Frade 'metaleiro' participa de festival de música na
Itália
19/07/2008
Cesare Binozzi, o Frate Metallo
Um frade italiano que criou uma banda de heavy metal será uma das atrações de um festival de música ao lado de bandas consagradas como Iron Maiden e Judas Priest.
Aos 62 anos, Cesare Binozzi, um frade franciscano da ordem religiosa dos capuchinhos, tem uma banda chamada Irmão Metal, que já gravou 15 discos de forma independente, com músicas que falam de temas religiosos.
Este ano o grupo participa do principal festival de música heavy metal da Itália, o Gods of Metal, no próximo fim de semana, na cidade de Bolonha.
A banda pisará no palco no domingo cantando músicas do seu último disco, Mistérios. A noite será fechada por um show do Judas Priest.
Segundo os organizadores, o festival deverá atrair um público de cerca de 100 mil pessoas.
Valores
"Não uso a música para ganhar dinheiro, mas para difundir os valores ligados à Igreja. Se a linguagem é dura, é somente porque assim é a realidade", afirmou o frade ao jornal Corriere della Sera.
A intenção do frade é transmitir aos jovens os ensinamentos do Evangelho de um jeito diferente do que é pregado na igreja.
"O heavy metal é energia pura, intensa e tem sua beleza, além de conteúdo, porque faço música com letras que ajudam a entender coisas importantes a nível de fé e de vida", disse o religioso à BBC Brasil.
"Os jovens não são bobos ou estúpidos. Entendem que o que digo tem sentido e valor."
Binozzi conta que ele mesmo escreve as letras das canções - que falam de droga, família, amor e fé - enquanto os outros três componentes da banda, o guitarrista, o baixista e o baterista, fazem a música.
"As letras são boas porque falam de coisas da vida, como o álcool, sexo, a vida em geral, temas normais. Se você ouve o disco sem entender as palavras, parece uma música heavy metal como as outras", disse o baterista, Andrea Zingro, à BBC Brasil.
Segundo o músico, é mais divertido tocar com o frade do que com outros cantores.
"Não acho estranho. É uma pessoa como as outras, e tem experiência em muitas coisas. Nos divertimos muito mais com ele do que com outros cantores", disse Zingro.
Símbolo de amor
Frade Cesare diz que gosta de todo tipo de música, mas tem preferência pela metaleira, ainda que o gênero esteja muito distante do que tradicionalmente se ouve nas igrejas.
Ele diz que o heavy metal, ao contrário do que muitos dizem, não tem ligações com ritos satânicos e cultos ao diabo.
"O heavy metal é o oposto do satanismo. Há dois ou três grupos que se dizem satânicos, mas são poucos em milhares que nada têm a ver com o demônio.
"Conheço o guitarrista do Metallica. Ele faz meia hora de oração antes de ir ao palco. No fundo é música boa e vontade de socializar", afirmou o frade.
Nem mesmo o gesto típico dos metaleiros, com os dedos mindinho, indicador e polegar apontados tem simbologia negativa, segundo ele.
"É um símbolo do amor, quer dizer eu te amo", interpretou.
Cesare Bonizzi trabalhou como operário e comerciante antes de entrar para o convento Musocco, nos arredores de Milão.
Ele foi ordenado sacerdote em 1983 e iniciou sua atividade pastoral trabalhando com grupos de motoristas de bonde e metrô da cidade. Foi neste ambiente que começou a compor suas primeiras canções, como A dança do bonde.
O público que freqüenta os shows de heavy metal não vê o frade com desconfiança, garantem os músicos.
"Os jovens gostam dele", disse o baterista.
"Às vezes tem alguém que se incomoda, não porque seja contra mim pessoalmente, mas porque não deve gostar de padres. O que posso fazer? Em geral o relacionamento é muito bom", afirmou o religioso.
O Vaticano, que defende liturgias tradicionais, ainda não se pronunciou sobre o caso do frade metaleiro.
Frate Metallo, il "predicantore" che
vuole convertire alla vita
MILANO (Reuters) - di Marie-Louise
Gumuchian
A vederlo così, con addosso il tradizionale saio
marrone e i sandali, non penseresti mai che frate
Cesare Bonizzi sia un cantante heavy metal.
Eppure, il cappuccino 62enne dalla lunga barba
bianca -- un tempo missionario in Costa d'Avorio --
non si fa scrupoli ad urlare nel microfono canzoni
che parlano di alcool, sesso, tabacco e della vita
in genere mentre scuote forsennatamente il capo.
Lui si definisce un "predicantore": canta da più
di dieci anni e il mese scorso si è esibito al "Gods
of Metal" con la sua band Fratello Metallo -- tre
chitarristi e un batterista oltre a lui -- insieme a
gruppi di culto come gli Iron Maiden.
"Circa 14-15 anni fa, sono stato ad un concerto
dei Metallica e mi sono innamorato dell'heavy metal
dopo aver visto la scarica di energia che dà", ha
detto Bonizzi -- "Frate Metallo", come ormai lo
chiamano tutti quelli che lo conoscono -- dopo una
prova a Milano nel suo studio di registrazione.
"Trovo che (l'heavy metal) sia il genere musicale
più energetico e vivo".
Questo mese la Tre Accordi Records, etichetta
punk rock che pubblica tra gli altri i Valentines,
gli Stp e i Leeches, ha fatto uscire il suo secondo
album, "Misteri", ispirato da un gruppo di donne del
sud che cantano lodi alla Madonna.
Secondo Bonizzi l'heavy metal non è poi tanto
diverso dai canti Gregoriani, un genere musicale
antichissimo. "Hanno le stesse radici", spiega.
CONVERTIRE, MA ALLA VITA
Nel disco, tra un pezzo che racconta di come
l'alcool possa scaldare il cuore ma danneggiarne il
proprietario se ne beve troppo e un altro che spiega
quanto il sesso sia importante per gli uomini se
fatto nel modo giusto, compare anche la versione
heavy metal di una canzone in lode alla Vergine
Maria.
Ma se Frate Metallo -- che ama gruppi come i
Megadeth e i Dream Theater -- canta di Dio e della
fede, lo fa senza intento di conversione.
"Non l'ho mai fatto per predicare, l'ho fatto
perchè la musica è bella ... Se voglio convertire le
persone, voglio semplicemente convertirle alla vita,
ad accogliere la vita, a godersi la vita", ha detto.
Il frate, che tiene circa 100-150 concerti
all'anno, spiega che gli appassionati di heavy metal
lo hanno accolto calorosamente, e ci tiene a tenere
distinto il genere musicale dal satanismo.
"Circa il 90% sono molto bravi, mi accettano,
l'alto 10% è più estremista", spiega.
"Dicono 'Non vogliamo persone che vengono dalla
Chiesa'. Si tratta di quelli che si dicono
satanisti, ma ci sono solo due o tre gruppi che lo
fanno esplicitamente. Non so se poi lo siano davvero
o lo dicano solamente".
Con queste premesse, non stupisce che un
personaggio del genere sia finito sotto i
riflettori: al "Gods of Metal", i fan urlavano il
suo nome ancora prima dell'inizio dell'esibizione.
"Non abbiamo capito cos'è successo... Ho già
cantato tre volte al 'Gods of Metal' ", ha detto.
Il frate canta in italiano, ma "Misteri" verrà
tradotto anche in inglese. Finora, si è esibito solo
in patria, ma ha raccontato di aver ricevuto degli
inviti per cantare in Giappone e Brasile. "Mi
piacerebbe un tour mondiale", confessa.