Central sindical diz que um milhão de trabalhadores cruzaram os
braços
DA REDAÇÃO
Uma greve geral contra as reformas da lei trabalhista e contra a política
econômica do governo italiano paralisou o país nesta sexta-feira, 18 de outubro.
Por cerca de oito horas, manifestantes protestaram nas principais cidades
da Itália. Em Milão, cerca de 250 mil trabalhadores foram às ruas, segundo os
organizadores do movimento.
Em Turim, 70% dos operários da Fiat pararam. Em Roma, o índice de adesão ao movimento
teria alcançado 100% dos empregados da Ericcson.
A paralisação também causou transtornos nos transportes. Os serviços
de trens e de ônibus foram atingidos e a companhia aérea italiana Alitalia cancelou mais
de 200 vôos.
Para o governo, entretanto, o alcance dos protestos ficou restrito a
membros da CGIL, a maior central sindical do país, que representa cerca de 6 milhões de
trabalhadores.
Segundo a CGIL, em todo o país aproximadamente um milhão de
trabalhadores dos mais diversos setores cruzaram os braços.
Entretanto, em entrevista concedida à agência Reuters ontem, o ministro
do Trabalho, Roberto Maroni, declarou que o impacto da greve foi pouco expressivo, o que
confirmaria, segundo ele, o isolamento da posição da CGIL.
Em nota divulgada ontem, o ministro italiano declarou que a greve atingiu
no máximo 25% dos trabalhadores italianos. Os sindicatos UIL e CISL corroboram os
cálculos do governo.
Já a para a CGIL, a adesão foi de 60%. Em abril deste ano, o sindicato
organizou outra greve geral.
Caldeirão de queixas
Segundo a CGIL, a greve geral foi impulsionada pelo descontentamento com a
crise da Fiat e com a desunião entre as principais lideranças sindicais do país.
Críticas à política de austeridade fiscal do governo, que fez cortes no
orçamento também ajudam a compor o quadro de queixas.
Porém o principal objetivo da greve era protestar contra a reforma do
artigo 18 do código trabalhista articulada pelo primeiro-ministro italiano Silvio
Berlusconi no chamado "Pacto pela Itália".
De acordo com o artigo em vigor, as empresas são obrigadas a readmitir
qualquer pessoa demitida sem justa causa.
Para as companhias italianas a inflexibilidade desse estatuto engessa o
mercado de trabalho, já que é quase impossível demitir funcionários sem entrar em
longas e complexas negociações com sindicatos.
A CGIL sustenta, porém, que flexibilizar o artigo 18 traria instabilidade
para os trabalhadores italianos e causaria desemprego no país.
O governo italiano rebate esse argumento e afirma que a reforma vai
alavancar o desenvolvimento industrial italiano.
(© Folha de S. Paulo)
Morgan Stanley deve ajudar a
Fiat na crise |
DA REPORTAGEM LOCAL O Tesouro italiano apontou o banco de investimentos
Morgan Stanley para ajudar a conter a crise na montadora Fiat, a maior empregadora da
Itália.
Os funcionários da fabricante italiana de
veículos entraram novamente em greve na sexta-feira, protestando contra a política
econômica geral do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Essa é apenas mais uma greve das muitas
ocorridas nos últimos meses e, por isso, o governo, que estudava assumir parte do
controle da empresa, desistiu da operação.
O Morgan Stanley foi nomeado ontem pelo
governo para auxiliar a empresa a sair da crise em que está. Segundo o Tesouro italiano,
o governo quer que o banco "monitore a sustentabilidade financeira do grupo
Fiat". Não foram dadas, porém, mais informações a respeito da atuação que o
Morgan Stanley deverá ter na montadora.
A previsão é que a Fiat tenha um prejuízo
de mais de 1 bilhão neste ano. Segundo a revista italiana de economia "Il
Mondo", mais de um terço do estoque de capital da divisão automotiva do grupo
evaporou desde a recapitalização de 1,8 bilhão, realizada pela empresa entre maio e
junho.
(© Folha de S. Paulo) |