Gravações de conversas íntimas com prostituta e
fotos de orgias na Sardenha mal atingem Berlusconi,
que faz blague: "Nunca fui santo"
Duda
Teixeira
Tudo o que você queria
saber, e provavelmente muita coisa que preferiria
continuar ignorando, já foi revelado sobre os
hábitos íntimos de Silvio Berlusconi, o
primeiro-ministro italiano. Um resumo rápido: ele
promove festas orgiásticas, gosta de múltiplas
acompanhantes na cama, excede-se no bronzeador
artificial, tem um agregado encarregado de encontrar
garotas bonitas, anda com uma caixa de joias para
premiar as favoritas e passa horas de vídeos com os
próprios discursos antes de ir aos finalmentes. Usa
maquiagem, mas não camisinha. Ah, sim, ele também
paga pela companhia e pelo sexo, certamente uma
surpresa para quem acreditava que todas aquelas
mulheres deslumbrantes à sua volta estavam
interessadas nos cabelos naturalmente acaju e na
pele cor de cenoura. Acossado por nova onda de
revelações na semana passada, ele jogou com a fama
de malandro, que faz a alegria de seus
simpatizantes, além de uma popularidade afetada em
meros 4 pontos, e provoca repugnância entre seus
opositores – todas as gamas da esquerda, até chegar
a uma fatia da direita elegante, horrorizada com a
ideia de que os nobres valores do pensamento liberal
sejam defendidos por um sujeito como esse. "Não sou
santo", provocou. "Acho que vocês já perceberam
isso."
Ninguém jamais
imaginou o contrário. Aos 72 anos e 6,5 bilhões de
dólares, o Cavaliere é capaz de pedir para apalpar
uma voluntária em meio às ruínas de um terremoto ou
promover uma dançarina a ministra da Igualdade de
Oportunidades, isso para não entrar nas histórias de
cama. Destas, uma das mais engraçadas é literal.
Numa das conversas expostas por Patrizia D’Addario,
loiraça de 42 anos que abriu o bocão, frustrada pela
indiferença do primeiro-ministro ao projeto de
construção de um condomínio (onde mais se veria a
combinação de prostituta e empreendedora
imobiliária?), Berlusconi lhe pede que o espere na
"camona", enquanto toma um banho. "A de Putin?",
pergunta Patrizia. Ele confirma que a noite vai ser
mesmo na cama presenteada, certamente com ulteriores
intenções, pelo atual primeiro-ministro da Rússia.
A onda atual teve
início quando Berlusconi foi à festa de 18 aninhos
de uma de suas protegidas. A mulher, Veronica Lario,
de quem vivia separado, estrilou, acusou-o de
"frequentar menores" e pediu o divórcio.
Concomitantemente, começaram a circular as imagens
feitas durante dois anos pelo fotógrafo Antonello
Zappadu, revelando cenas tórridas de Villa Certosa,
a casa de Berlusconi na ilha da Sardenha. O
primeiro-ministro conseguiu impedir a circulação,
invocando o direito à privacidade, mas como
empresário de mídia deveria saber: tudo o que se
tenta sufocar ressurge com mais força ainda. As
fotos apareceram em jornais estrangeiros, e mostram
garotas com pouca roupa, algumas simulando atos
sáficos, e homens com muito entusiasmo – entre os
quais o então primeiro-ministro checo Mirek
Topolanek, de cheque em riste. No clima de conta
tudo, participantes das festas da Sardenha e dos
jantares no Palazzo Grazioli, a residência oficial
em Roma, começaram a revelar detalhes sórdidos.
Que Berlusconi não tem
a menor preocupação com a liturgia do cargo é
evidente, mas teria cometido crimes? Atualmente,
está sob investigação o empresário Giampaolo
Tarantini, que garimpava os talentos nacionais para
frequentar as festinhas berlusconianas. Ele
negociava valores e fazia o pagamento com envelopes.
