BRASÍLIA e RIO. O ministro da Justiça, José Gregori, assinou ontem o
pedido de extradição do banqueiro Salvatore Cacciola, pivô do escândalo
financeiro envolvendo os bancos Marka e FonteCindam. Foragido da Justiça
há quase três meses, Cacciola estaria escondido na Itália.
O pedido de extradição, que será publicado hoje no Diário Oficial da
União (DOU), será enviado pelo Itamaraty à Justiça italiana na próxima semana e deve
ser julgado em 20 dias a partir da data do recebimento, podendo esse prazo ser prorrogado
por igual período.
O Brasil tem tratado de extradição com a Itália desde 1989. Do lado
brasileiro, o tratado veda liminarmente extradição de nacionais, mas, do lado italiano,
o texto prevê que a extradição é possível, em circunstâncias especiais. Como as
relações do Brasil com a Itália são consideradas excelentes em termos de combate ao
crime organizado, Gregori acredita que o pedido tem chances de ser aceito.
A cada dia, o Brasil extradita, em média, dez estrangeiros, por motivos
diversos. A Itália é um dos países com maior número de pedidos aceitos. Graças à
colaboração brasileira, a Justiça italiana conseguiu desmantelar grandes organizações
mafiosas.
É baseado nessa boa relação entre os dois países que o procurador
Arthur Gueiros também avalia que são grandes as chances de o Governo italiano aceitar o
pedido de extradição. Em caso de recusa, observou Gueiros, seria aberto na Justiça
italiana um processo semelhante ao que está tramitando no Brasil. Mesmo assim, o
procurador afirmou que Cacciola, caso venha a ser localizado, responderá pelo processo,
preso.
- A Justiça italiana é muito rígida no que diz respeito a crimes do
colarinho branco - disse.
Ao tomar conhecimento da decisão do Ministério da Justiça, o advogado
de defesa de Cacciola no Brasil, José Carlos Fragoso, aparentou tranqüilidade.
- Acho ótimo que o Governo brasileiro tenha tomado essa decisão. Com
isso, o Alberto Cacciola será julgado sem o estardalhaço que envolveu o caso no Brasil -
avaliou.
Fragoso disse, ainda, que está aguardando de um advogado na Itália o
atual endereço de Cacciola. (Vannildo Mendes e Gilberto Lima Filho, OG)