. Non lo
voleva. Continuerò la sua battaglia per i diritti civili
– annuncia - anche se sono una semplice casalinga. Ma ho
fatto il liceo classico. Voglio continuare con l'aiuto
dei radicali e degli altri amici’’.
Raccontando quindi gli ultimi istanti di vita del
sessantunenne malato di distrofia muscolare
morto mercoledì alle 23,40, Mina Welby ha rivelato:
''Piergiorgio era commovente: chiamava i suoi amici per
salutarli. Era come il come il commiato di una famiglia
perché doveva andarsene, chiudere gli occhi. Ci ha fatto
pure ridere. A Marco ha detto: 'Vecchio bestione, ti
voglio bene'. 'Mi hai fregato', gli ha risposto lui. Poi
sono rimasta sola con lui e con il medico. Quello che il
medico ha fatto non lo voglio ripetere, lo ha raccontato
lui''. Poi Mina si commuove: ''Adesso - dice -
Piergiorgio è tranquillo. Festeggia il Natale e anche io
lo festeggio''.
''E' stato aperto un fascicolo da parte della Procura.
Ma per 'atti relativi a'. Marco Cappato e Mario Riccio
sono stati sentite come persone informate sui fatti, ma
non sono indagati. E al momento non ci sono ipotesi di
reato a loro carico'', ha chiarito stamane l'avvocato
Giuseppe Rosso Di Vita, legale dei gruppi
Radicali, durante la conferenza stampa al Partito
Radicale, dopo che il presiedente dell'Associazione Luca
Concioni e il medico anestesista che mercoledi' alle
23,40 ha 'staccato la spina' a Piergiorgio Welby erano
stati sentiti ieri dalla Digos. ''Ribadiamo l'assoluta
legalita' dell'intervento compiuto - ha rimarcato il
legale - è un atto che ha tutti i crismi della
legalita'. La Procura mira ad accertare il fatto, ma non
ci attendiamo esiti diversi dall'archiviazione del
procedimento''.
Da parte sua,
Mario Riccio, l'anestetista dell'Ospedale di
Cremona che ha 'staccato la spina' a Welby spiega
all'ADNKRONOS: ''Non sono andato a cuor leggero ad
ottemperare alle volonta' di Piergiorgio Welby, dicendo
'come va va'. Questo vorrei che fosse ben chiaro: credo
di essermi mosso nella legalità''.
Riccio, che ieri, insieme a Marco Cappato presidente
dell'Associazione Luca Coscioni, e' stato ascoltato
dalla Digos come persona informata sui fatti, aggiunge:
''Preciso che abbiamo approfondito la questione con
giuristi e filosofi. Mi sono convinto di agire in un
campo di legalità. Ora sarà il magistrato a decidere se
questo e' vero o no, ma sono sereno e in attesa di
capire gli eventi giudiziari''.
''Mi è dispiaciuto - fa sapere ancora Riccio - che
qualche giornale mi abbia dipinto come il medico
assolutamente sicuro che non ci fossero procedimenti
giudiziari dopo quello che ho fatto. Da parte mia non
c'e' alcuna sicumera. Temo, però, che questa voglia di
farmi apparire supponente ci sia. Ora attendo gli eventi
- conclude - sperando che non ci siano conseguenze
giudiziarie. Sarebbe la conferma che la nostra tesi è
giusta''.
Sul versante politico, invece, il vicepremier
Francesco Rutelli fa sapere: ''Ho un gran
rispetto per una vicenda umana così dolorosa e tuttavia
ho la convinzione che comunque nessuno ha o dovrebbe
avere il diritto di togliere la vita a un'altra
persona".