Morreu ontem o artista plástico e
chargista Edmondo Biganti, que foi, por 28 anos, responsável por desenhos que
satirizavam, enalteciam ou apenas ilustravam fatos publicados pelo Estado. Biganti nasceu
em 1918, na Itália, e chegou ao Brasil em 1954. Na Europa, já havia vencido diversos
concursos com suas ilustrações e em 1956 foi o escolhido para ser chargista do Estado. O
artista também se destacou pintando aquarelas com motivos brasileiros, como as favelas do
Rio e as igrejas barrocas de Ouro Preto.
No Estado, seu trabalho acompanhou notícias
que marcaram época, como a chegada do homem à Lua, o escândalo de Watergate e
tragédias como a dos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972.
"Os primeiros anos foram bastante significativos, pois me deram a
oportunidade de caricaturar Adhemar de Barros e Jânio Quadros, personagens polêmicos de
uma época que permitia maior liberdade para o chargista", disse Biganti, ao se
aposentar em 1984.
Naquele ano, resolveu voltar para a Itália, mas fazia questão de afirmar
que não esqueceria o País. "O Brasil já faz parte de mim." Biganti viu a
aposentadoria como uma oportunidade de se dedicar apenas à pintura.
O jornalista Frederico Branco, que morreu há apenas 22 dias e trabalhou
durante anos com o chargista, escreveu, na época, que Biganti deixaria "não apenas
a lembrança do excelente profissional que sempre foi como centenas de fragmentos da
própria história, que tão bem soube interpretar e transferir para o papel."
Biganti acabou voltando para São Paulo, onde morreu, aos 82 anos, vítima
de enfarte na manhã de ontem. Ele sofria de insufiência respiratória. (OESP)
(©
Folha de S. Paulo)