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Festival de Veneza começa com obra de Giuseppe Tornatore

01/09/2009

Fotos: Divulgação

''Baaria'', de Giuseppe Tornatore (Itália), abre o Festival de Veneza
 

VENEZA - O festival de Veneza começa nesta quarta-feira com um dos grandes nomes do cinema italiano, Giuseppe Tornatore, que compete com "Baaria" ao lado de consagrados cineastas europeus e americanos.

Pela primeira vez em duas décadas, a Mostra será inaugurada com um longa italiano, de Tornatore, que venceu o Oscar de filme estrangeiro em 1990 por "Cinema Paradiso", que nesta ocasião retorna para sua natal Sicília para narrar um drama épico com tintas autobiográficas.

"Ri e também chorei com este filme, que representa o melhor do 'made in Italy' e, tenho certeza, viajará por todo o mundo", afirmou o diretor da Mostra de Veneza, Marco Müller.

O programa da 66ª edição do Festival de Veneza, que acontecerá de 2 a 12 de setembro, inclui nas duas sessões mais importantes 48 filmes, 24 deles na competição oficial pelo Leão de Ouro e 24 na mostra Horizontes.

O Brasil tem dois representantes, ambos na mostra paralela Horizontes: "Viajo porque preciso, volto porque te amo", de Marcelo Gomes e Karim Ainouz, e "Insolação", de Daniela Thomas e Felipe Hirsch.

Na briga pelo Leão de Ouro serão exibidos quatro filmes italianos, com destaque para Il Grande Sogno" ("O Grande Sonho") do ator e diretor Michele Placido, que também aborda um tema autobiográfico, o legandário ano de 1968 e seus movimentos de protesto, além de três franceses e seis americanos.

O cinema francês estará representado por autores exigentes, entre eles o veterano Jacques Rivette, figura chave da Nouvelle Vague, de 81 anos, que liga os destinos de Jane Birkin e Sergio Castellito em "36 vues du Pic Saint Loup".

O cinema americano independente, que tradicionalmente lança seus filmes na Europa a partir de Veneza, estará presente com 17 longas, seis em competição.

"Um cinema amplo e variado", assim definiu a edição deste ano Müller, que convidou para presidir o júri o premiado e oscarizado cineasta chinês-americano Ang Lee.

Cineastas com estilos diferentes integram o programa, qualificado por Müller de "justo, o que sempre quis realizar", combinando um cinema rebuscado e original, com obras que vão desde o terror, com o mestre do gênero George Romero ("Survival of the Dead"), até a política, com o polêmico documentarista Michael Moore ("Capitalism: A love story").

"Levo ao Lido o lado obscuro do capitalismo, as mentiras e o fracasso do livre mercado", afirma Moore ("Tiros em Columbine" e "Fahrenheit 11 de Setembro"), que se recusou a exibir o filme até o momento para evitar boicotes pela denúncia contra os poderosos grupos econômicos e financeiros, responsáveis pelo colapso da economia mundial.

O alemão Werner Herzog também está na disputa pelo Leão de Ouro, com o drama policial "Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans", protagonizado por Nicolas Cage, ao lado de diretores de países como Israel, Egito e Sri Lanka, que pela primeira vez competem em Veneza.

Entre os filmes políticos que geram mais expectativa figuram "Videocracy", do ítalo-sueco Erik Gandini, uma acusação contra o poder midiático do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, e "South of the border", o documentário do americano Oliver Stone sobre o presidente venezuelano Hugo Chávez.

Para o tradicional desfile pelo tapete vermelho são esperadas estrelas do cinema como George Clooney, Matt Damon, Charlize Theron, Viggo Mortensen, Julianne Moore, Diane Krugger, Isabelle Huppert e Monica Bellucci.

O festival chegará ao fim em 12 de setembro, depois de conceder o Leão à carreira ao americano John Lasseter, diretor e fundador do estúdio Pixar, responsável por vários sucessos de público e crítida no campo da animação.

