Italiano faz simpática farsa das relações entre mãe e
filho
20/08/2009
Cena de Almoço em Agosto
Crítica/"Almoço em
Agosto"
Filme de Gianni Di Gregorio captura a rotina de uma classe média
decadente
EDUARDO VALENTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As primeiras palavras que surgem na tela em "Almoço em Agosto" certamente
podem passar a ideia errada: "Matteo Garrone apresenta". Se esse crédito
confirma como o nome de Garrone tornou-se importante no cinema internacional
após seu filme "Gomorra" ganhar o Prêmio Especial do Júri em Cannes-2008,
"Almoço em Agosto" possui um interesse e um escopo quase completamente
oposto ao daquele painel em torno da máfia napolitana.
Talvez a grande semelhança entre os dois filmes seja o desejo da câmera
de capturar uma sensação de realidade extrema das situações que se passam à
sua frente.
No entanto, em vez de tentar fazer isso com fins efetivamente
documentais, Gianni Di Gregorio (corroteirista e assistente de direção de
"Gomorra") parece usar tal artifício para transformar seu elenco não
profissional em protagonista de uma deliciosa pequena farsa sobre os
relacionamentos entre mãe e filho e, em última instância, sobre a velhice.
Tudo o que no filme de Garrone era enorme em intenções e em produção
torna-se agradavelmente diminuto nesta obra que marca a estreia na direção
de Di Gregorio. O cineasta (que também é o ator principal do filme, em outra
estreia) consegue capturar com precisão e detalhes o ambiente de uma classe
média baixa decadente, sem precisar fazer dessa condição uma prisão para
seus personagens.
Pelo contrário: há aqui justamente um certo elogio à capacidade dessas
pessoas encontrarem algum escape de suas duras condições de vida por meio
dos rituais do dia a dia e das pequenas trocas de favores.
Roma dos remediados
Toda essa dinâmica de negociações, que era o palco da entrada da
marginalidade no panorama da Nápoles retratada em "Gomorra", se torna aqui
quase a redenção na Roma dos remediados.
Fascinado acima de tudo pelas pequenas trocas de diálogo entre dois ou
mais personagens, "Almoço em Agosto" não deixa de ser também uma homenagem à
sonoridade da língua italiana, utilizada em toda a sua deliciosa
musicalidade, principalmente pelas atrizes nonagenárias.
É o que torna particularmente encantador este "piccolo" filme, preciso e
coerente com sua proposta até na curta duração de pouco mais de uma hora.
ALMOÇO EM AGOSTO Direção: Gianni Di Gregorio Produção: Itália, 2008 Com: Gianni di Gregório, Valeria di Franciscis, Marina Cacciotti,
Maria Calì, Alfonso Santagata Avaliação: bom
Ciclo
de filmes presta homenagem ao ator italiano Vittorio Gassman
O Instituto Italiano de Cultura de São Paulo apresenta, de 19 a 28 de
agosto, uma seleção de quatro filmes com o ator italiano de teatro e cinema
Vittorio Gassman (1922 - 2000). A entrada é franca, ingressos disponíveis
até a lotação dos lugares.
Nascido em Genova, em 1 de setembro de 1922, Vittorio Gassman,
considerado um dos mais importantes atores do cinema e teatro italianos,
morreu em 29 de junho de 2000, em decorrência de um infarto, aos 77
anos, em Roma.
Estreou no teatro em 1942. Em 1946 passou a fazer cinema, e desde então,
interpretou diversos personagens e trabalhou sob a direção dos maiores
cineastas, de Dino Risi a Ettore Scola, passando por Mario Monicelli.
Interpretava, com versatilidade, personagens machistas, cínicos,
egoístas e fanfarrões. Mas podia fazer o oposto, mostrar-se com a mesma
surpreendente naturalidade irônico, trágico, terno e cruel.
No início da década de 50, Gassman foi para Hollywood, onde participou
de filmes como Bonita mas Perigosa e Guerra e Paz. No final da mesma
década, iniciou uma nova fase em sua carreira, desvendando seu talento
cômico em clássicos do cinema italiano, como O Incrível Exército de
Brancaleone (1959).
O auge da sua carreira cinematográfica foi marcado pela sua atuação como
um cego em Perfume de Mulher (1975), filme posteriormente estrelado por
Al Pacino em um remake feito por Hollywood.
Em maio de 1999, Vittorio Gassman recebeu um dos três Prêmios Molière
franceses como homenagem pela carreira, em Paris.
Programação
19/08 quarta-feira
La ragazza del Palio
1957 Direção: Luigi Zampa
Com Vittorio Gassman, Diana Dors, Franca Valeri, Tina Lattanzi, Bruce
Cabot
Uma linda americana está na Toscana para passar férias e apaixona-se por
um nobre da cidade de Siena; entre os dois nasce um carinhoso afeto.
Durante um baile, porém, ambos descobrem as recíprocas dificuldades
financeiras e o nobre, pensando que ela seja uma golpista, decide
terminar o namoro. Ela, para atrair novamente sua atenção, inscreve-se
na competição do Palio de Siena, participa e consegue a vitória: final
feliz com casamento.
21/08 sexta-feira
La grande guerra, 1959 Direção: Mario Monicelli
Com Alberto Sordi, Vittorio Gassman, Silvana Mangano, Folco Lulli
O romano Oreste Jacovacci e o milanês Giovanni Busacca encontram-se
quando ambos são recrutados para combater na Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). Apesar de terem temperamentos completamente diferentes, têm
em comum a total falta de ideais e a vontade de evitar qualquer perigo
para sair incólumes no final da guerra. Capturados pelo exército
austríaco, serão redimidos e enfrentarão a morte com dignidade diante do
inimigo.
26/08 quarta-feira
L'Armata Brancaleone,1966 Direção: Mario Monicelli
Com Vittorio Gassman, Catherine Spaak, Gian Maria Volonté, Enrico Maria
Salerno, Maria Grazia Buccella, Barbara Steele, Carlo Pisacane
Um punhado de emarginados que deveria formar uma expedição de
mercenários, guiados por Brancaleone da Norcia, que era tão mendigo
quanto verborrágico, e pelo judeu Abacuc, partem de Faleri para
apoderar-se do feudo de Aurocastro na região da Puglia. Depois de passar
por inúmeras vicissitudes, entre as quais: a peste, os desejos ardentes
de uma viúva, o salvamento de uma virgem raptada por bandidos, o assalto
de piratas sarracenos, a armada conseguirá salvar-se seguindo Zenone, o
pregador, rumo à Terra Santa.
28/08 sexta-feira
La famiglia, 1986 Direção: Ettore Scola
Com Vittorio Gassman, Stefania Sandrelli, Fanny Ardant, Ottavia Piccolo,
Renzo Palmer, Athina Cenci, Carlo Dapporto, Philippe Noiret
Carlo, idoso professor aposentado, relembra a saga de sua família
burguesa, da qual é o último patriarca, desde os primeiros anos de 1900
até nossos dias. Através de várias cenas, Carlo revisita a história das
gerações da família que viveu na mesma casa, no bairro romano de Prati,
descreve todos os personagens com a história italiana como pano de fundo
para os acontecimentos pessoais e para os sentimentos de uma rica
galeria de tipos humanos.
Serviço
Apresentação de Maria Grazia De Alessandri
Local: Instituto Italiano de Cultura / ICIB - Auditório Sala Torino
Endereço: Rua Frei Caneca, 1071
Horário: 19h
Informações: (11) 3285 6933
Capacidade: 60 lugares
Legenda: em italiano
Entrada franca: Ingressos disponíveis até a lotação dos lugares