|
|
|
Brasileiros deverão ser julgados
na Itália |
26/10/2000
A Justiça italiana deverá iniciar em dezembro um julgamento envolvendo
11 autoridades brasileiras, entre militares e policiais, que estavam na
ativa no final dos anos 70 e início dos 80. Entre os réus do possível
procedimento estão o ex-chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações)
Octávio Medeiros e o general Euclydes Figueiredo Filho, irmão do
presidente João Figueiredo (79 a 85).
O julgamento ocorrerá devido a acusações de participação das autoridades
no desaparecimento de três argentinos com ascendência italiana, naquilo que é conhecido
como Operação Condor -o intercâmbio entre os aparatos repressivos sul-americanos nos
anos 70 e 80. Além dos brasileiros, deverão ser julgados argentinos, chilenos e
paraguaios.
A Justiça italiana ainda não confirmou quando será o julgamento.
"São eles que fazem o que nossos países deveriam fazer", disse ontem a
argentina Claudia Allegrini, espécie de líder dos parentes de desaparecidos políticos
argentinos no Brasil.
Claudia é mulher de Lorenzo Ismael Viñas, que foi visto pela última vez em
Uruguaiana (no Rio Grande do Sul), em julho de 1980. Os outros dois argentinos
descendentes de italianos que desapareceram no Brasil e são motivo do envolvimento de
autoridades nacionais são Horacio Domingos Campiglia e Mónica Susana Pinus de Binstock
(desaparecidos no Rio de Janeiro em março de 1980).
Claudia foi a responsável pelo acionamento da Justiça italiana em março do
ano passado. A condução do processo será feita pelo procurador Giancarlo Capaldo.
Os outros brasileiros implicados, que, na época, estavam na ativa, são: o
coronel Carlos Alberto Ponzi, o ex-superintendente da Polícia Federal no Rio Agnello de
Araújo Britto, o ex-secretário de Segurança do Rio Edmundo Murgel, o ex-comandante do
3º Exército Antônio Bandeira; o general Henrique Domingues; o coronel Luís Macksen de
Castro Rodrigues; o ex-secretário de Segurança João Leivas Job; o ex-diretor da DCI
(Divisão Central de Informações) Átila Rohrsetzer e o ex-delegado gaúcho Marco
Aurélio da Silva Reis.
Eles deverão receber, nos próximos dias, cartas rogatórias. Se isso não
ocorrer, poderá haver o julgamento à revelia, ou seja, sem a presença dos réus. A
Justiça italiana deverá acionar a Interpol, o que poderá levar à prisão dos réus
caso eles deixem o Brasil. (Léo Gerchmann, AF)
|
|
|
|
|
|
|