A maioria dos filmes em Veneza serão exibidos em estreia mundial, como o primeiro longa do estilista da Gucci, Tom Ford, que compete com "A single man", com Julianna Moore, uma história de homossexualidade centrada em um professor britânico que perde o companheiro depois de 16 anos de união.

(© UOL Cinema)


VÍDEO

Baaria - trailer

 


Veneza se entrega ao cinema em 3D

Festival internacional começa amanhã sua 66ª edição e abre espaço inédito ao filão que é a grande aposta da indústria

Seleção variada do diretor Marco Müller reúne 75 longas e atende tanto o cinema autoral quanto as produções de Hollywood

LEONARDO CRUZ
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

A mostra de cinema mais antiga do mundo começa amanhã com os pés no futuro. Em sua 66ª edição, Veneza investe no cinema em 3D e reserva a tais filmes espaço inédito em um grande festival internacional.

Cannes já havia acenado ao formato ao exibir "Up - Altas Aventuras" em 3D na abertura do festival deste ano. Mas Veneza foi mais fundo. Criou um prêmio especial ao 3D, homenageará um estúdio que investe cada vez mais na técnica e exibirá, até o próximo dia 12, oito longas-metragens que utilizam imagens em três dimensões.

"Vivemos uma revolução no campo visual e digital que não pode ser ignorada", disse Marco Müller, diretor do Festival de Veneza, ao justificar o interesse pelo 3D. O filão é a aposta atual de Hollywood, pois permite cobrar mais pelos ingressos e ainda é imune à pirataria.

"Quando vi "The Hole", percebi o que significa usar a tridimensionalidade para criar um verdadeiro corredor de acesso a um mundo paralelo. É um filme em que o 3D é fundamental. Não existiria em 2D", declarou Müller à imprensa italiana na semana passada.

O suspense juvenil "The Hole", do veterano cineasta americano Joe Dante ("Gremlins", 1984), terá sua estreia mundial em Veneza e é um dos 12 longas que disputarão o prêmio de melhor filme em 3D do ano -muitos já estão em cartaz, como "A Era do Gelo 3".

Outro foco do 3D em Veneza estará na homenagem da mostra ao diretor e produtor John Lasseter e a seus colegas da Disney/Pixar. Ele receberá de George Lucas um Leão de Ouro especial pela carreira e apresentará as versões em 3D de "Toy Story 1" e "Toy Story 2", bem como trechos inéditos do terceiro filme da franquia.

Além de produções dos grandes estúdios dos EUA, haverá duas animações italianas e uma japonesa que exploram o 3D. "Daimon" e "Cock-crow", de David Zamagni e Nadia Ranocchi, usam uma técnica que dá à imagem um aspecto de baixo relevo. Já o japonês Rintaro mistura 2D e 3D no infantil "Yona Yona Penguin".

Estrelas e autores

Novidades técnicas à parte, o Festival de Veneza apresentará 75 longas em suas quatro divisões: Veneza 66 (a competição pelo Leão de Ouro), Horizontes (a mostra de cinema mais experimental), Contracampo Italiano (reservada à produção local) e os filmes fora de competição.

Como nos últimos anos, a seleção do diretor Marco Müller atende tanto Hollywood quanto o cinema autoral, numa salada cinematográfica que leva ao Lido astros como os americanos George Clooney e Ewan McGregor, que estão em "The Man Who Stares at Goats", e diretores consagrados como o francês Jacques Rivette, com "36 Vues du Pic Saint Loup", e o alemão Werner Herzog, com a refilmagem de "Vício Frenético" (1992), de Abel Ferrara.

A mistura de Müller fica evidente em dois tributos: Sylvester Stallone receberá o Prêmio Jaeger-LeCoultre, dedicado a artistas que marcam o cinema, e Akira Kurosawa, que faria cem anos em 2010, será tema de um painel internacional.

Os filmes de gênero também ganham destaque na seleção. George Romero disputa pela primeira vez o prêmio principal de um grande festival -seus zumbis passearão pelo Lido em "Survival of the Dead".
Outro horror na briga pelo Leão de Ouro é "Tetsuo, the Bullet Man", do japonês Shinya Tsukamoto, terceira parte de um trilogia ciberpunk, sobre o conflito homem-máquina.

