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Novos filmes italianos, no CCSP e no Cinemark Iguatemi

02/12/2006

Emanuele Crialese, diretor de Nuovomondo, produção vencedora do Leão de Prata como filme revelação e candidato italiano ao Oscar


Eventos que trazem longas como Nuovomondo, de Crialese, são organizados pela Embaixada da Itália e pela Câmara Ítalo-Brasilera de Indústria e Comercio
 

SÃO PAULO - Presença assídua nas salas brasileiras, nos anos 50 e 60, o cinema italiano encolheu tanto sua participação no mercado do País que hoje virou raridade. Por isso mesmo, parece falta de planejamento a realização simultânea de dois grandes eventos destinados a atualizar o cinéfilo paulistano com as novas tendências do cinema da terra de Luchino Visconti e Federico Fellini. A Embaixada da Itália e a Câmara Ítalo-Brasilera de Indústria e Comercio precisam acertar seus ponteiros, sob pena de virem a anular iniciativas importantes como o Veneza Cinema Italiano 2 e o Cinema Contemporâneo Italiano.

Em parceria com a Prefeitura de São Paulo e a Bienal de Veneza (e com patrocínio da Tim), a embaixada traz à cidade os filmes que integraram a seleção italiana no recente Festival de Veneza. O bom é que você pode ver os filmes de graça, tendo apenas de retirar, uma hora antes, o ingresso na Sala Lima Barreto, do Centro Cultural São Paulo. No segundo, no Cinemark Iguatemi, o preço é o normal do ingresso de shopping. A simultaneidade das duas iniciativas só é acidental na aparência. Há um conceito que o adido cultural da embaixada, Pietro Sferra Carini, define como ‘ação de sistema’. Uma contempla o cinema de autor; a outra, a produção mais comercial (mas nem por isso destituída de valor artístico). Juntas, compõem um quadro abrangente. O problema é que se chocam e obrigam o próprio espectador a fazer, a todo momento, a escolha de Sofia.

Alguns títulos se impõem, de sábado a domingo, nos dois eventos. Domingo, às 20h30, no CCSP, passa o novo filme de Vittorio De Seta, autor do excepcional Banditi a Orgosolo, Lettere dal Sahara será precedido, às 18h30, por Nuovomondo (Novo Mundo), de Emanuele Crialese, que concorre com Cinema, Aspirinas e Urubus, de Marcelo Gomes, à indicação para uma vaga no Oscar. No Iguatemi, passa sábado, às 19h30 e 21h30, Romanzo Criminale, de Michele Placido, que foi recebido a pedradas no Festival de Berlim, mas ganhou vários prêmios Nastro D’Argento e David di Donatello.

(© Agência Estado)


CLAQUETE

Brasil terá mostra com filmes do Festival de Veneza

Começa em São Paulo, mostra que também levará para o Rio de Janeiro e Brasília filmes exibidos este ano no Festival de Cinema de Veneza.

Acontece em São Paulo, até 4 de dezembro, a segunda edição do Venezia Cinema Italiano, com apresentações gratuitas no Centro Cultural São Paulo e no Cine Bombril. Serão sete filmes de diretores italianos exibidos na 63ª edição da Mostra Internacional de Arte Cinematográfica de Veneza, ocorrida em setembro deste ano. Um dos destaques é Nuovomondo (na foto), de Emanuele Crialese, produção vencedora do Leão de Prata como filme revelação e candidato italiano ao Oscar.

Dos sete longas-metragens que serão exibidos, seis são novos, enquanto Il Feroce Saladino, de 1937, foi restaurado. Todos foram exibidos no Festival de Veneza deste ano. A escolha dos seis filmes recentes recaiu por sua abordagem de temas bastante atuais, como a integração social e o relacionamento entre o individuo e a cidade. São eles: La Stella Che non c’è, Nuovomondo, Lettere dal Sahara, Quijote, Non prendere impegni stasera e Como l’ombra.

Nuovomondo, de Emanuele Crialese (2006, 120') trata de integração social, e mais precisamente de imigração, sob uma perspectiva histórica, mostrando a resolução e os sacrifícios de uma família de imigrantes italianos nos primeiros anos do século XX. Esta é uma imagem bem diferente daquela do final do século, que viu a Itália transformar-se em destino para os imigrantes africanos (tema de Lettere dal Sahara, de Vittorio de Seta, 2004, 123') ou dos países do Leste Europeu (Come l’ombra, de Marina Spada, 2006, 87'). Já em La stella che non c’è, de de Gianni Amelio, 2006, 104', o protagonista não é propriamente um migrante, ele mais parece um náufrago procurando o rumo certo, dirigido por sua consciência.

O significado metafórico da viagem encontra sua maior representação no filme Quijote do artista plástico e escritor Mimmo Paladino (2006, 75'), mostrando um percurso no imaginário do Hidalgo, que renasce e atua nas paisagens do Sannio na Itália.

A relação entre o indivíduo e a cidade está retratada em Come l’ombra, que mostra em uma deserta Milão, e seu abafado verão, a busca da protagonista por seu alter ego. Por sua vez, uma Roma desencantada abre seus braços aos sofrimentos e às esperanças das personagens de Non prendere impegni stasera, de Gianluca Tavarelli (2006, 96').

Em Il feroce Saladino, de Mario Bonnard, (1937 b/p, 94'), o personagem Saladino nasce como uma rara figurinha de uma conhecida fábrica de chocolates, que utilizou essas imagens adesivas como instrumento para a própria campanha publicitária. A dificuldade para se obter a figurinha de Saladino fez nascer o primeiro mito popular de comunicação de massa na Itália.

Depois de São Paulo, o Venezia Cinema Italiano I será realizado em Brasília (de 1° a 7 de dezembro no Cine Brasília) e no Rio de Janeiro (5 de dezembro e de 11 a 14 de dezembro no Cinema Odeon). A iniciativa tem o apoio da TIM, dos Institutos Italianos de Cultura em São Paulo e no Rio de Janeiro, do Governo do Distrito Federal, das Prefeituras das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, da Bolsa de Mercadorias e Futuros, do Grupo Estação e do Cinema Odeon.


Serviço:
Venezia Cinema Italiano II

* As sessões das 21 h são sempre no Espaço Bombril e as das 20h30 no Centro Cultural

Terça-feira 28/11
20h30 Quijote
21h La stella che non c’è

Quarta- feira 29/11
20h30 La stella che non c’è
21h Come l’ombra

Quinta-feira 30/11
20h30 Come l’ombra
21h Il Feroce Saladino

Sexta-feira 1/12
20h30 Non prendere impegni stasera
21h Quijote

Sábado 2/12
20h30 Il Feroce Saladino
21h Non prendere impegni stasera

Domingo 3/12
18h Nuovomondo
20h30 Lettere dal Sahara
21h Nuovomondo

Segunda-feira 4/12
21h Lettere dal Sahara

(© Carta Maior)

 

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