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Novo filme sobre Puccini mergulha na vida amorosa do compositor

30/08/2008

 Giacomo Puccini (1858-1924)
 

Um novo filme sobre Giacomo Puccini traz à tona cartas e documentos que sugerem que o compositor possa ter uma segunda descendente viva, em uma história confusa de infidelidade e vingança que bem poderia ser tema de uma de suas óperas.

"Puccini e la Fanciulla" (Puccini e a garota), que fez sua estréia no Festival de Cinema de Veneza nesta sexta-feira, já foi repudiado por Simonetta Puccini, até agora a única herdeira viva conhecida do compositor.

Trinta anos atrás Simonetta venceu uma batalha legal para provar que era a filha ilegítima de Antonio, filho do compositor, de quem herdou a maior parte da herança.

Agora outra mulher, Nadia Manfredi, suspeita que também possa ser neta de Puccini e pediu um exame de DNA para confirmar a suspeita.

O filme leva à tela a história de Doria Manfredi, a jovem empregada da casa de Puccini que cometeu suicídio depois de ser falsamente acusada pela mulher do compositor, Elvira, de ter um caso com ele.

Depois de uma autópsia ter confirmado que Doria morreu virgem, Elvira foi condenada por difamação e Puccini, notório por sua vida amorosa tumultuada, teve que pagar indenização à família de Doria para que sua mulher não fosse para a prisão.

Esse capítulo da vida de Puccini é conhecido, mas agora o diretor Paolo Benvenuti diz que descobriu documentos que mostram que, na realidade, Puccini teve um longo caso extraconjugal com a prima de Doria, Giulia Manfredi.

Giulia dirigia uma estalagem em frente ao chalé do compositor à margem do lago em Torre del Lago. Acredita-se que a personagem Minnie, da ópera de Puccini "La fanciulla del West", de 1910, tenha sido baseada nela.

O fruto de sua relação com Puccini, segundo Benvenuti, foi outro filho, também chamado Antonio, que morreu pobre em 1988 sem saber quem tinha sido seu pai.

Benvenuti descobriu a filha de Antonio, Nadia Manfredi, quando fazia pesquisas para o filme e disse que ela tem grande semelhança física com o compositor de "La Bohème", "Turandot" e "Madame Butterfly".

Na casa de Nadia em Pisa ele encontrou uma mala empoeirada com fotos e cartas escritas por Puccini a Giulia Manfredi entre 1908 e 1922, além de clipes de filmes mostrando o compositor ao piano, caçando marrecos e brincando com seu cachorro.

Benvenuti diz que as cartas mostram que Giulia, e não Doria, foi amante de Puccini e que o compositor ajudou Giulia com dinheiro, presume-se que para sustentar o filho deles, até sua morte, em 1924.

(© Reuters Brasil)

 


Ópera Tosca em superprodução no TCA


Adenor Gondim | Divulgação

Além das 40 vozes do Barroco na Bahia, a ópera conta com
90 músicos da Osba, e 8 solistas

Tatiane Freitas, do A TARDE

Após um mês de ensaios, cerca de 200 artistas, entre músicos, figurantes e solistas, sobem ao palco do Teatro Castro Alves, neste sábado, domingo e terça-feira, às 20 horas, para interpretar a ópera Tosca, do italiano Giacomo Puccini.

A montagem do grandioso espetáculo é uma iniciativa do Coro Barroco na Bahia, que, há 12 anos consecutivos, uma vez por ano, produz uma ópera européia, sempre nos palcos do TCA.

Tosca foi a ópera escolhida também no ano passado, sendo a primeira italiana, depois de dez alemãs, trazida pelo Barroco na B ahia para Salvador. “Mudaram os solistas e algumas encenações, ficou melhor“, comenta o presidente do Coro Barroco na Bahia, mestre de capela da catedral e diretor geral da montagem, Hans Bönish.

A idéia de remontar Tosca se deve à comemoração pelos 150 anos de nascimento de Puccini (1858-1924), autor também de Le Villi (1884), Edgar (1889), Manon Lescaut (1893), La Bohème(1896) e Madama Butterfly (1904), considerado um dos mais novos compositores de óperas classificadas como populares.

Solistas de fora - Além das 40 vozes do Barroco na Bahia, a ópera conta com a presença dos 90 músicos da Orquestra Sinfônica da Bahia e de oito solistas, quatro deles estrangeiros. São eles: a soprano alemã Michaela Cuento, no papel de Floria Tosca; o tenor austríaco Abdul Candão, como o pintor Mario Cavaradossi; o barítono alemão Götz Seiz, como Baron Scarpia, e o baixo-sagrestano Ulf Bunde, vindo também da Alemanha para interpretar Sciarrone.