Pode ser indiciado por proxenetismo. Berlusconi
também pode se complicar pelo uso dos aviões
oficiais para transportar as borboletinhas e até por
crime contra o patrimônio – numa conversa gravada
por Patrizia D’Addario, ele se jacta de ter
encontrado em Villa Certosa tumbas fenícias datadas
de 300 anos antes de Cristo. Outra prova de que num
lugar que já viu tudo, como a milenar Itália,
Berlusconi ainda consegue surpreender.
As borboletas do Papi
Todas
o chamam de Papi, ganham joias com
borboletas – o símbolo do partido de
Berlusconi – e visitam a casa de praia na
Sardenha ou o palácio oficial, em Roma.
Muitas falam
AFP
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Noemi Letizia
Tudo começou por causa dela.
Berlusconi foi à sua festa de 18
anos, a mulher dele, Veronica, com
quem vivia em separação consensual,
soltou os cachorros e as revelações
constrangedoras não pararam mais.
Berlusconi já deu cinco versões
sobre o tipo de relacionamento que
tem com a napolitana. Os fatos:
Noemi mandou um book de fotos para
um amigo do primeiro-ministro e foi
convidada a visitar a notória Villa
Certosa. Com mais quarenta meninas
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Barbara
Montereale
Amiga de Patrizia e autodefinida
como hostess, afirmou ter recebido o
equivalente a 26 000 reais, em dois
envelopes, por ter comparecido a uma
festa de Berlusconi em Villa
Certosa, além de colares, pulseiras
e anéis em formato de borboleta.
Entregou a promotores fotos dela e
de amigas tiradas no banheiro da
residência oficial do
primeiro-ministro, em Roma |
Reprodução
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Divulgação
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Patrizia
D’Addario
Profissional do sexo, 42 anos e
um celular muito ativo, é
responsável pelos detalhes mais
íntimos. Em conversas gravadas que
entregou a um promotor público,
comenta que um homem mais jovem já
teria atingido o objetivo do
encontro com mais antecedência e que
não fazia sexo assim havia muitos
meses. Educadamente, Berlusconi
sugere:
"Se me permite,
acho que você deveria fazer mais
sexo consigo mesma" |
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(©
Veja)
Diálogos atribuídos a
premiê geram polêmica arqueológicaDA REUTERS
Nova reviravolta no escândalo do suposto
envolvimento do premiê da Itália, Silvio Berlusconi,
com a prostituta de luxo Patrizia D'Addario pode
agora resultar em investigação arqueológica,
decorrente das revelações feitas nos diálogos
atribuídos ao político -e publicados nesta semana na
internet pela revista "L'Espresso".
Em um dos trechos divulgados anteontem, o homem
identificado como Berlusconi gaba-se a D'Addario
pelo fato de, na sua residência da Sardenha, terem
sido encontradas "30 tumbas fenícias de 300 a.C.". A
lei diz que descobertas arqueológicas em propriedade
privada devem ser informadas a autoridades para
inspeção, catálogo e eventual escavação.
Segundo jornais locais, porém, autoridades
arqueológicas da ilha mediterrânea garantem não ter
sido informadas da suposta descoberta.
Para associação local de arqueólogos, a
descoberta, se de fato tiver ocorrido, será da maior
importância e poderá revelar relevantes dados das
civilizações mediterrâneas antigas -o que motivou um
senador opositor a pedir de Berlusconi explicações.
Os fenícios existiram por volta de 2.300 a.C. e
100 d.C., na região onde hoje fica o Líbano. A
civilização fenícia teve grande poderio naval e
estabeleceu entrepostos por todo o mar Mediterrâneo.
Os áudios aparentemente atestam a versão de
D'Addario, 42, que diz ter passado uma noite com o
líder no dia 4 de novembro do ano passado, em Roma.
A prostituta diz ter revelado as gravações, feitas
de seu celular, devido ao não cumprimento de uma
promessa pelo premiê, 72.
(©
Folha de S. Paulo)
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