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Itália pára contra reforma trabalhista

19/10/2002

Manifestantes protestam no centro de Bolonha durante a greve geral que parou a Itália  Giorgio Benvenuti/France Press

 

Central sindical diz que um milhão de trabalhadores cruzaram os braços

DA REDAÇÃO

   Uma greve geral contra as reformas da lei trabalhista e contra a política econômica do governo italiano paralisou o país nesta sexta-feira, 18 de outubro.

   Por cerca de oito horas, manifestantes protestaram nas principais cidades da Itália. Em Milão, cerca de 250 mil trabalhadores foram às ruas, segundo os organizadores do movimento.

   Em Turim, 70% dos operários da Fiat pararam. Em Roma, o índice de adesão ao movimento teria alcançado 100% dos empregados da Ericcson.

   A paralisação também causou transtornos nos transportes. Os serviços de trens e de ônibus foram atingidos e a companhia aérea italiana Alitalia cancelou mais de 200 vôos.

   Para o governo, entretanto, o alcance dos protestos ficou restrito a membros da CGIL, a maior central sindical do país, que representa cerca de 6 milhões de trabalhadores.

   Segundo a CGIL, em todo o país aproximadamente um milhão de trabalhadores dos mais diversos setores cruzaram os braços.

   Entretanto, em entrevista concedida à agência Reuters ontem, o ministro do Trabalho, Roberto Maroni, declarou que o impacto da greve foi pouco expressivo, o que confirmaria, segundo ele, o isolamento da posição da CGIL.

   Em nota divulgada ontem, o ministro italiano declarou que a greve atingiu no máximo 25% dos trabalhadores italianos. Os sindicatos UIL e CISL corroboram os cálculos do governo.

   Já a para a CGIL, a adesão foi de 60%. Em abril deste ano, o sindicato organizou outra greve geral.

Caldeirão de queixas

   Segundo a CGIL, a greve geral foi impulsionada pelo descontentamento com a crise da Fiat e com a desunião entre as principais lideranças sindicais do país.

   Críticas à política de austeridade fiscal do governo, que fez cortes no orçamento também ajudam a compor o quadro de queixas.

   Porém o principal objetivo da greve era protestar contra a reforma do artigo 18 do código trabalhista articulada pelo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi no chamado "Pacto pela Itália".

   De acordo com o artigo em vigor, as empresas são obrigadas a readmitir qualquer pessoa demitida sem justa causa.

   Para as companhias italianas a inflexibilidade desse estatuto engessa o mercado de trabalho, já que é quase impossível demitir funcionários sem entrar em longas e complexas negociações com sindicatos.

   A CGIL sustenta, porém, que flexibilizar o artigo 18 traria instabilidade para os trabalhadores italianos e causaria desemprego no país.

   O governo italiano rebate esse argumento e afirma que a reforma vai alavancar o desenvolvimento industrial italiano.

(© Folha de S. Paulo)

Morgan Stanley deve ajudar a Fiat na crise
DA REPORTAGEM LOCAL

   O Tesouro italiano apontou o banco de investimentos Morgan Stanley para ajudar a conter a crise na montadora Fiat, a maior empregadora da Itália.

   Os funcionários da fabricante italiana de veículos entraram novamente em greve na sexta-feira, protestando contra a política econômica geral do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

   Essa é apenas mais uma greve das muitas ocorridas nos últimos meses e, por isso, o governo, que estudava assumir parte do controle da empresa, desistiu da operação.

   O Morgan Stanley foi nomeado ontem pelo governo para auxiliar a empresa a sair da crise em que está. Segundo o Tesouro italiano, o governo quer que o banco "monitore a sustentabilidade financeira do grupo Fiat". Não foram dadas, porém, mais informações a respeito da atuação que o Morgan Stanley deverá ter na montadora.

   A previsão é que a Fiat tenha um prejuízo de mais de 1 bilhão neste ano. Segundo a revista italiana de economia "Il Mondo", mais de um terço do estoque de capital da divisão automotiva do grupo evaporou desde a recapitalização de 1,8 bilhão, realizada pela empresa entre maio e junho.

(© Folha de S. Paulo)

 

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