A exposição traz um conjunto de 19
obras, entre quadros, desenhos, reproduções fotográficas e mapas, além de dois
instrumentos de navegação: um astrolábio náutico do século 18 e um compasso náutico
do século 16. O acervo é proveniente de museus e bibliotecas florentinas.
Ricardo Fontana, historiador italiano, explica que a historiografia
portuguesa, por razões políticas e econômicas, relegou a um papel discreto a
contribuição italiana na expansão ultramarina. "Foi muito grande e significativa a
contribuição para a oficialização científica da descoberta do Brasil dada por
geógrafos e cartógrafos italianos", diz o historiador italiano.
Entre 1499 e 1502, Vespúcio foi o descobridor da rota sul-sudoeste,
inovadora com referência à clássica rota oeste aberta por Cristóvão Colombo, em 1492,
em nome da Espanha.
Em nome de Portugal, o florentino descobriu a existência do Hemisfério
Sul, a quarta parte do mundo até então imaginável. Apresentou, além disso, os
primeiros relatórios sobre a América do Sul, as novidades climatológicas e
meteorológicas, anotações sobre a impressionante fauna tropical (alguns desenhos podem
ser vistos na mostra) e, sobretudo, sobre as exuberantes manifestações da flora e da
vegetação florestal e da botânica, em seus aspectos alimentares e medicinais.
Uma dessas contribuições poderá ser vista na reprodução do mapa de Alberto
Cantino, de 1502. O mapa é considerado a mais antiga carta geofísica e geopolítica do
recém-descoberto Brasil. Ele é também, segundo Fontana, a reprodução das
informações e desenhos realizados por Vespúcio em suas viagens pela costa brasileira. O
navegador florentino era o único autorizado pelo rei de Portugal a demonstrar,
tecnicamente, a conjunção da terra por ele mesmo descoberta, durante a expedição de
1499, com a latitude de Porto Seguro, no sul da Bahia.
O veneziano Alberto Cantino, agente diplomático e embaixador do duque de
Ferrara em Lisboa, foi quem encomendou essa obra na capital lusa. A carta foi
confeccionada por um desconhecido cartógrafo português. O trecho da costa brasileira foi
posteriormente corrigido com o auxílio de Vespúcio.
Deve-se ao florentino também os primeiros nomes da terra chamada Brasil:
Bahia, onde aportou pela primeira vez no dia 1º de novembro de 1501; Porto Seguro,
comprovando oficialmente que existia aquele local assinalado por Cabral e descrito por
Caminha; e Rio do Brasil, a 23 km ao sul de Porto Seguro e a 3 km ao norte de Trancoso,
hoje denominado rio da Barra.
"Foi Vespúcio quem definiu todos os nomes das costas sul-americanas
desde a Venezuela (pequena Veneza) até o litoral brasileiro, em toda a sua extensão.
E não por capricho ou presunção, mas simplesmente porque era essa sua
função e o seu papel como cosmógrafo e geógrafo da frota, por determinação das
autoridades do reino português", explica Fontana.
O acervo de informações erguido por Vespúcio foi analisado durante
cinco anos pelo frade e cartógrafo alemão Martin Waldseemüller. Foi ele quem denominou
aquela até então desconhecida parte do mundo com o nome de América.
Serviço