A reserva de mercado italiana também é clara -quatro filmes nacionais concorrem ao Leão, incluindo "Baarìa", de Giuseppe Tornatore, longa que abrirá o evento amanhã à noite.

BRASILEIROS VÃO À SEÇÃO HORIZONTES


Simone Spoladore e Antônio Medeiros aparecem em cena
de "Insolação", filme brasileiro que participa de Horizontes

Dois longas e um curta nacionais participam da 66ª edição do Festival de Veneza. "Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo", de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, e "Insolação", de Felipe Hirsch e Daniela Thomas, estão na Horizontes, a seção competitiva do festival dedicada a filmes que experimentam mais, tanto na temática quanto na linguagem. Já a disputa internacional de curtas terá "O Teu Sorriso", de Pedro Freire.

Em evento paralelo, o cineasta Walter Salles será homenageado com o Prêmio Bresson, que há dez anos é entregue pela revista "Cinematografo" e por uma fundação cultural.

(© Folha de S. Paulo)


Festival de Veneza: Aposta na crise e no glamour

Carlos Helí de Almeida, Jornal do Brasil

VENEZA - Definitivamente, a programação da 66ª edição do Festival de Veneza, que começa amanhã com a exibição de Baaria – La porta del vento, do italiano Giuseppe Tornatore, promete apagar as péssimas lembranças do ano anterior, marcada por filmes frágeis e carência de brilho hollywoodiano. Os próprios organizadores avisam que a seleção desse ano é a mais variada, em termos de nacionalidades e talentos, desde a de 2004, que deu à produção inglesa O segredo de Vera Drake, de Mike Leigh, o Leão de Ouro daquele ano.

Pelo menos seis dos 24 títulos que concorrem ao prêmio máximo são americanos; outros três serão exibidos fora de concurso. Desse total, dois refletem (ou brincam, dependendo da perspectiva de cada um) com a crise econômica americana (e, em conseqûencia, mundial): o documentário Capitalism: a love story, de Michael Moore, que disputa o troféu de Melhor Filme, e o thriller cômico The informant!, de Steven Soderbergh, do grupo de hors concours.

– Todos pensavam que a greve dos roteiristas americanos (que se estendeu entre o final de 2007 ao início de 2008) e a decadência financeira haviam paralisado o cinema dos Estados Unidos. Este ano, ao contrário, nós encontramos uma variedade enorme de boas ofertas vinda de lá, dirigidas por veteranos, como Soderbergh e Moore, e até por novatos, como Tom Ford – comentou Marco Muller, diretor do festival, negando o favoritismo à produção americana. – Tanto lá como na Europa a crise fez com que diretores e produtores partissem para filmes mais necessários do que outros, que expressam o espírito de seu tempo.

A promessa da mostra é mesmo a estreia de Ford, o ex-diretor criação da grife Gucci, que debuta com A single man, filme que trará Julianne Moore e Colin Firth para o Lido, a ilha onde se realiza o festival italiano. Entre outras estrelas de Hollywood também estão sendo aguardados as presenças de Val Kimer, Nicolas Cage e Eva Mendes, protagonistas de Bad lieutenant: port of call New Orlenans, de Werner Herzog, e George Clooney, Ewan McGregor e Jeff Bridges, da equipe de The men who stare at goats, de Grant Heslov (Boa noite e boa sorte).

Em 2009, o star power da indústria americana alcança outras atividades paralelas. Sylvester Stallone, por exemplo, receberá o troféu Glory to the Filmmaker pelo conjunto de suas conquistas, que inclui a série de filmes iniciada com Rocky – Um lutador (1978). John Lesseter, produtor executivo e fundador do estúdio Pixar, será homenageado com um Leão de Ouro Especial, por sua contribuição ao mundo da animação, e a exibição de uma versão em 3D de duas de suas maiores criações: Toy story (1995) e Toy story 2 (1999). O troféu será entregue por outro mito em Hollywood, George Lucas, o criador da franquia Guerra nas estrelas.

