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Ex-premiê já foi julgado
outras sete vezes por acusações de corrupção |
O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi começa a ser
julgado nesta terça-feira em Milão, junto com outros 12 acusados de
fraudes fiscais e lavagem de dinheiro.
Aos 70 anos, Berlusconi ainda mantém a ambição de
retornar ao poder, após ter sido derrotado nas urnas em abril por Romano
Prodi.
O ex-premiê é o homem mais rico da Itália e ainda
mantém uma alta popularidade entre os eleitores da direita italiana, mas
enfrenta a Justiça a partir desta terça-feira para tentar limpar seu
nome.
Esta não é a primeira vez que ele
tem problemas com a Justiça. Durante seu período como primeiro-ministro,
ele foi julgado sete vezes por acusações de corrupção e foi condenado
quatro vezes em primeira instância, mas absolvido após apelação.
Sonegação
Entre os demais acusados no julgamento desta
terça-feira está o ex-advogado britânico de Berlusconi, David Mills.
Ex-marido da ministra da Cultura britânica, Tessa Jowell, Mills teria
ajudado Berlusconi a estabelecer uma rede de empresas em paraísos
fiscais no início dos anos 1990.
Os promotores dizem que essas empresas foram usadas
para comprar direitos sobre filmes americanos que depois foram vendidos
a preços inflacionados para a companhia de televisão de Berlusconi, a
Mediaset.
Esse teria sido um sistema complexo desenvolvido,
segundo eles, para permitir ao ex-premiê deixar de pagar milhões de
dólares em impostos.
Se forem considerados culpados, os acusados podem
ser condenados a penas de 4 a 12 anos de prisão.
Todos eles negam as acusações.
Em um julgamento separado, previsto para começar em
janeiro, Berlusconi e Mills também são acusados de tentar impedir o
curso da Justiça.
Mills teria recebido US$ 600 mil para não revelar
os detalhes sobre as companhias em paraísos fiscais durante dois
julgamentos nos quais testemunhou, em 1997 e 1998.
“Juízes comunistas”
Mas qualquer que seja o resultado dos julgamentos,
os especialistas dizem que é improvável que qualquer um dos acusados vá
para a cadeia.
Uma lei aprovada pelo governo de Berlusconi em 2005
facilita a defesa dos acusados ricos nos chamados crimes de colarinho
branco.
As mudanças na lei reduzem o tempo para que as
acusações de corrupção, fraude e falsa contabilidade expirem.
Em muitas das acusações que Berlusconi e os outros
réus enfrentam, os juízes têm um prazo de um ano para a condenação,
apesar de uma delas – lavagem de dinheiro – ainda permitir um tempo
maior para o julgamento.
As acusações não devem ter um impacto sobre as
pretensões políticas de Berlusconi de retornar ao poder pela terceira
vez. As acusações anteriores contra ele não foram capazes de reduzir sua
popularidade como líder da direita italiana.
A mídia italiana, em grande parcela propriedade de
Berlusconi, tradicionalmente tem dado pouca atenção às acusações contra
o ex-premiê, que sempre alegou que elas são obra de “juízes comunistas”
que querem arruinar sua carreira política
(©
BBC Brasil) |