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Memorial revela Vespúcio entre Florença e Brasil

04/10/2000

 

 

A mostra "Américo Vespúcio entre Florença e o Brasil", que se abre a partir de amanhã para o público, no Memorial da América Latina, é uma ótima oportunidade para avaliar a participação dos italianos no reconhecimento e descoberta do Brasil.

   A exposição traz um conjunto de 19 obras, entre quadros, desenhos, reproduções fotográficas e mapas, além de dois instrumentos de navegação: um astrolábio náutico do século 18 e um compasso náutico do século 16. O acervo é proveniente de museus e bibliotecas florentinas.

   Ricardo Fontana, historiador italiano, explica que a historiografia portuguesa, por razões políticas e econômicas, relegou a um papel discreto a contribuição italiana na expansão ultramarina. "Foi muito grande e significativa a contribuição para a oficialização científica da descoberta do Brasil dada por geógrafos e cartógrafos italianos", diz o historiador italiano.

   Entre 1499 e 1502, Vespúcio foi o descobridor da rota sul-sudoeste, inovadora com referência à clássica rota oeste aberta por Cristóvão Colombo, em 1492, em nome da Espanha.

   Em nome de Portugal, o florentino descobriu a existência do Hemisfério Sul, a quarta parte do mundo até então imaginável. Apresentou, além disso, os primeiros relatórios sobre a América do Sul, as novidades climatológicas e meteorológicas, anotações sobre a impressionante fauna tropical (alguns desenhos podem ser vistos na mostra) e, sobretudo, sobre as exuberantes manifestações da flora e da vegetação florestal e da botânica, em seus aspectos alimentares e medicinais.

  Uma dessas contribuições poderá ser vista na reprodução do mapa de Alberto Cantino, de 1502. O mapa é considerado a mais antiga carta geofísica e geopolítica do recém-descoberto Brasil. Ele é também, segundo Fontana, a reprodução das informações e desenhos realizados por Vespúcio em suas viagens pela costa brasileira. O navegador florentino era o único autorizado pelo rei de Portugal a demonstrar, tecnicamente, a conjunção da terra por ele mesmo descoberta, durante a expedição de 1499, com a latitude de Porto Seguro, no sul da Bahia.

   O veneziano Alberto Cantino, agente diplomático e embaixador do duque de Ferrara em Lisboa, foi quem encomendou essa obra na capital lusa. A carta foi confeccionada por um desconhecido cartógrafo português. O trecho da costa brasileira foi posteriormente corrigido com o auxílio de Vespúcio.

   Deve-se ao florentino também os primeiros nomes da terra chamada Brasil: Bahia, onde aportou pela primeira vez no dia 1º de novembro de 1501; Porto Seguro, comprovando oficialmente que existia aquele local assinalado por Cabral e descrito por Caminha; e Rio do Brasil, a 23 km ao sul de Porto Seguro e a 3 km ao norte de Trancoso, hoje denominado rio da Barra.

   "Foi Vespúcio quem definiu todos os nomes das costas sul-americanas desde a Venezuela (pequena Veneza) até o litoral brasileiro, em toda a sua extensão.

   E não por capricho ou presunção, mas simplesmente porque era essa sua função e o seu papel como cosmógrafo e geógrafo da frota, por determinação das autoridades do reino português", explica Fontana.

   O acervo de informações erguido por Vespúcio foi analisado durante cinco anos pelo frade e cartógrafo alemão Martin Waldseemüller. Foi ele quem denominou aquela até então desconhecida parte do mundo com o nome de América.

Serviço

Américo Vespúcio entre Florença e Brasil', de terça a domingo, das 9 h às 19 horas. No Memorial da América Latina - Galeria Marta Traba de Arte, Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Portão 5. Entrada franca. Até 26 de outubro. Abertura hoje, às 19h30

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