Enquanto os paparazzi se distraem com as atrações americanas, Veneza reafirma seus laços com outras cinematografias e seus respectivos astros. Ainda quente pelo prêmio de Melhor Atriz conquistado em Cannes com Anticristo, de Lars von Trier, Charlotte Gainsbourg desembarca na laguna italiana a bordo de Persecution, do francês Patrice Chéreau (A rainha Margot). Sua mãe, Jane Birkin, ícone da canção e do cinema europeus, protagoniza 36 vues du Pic Saint Loup, de Jacques Rivette, cinebiografia do escritor Raymond Roussel. Ainda da França virá White material, de Claire Denis, no qual Isabelle Huppert, grande drama do teatro e do cinema locais, interpreta a dona de uma plantação de café na África.

Duas vezes premiado em Berlim (em 2004 com Contra a parede e em 2007 com Do outro lado), o alemão (de descendência turca) Fatih Akin faz sua estreia em Veneza com Soul kitchen, sobre o dono de um bar que tenta manter o negócio andando. Da Ásia virão Tetsuo, The Bullet Man, da japonesa Shinya Tsukamoto, e Accident, thriller policial dirigido pelo chinês Cheang Pou-Soi e produzido por Johnnie To, grande nome do cinema policial daquela região.

Israel comparece com Lebanon, de Samuel Maoz, que acompanha um dia na vida de quadro soldados envolvidos na invasão ao país, em 1982. Até o Egito enviará uma de suas estrelas para Veneza: Omar Sharif está em The traveller, de Amhed Maher.

– Um festival de cinema precisa ir aonde o (bom) cinema está escondido. Pode ser o trabalho de um diretor estreante do Egito como o novo filme de terror de um autor reconhecido no gênero – explicou Muller, referindo-se a The hole, de Joe Dante, que será exibido fora de competição. – Temos que atender a todos os tipos de demanda, do grande filme autoral que busca um público mais amplo à produção dirigida a um determinado nicho.

Mais uma vez, a participação brasileira se restringe à mostra paralela Horizontes, dedicada a tendências cinematográficas. Insolação é o filme de estreia do dramaturgo Felipe Hirsch, dirigido em parceria com Daniela Thomas. Viajo porque preciso, volto porque te amo é assinado por outra nova dupla: Marcelo Gomes (Cinema, aspirinas e urubus) e Karim Ainouz (O céu de Suely). Há também um curta na seção Corto Cortíssimo: O teu sorriso, de Pedro Freire. Ganhador de dois prêmios em Gramado, de Atriz e o da Crítica, o curta é uma história de amor na terceira idade, protagonizada por Juliana Carneiro da Cunha e Paulo José.

Na disputa pelo Leão de Ouro

Baaria, de Giuseppe Tornatore (ITA)

Soul kitchen, de Fatih Akin (ALE)

La doppia ora, de Giuseppe Capotondi (ITA)

Yi ngoi (Accident), de Cheang Pou-Soi (CHI)

Persecution, de Patrice Chereau (FRA)

Lo spazio bianco, de Francesca Comencini (ITA)

White material, de Claire Denis (FRA)

Mr. Nobody, de Jaco van Dormael (FRA)

A single man, de Tom Ford (USA)

Lourdes, de Jessica Hausner (AUS)

BaD lIEutenant: port of New Orleans, de Werner Herzog (USA)

The road, de John Hillcoat (USA)

Ahasin Wetei (Between two worlds), de

Vimukhti Jayasundara (SRL)

El Mosafer (The traveller), de Ahmed Maher (EGI)

Levanon (Lebanon), de Samuel Maoz (ISR)

Capitalism: a love story, de Michael Moore (USA)

Women without men, de Shirin Neshat (ALE)

Il grande sogno, de Michele Placido (ITA)

36 vues du Pic Saint Loup, de Jacques Rivette (FRA)

Life during wartime, de Todd Solondz (USA)

Tetsuo – The Bullet Man, de Shinya Tsukamoto (JAP)

Prince of tears, de Yonfan Lei wangzi (CHI)

(© JB Online)

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Acompanhe o Festival de Veneza (UOL Cinema)
 

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