Também estão lá dois solistas baianos, a soprano Ana Paula Sena, no papel de pastor, e o baixo Ricardo Vieira, interpretando um carcereiro. De São Paulo, vieram o barítono Pedro Ometto, para o papel de Cesare Angelotti, e o tenor Paulo Köbler, como Spoletta.

Segundo o diretor, a montagem está à altura das grandes casas européias, com cenário e figurino tradicional, peças de decoração da época e sincronia perfeita entre todos os elementos envolvidos num drama encenado com música.

“Trata-se de uma produção artística que envolve figurino, maquiagem, coro, canto, orquestra, iluminação, cenário...Se cai uma pecinha, cai tudo“, comenta ele.

O pianista da Osba, Eduardo Torres, lembra que, para os músicos da orquestra, participar da montagem de óperas com músicos especializados da Europa é uma experiência riquíssima. “A ópera exige flexibilidade e constante estado de alerta da nossa parte, porque existe uma ação dramática em cena que implica em muitas variações“.

Tosca traz ao palco a representação dramática dos amores da cantora Tosca com o pintor Cavaradossi, implicado em atividades revolucionárias. A história, que acaba com a morte do chefe da polícia Scarpia, passa-se em Roma, em 1800.

| Serviço |

Evento: Tosca
Dia/Hora: Sábado, 30, domingo, 31, e terça, 2 / às 20 horas
Local: Teatro Castro Alves - Praça Dois de Julho, Campo Grande
Ingresso: (inteira) R$ 50 (filas A a C), R$ 60 (filas D a P), R$ 40 (filas de Q a X), R$ 30 (de y a Z5) e R$ 20 (de Z6 a Z11).
Informações: (71) 3535-0600

(© A Tarde Online)


Uma homenagem irregular à obra de Giacomo Puccini

Erros, porém, não impediram que a noite terminasse de forma brilhante

Lauro Machado Coelho

O homem na intimidade, em sua casa, conversando com os amigos, dedicando-se ao hobby favorito de caçar patos no lago: a raras imagens de Giacomo Puccini, projetadas antes do concerto em homenagem aos 150 anos de seu nascimento, foram uma simpática porta de entrada para o mundo desse compositor, um dos mais amados pelo público de ópera. Ricordando Giacomo Puccini foi organizado e teve como mestre-de-cerimônias o pesquisador e historiador do gênero Sérgio Casoy, a quem o Instituto de Cultura Italiana conferiu merecidamente o Puccini Award, uma estatueta criada, este ano, em agradecimento àqueles que se empenham, pelo mundo afora, na divulgação da obra pucciniana.

Esse vôo rasante sobre a obra de Puccini que, de Le Villi a Turandot, ofereceu interessante panorama de diversos aspectos de sua obra, contou com o apoio da Orquestra Experimental de Repertório, regida por Jamil Maluf, e da seção masculina do Coral Lírico. Destacaram-se, dentre os trechos instrumentais intercalados aos vocais, boas execuções do prelúdio ao terceiro ato da Tosca e do Intermezzo ao último ato da Butterfly.

Um pouco hesitante na ária de Anna, de Le Villi, já em Si, mi chiamano Mimì Claudia Riccitelli tinha encontrado o tom justo. A voz amadureceu, ela é hoje um soprano lírico de ricos coloridos, com ótimas possibilidades expressivas e teve seus melhores momentos em In quelle trine morbide, da Manon Lescaut, e na popularíssima O mio babbino caro, do Gianni Schicchi, que foi inclusive bisada. Riccitelli saiu-se bem até mesmo na grande ária da Butterfly ou na cena da morte de Liù, da Turandot.

A seu lado estava o tenor italiano Antonino Interisano, que foi também prejudicado, em sua primeira intervenção - Che gelida manina - pela voz ainda fria e o controle deficiente do fôlego, que o fez tropeçar duas vezes na respiração. Foi um erro do tenor ter querido começar com ária de grande efeito, mas que o expõe a riscos maiores. Se tivesse obedecido à ordem cronológica e iniciado com Donna non vidi mai, da Manon Lescaut, talvez tivesse chegado à Bohème com a voz mais pronta a enfrentar as dificuldades da ária.

Porque, a partir de Recondita armonia, da Tosca, Interisano já mostrava as qualidades de uma voz volumosa, de agudos fáceis e bem centrados, com notas graves de um colorido escuro muito bonito. Aluno de Pavarotti, o jovem siciliano possui aquela generosidade de timbre que associamos às típicas vozes italianas. Alguns problemas de fraseado em Nessun dorma, onde o senso de ritmo de Interisano nem sempre coincidiu rigorosamente com o da orquestra, não o impediram de levar essa homenagem a Puccini a um final bastante brilhante.

(© Estadão)

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