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Morre o mestre do cinema italiano
Gillo Pontecorvo |
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O diretor italiano
Gillo Pontecorvo |
Auge de sua carreira foi com "A Batalha
de Argel", obra que lhe rendeu o Leão de Ouro do Festival de Veneza
Luiz Zanin Oricchio
SÃO PAULO - Gillo
Pontecorvo, diretor de clássicos do cinema político como "Queimada" e "A
Batalha de Argel", morreu na quinta-feira, no hospital Policlínico
Agostino Gemelli de Roma, aos 86 anos. A causa da morte não foi
divulgada. Gillo nasceu em Pisa, em 1919, estudou química, mas acabou
dedicando-se ao jornalismo. Provavelmente dessa experiência vem o
caráter documental de suas obras. Ele ganhou o Leão de Ouro do Festival
de Veneza com "A Batalha de Argel".
Apesar da filmografia relativamente
pequena, Gillo Pontecorvo era considerado um dos cineastas mais
importantes do pós-guerra italiano. Imprimiu a seu trabalho um sentido
político bastante marcado por sua proximidade com o Partido Comunista
Italiano, ao qual se filiou em 1940, tendo participado da luta
antifascista entre os anos 1943 e 1945. Com o fim da guerra, orientou-se
em direção ao cinema.
As duas obras que o colocam em
qualquer antologia de obras-primas cinematográficas são "A Batalha de
Argel" (1966) e "Queimada" (1971). Na verdade, são duas variantes sobre
o mesmo tema: o colonialismo e a luta pela emancipação dos povos
dominados.
"A Batalha de Argel" é quase um
documentário, até mesmo na maneira como foi concebida. O guerrilheiro
argelino Saadi Yacef, um dos dirigentes da Frente de Libertação Nacional
da Argélia, foi preso durante a repressão francesa e condenado à morte.
Com a pena comutada por De Gaulle, cumpriu sentença e foi solto. Na
cadeia, escreveu o roteiro de um filme e, depois de libertado, levou-o a
Pontecorvo. O italiano leu, disse que a idéia era ótima, mas o texto não
prestava. Precisavam de um roteirista profissional, e assim foi feito.
Yacef tornou-se consultor do filme e indicou pessoas que haviam
participado da luta para trabalhar como atores. Isso deu ao filme uma
autenticidade rara. Com esse trabalho, Pontecorvo ganhou o Leão de Ouro
do Festival de Veneza de 1966.
"Queimada", com Marlon Brando no papel
principal, é uma espécie de manual sobre o modo de funcionamento do
colonialismo. Numa ilha fictícia, dá uma demonstração brilhante de como
as potências coloniais, de qualquer período histórico, agem para manter
sob seu domínio os povos colonizados.
"Queimada" de vez em quando passa na
TV por assinatura. "A Batalha de Argel" foi lançado em DVD pela Video
Filmes, uma edição repleta de extras, inclusive uma entrevista com o ex-
guerrilheiro Saadi Yacef.
(©
Agência Estado)
Diretor italiano Gillo Pontecorvo, de "A Batalha
de Argel", morre aos 86 em Roma
ROMA, 13 out (AFP) - O diretor
italiano Gillo Pontecorvo, ganhador do Leão de Ouro em Veneza em 1966
com "A batalha de Argel", morreu na noite da
quinta-feira em Roma aos 86 anos, anunciou a agência italiana Ansa.
Casado e pai de três filhos, o cineasta morreu no hospital Gemelli de
Roma, indicou a agência, sem precisar a causa do morte.
Pontecorvo é considerado um dos cineastas italianos mais importantes do
pós-Guerra. Foi indicado ao Oscar e dirigiu o ator norte-americano
Marlon Brando em "Queimada" (1971).
Nascido em 1919 na cidade toscana de Pisa, Pontecorvo estudou química
antes de se dedicar ao jornalismo. No início dos anos quarenta filiou-se
ao Partido Comunista italiano e participou da resistência antifascista
de 1943 a 1945.
Correspondente em Paris de vários jornais italianos depois da guerra,
começou no cinema como ajudante do diretor francês Yves Allégret.
Divulgação
Cena de "A batalha de Argel", Leão de Ouro no Festival de Veneza
de 1966 |
Seu primeiro longa-metragem, "A grande estrada Azul" (1957), mostra um
povoado de pescadores onde Yves Montand luta para sustentar sua família.
Três anos mais tarde, Pontecorvo conta em "Kapo" a história de uma judia
que se transformou em auxiliar dos nazistas num campo de concentração.
Em 1965, "A Batalha de Argel" consagra o diretor.
Filmada e co-produzida com o argelino Saadi Yacef, ex-dirigente da FLN,
a história mostra de maneira equilibrada e realista a luta dos
pára-quedistas franceses contra os homens da FLN em 1958. Proibido por
muito tempo na França, "A batalha de Argel" ganhou o Leão de Ouro no
Festival de Veneza em 1966.
Em seu filme seguinte, "Queimada" (1971), Pontecorvo dirige Marlon
Brando e aborda novamente o tema do colonialismo.
O diretor italiano ficou dez anos sem dirigir e voltou ao cinema com
"Ogro", filmado na Espanha e que conta a preparação e execução pelo ETA,
em Madri, de um atentado em 1973 contra o almirante Carrero Blanco.
(©
UOL Cinema)
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