O bispo de Bergamo, Dom Roberto Amadei, deu início à solene abertura do processo diocesano de beatificação do Frei Alberto Beretta, italiano, sacerdote capuchinho, médico-missionário e irmão de Santa Gianna Beretta Molla, que viveu 31 anos na cidade de Grajaú, no interior do Maranhão.
Frei Alberto, "que morreu com fama de santidade", disse Dom Amadei, foi “uma grande testemunha da caridade no dia-a-dia, capaz de fazer com que a vida se torne ensinamento do evangelho. Uma testemunha grande e silenciosa".
No ato de abertura do processo diocesano, foram destacados a vida e o amor de Frei Alberto pelos irmãos mais sofridos, as suas atividades no Brasil, e seu retorno à Itália, depois de um derrame.
Na casa do seu irmão sacerdote em Borgo Canale, em Bergamo, após 20 anos de doença, Frei Alberto continuou a dar testemunho de Cristo, por meio da oração e da sua vida serena”, disse o bispo local. “Seu testemunho foi importante para a sociedade de hoje, que considera pessoas inúteis aqueles que não produzem", concluiu.
Foram ressaltados vários testemunhos sobre as atividades de Frei Aberto Beretta e examinados seus escritos. Toda a documentação foi enviada à Santa Sé para se obter a devida autorização para dar início ao seu processo de beatificação.
Estavam presentes na cerimônia de abertura do processo de beatificação, em Bergamo, além do Postulador-geral e do vice-postulador, numerosos confrades capuchinhos. Da família de frei Alberto marcaram presença seus irmãos, Mons. Giuseppe, a Irmã Virgínia e alguns sobrinhos e parentes. A diocese de Grajaú estava representada pelo bispo emérito, Dom Serafim Spreafico.
Por sua vez, o capuchinho italiano, Frei Luís Spelgatti, pároco na diocese de Grajaú, declarou que “31 anos de presença de Frei Alberto Beretta, em Grajaú, marcou e continua a marcar profundamente o povo, por ter tido em seu meio alguém que viveu intensamente os ensinamentos do Evangelho; ele foi um autêntico homem de Deus e que viveu a santidade no amor e no serviço aos irmãos”.
Uma vida dedicada aos outros
No dia 28 de agosto de 1916 nasceu em Milão. Filho de Alberto Beretta e de Maria de Micheli. No Batismo recebeu o nome de Henrique.
Aos 29 anos, quando já exercitava a profissão de médico e cirurgião, freqüentava contemporaneamente a escola teológica no Convento dos Frades capuchinhos de Milão.
No dia 13 de março de 1948 foi ordenado sacerdote em Milão, na igreja de São Bernardino, Alguns meses depois decide vir para o Brasil, aonde chega em 1949.
Recebido pelo Bispo Prelado Dom Frei Emiliano Lonati, em Grajaú, enverga a batina dos frades capuchinhos, como primeiro passo para a entrada na Ordem e na "amada Missão" do Maranhão.
Pelo fato de o Brasil não reconhecer os títulos acadêmicos conseguidos na Itália, o jovem missionário se sujeitou a repetir todas as provas nas quais fora aprovado em sua pátria. Isto atrasou sua atuação no campo no qual se especializara. Foi ao Rio Grande do Sul e também essa demora se converteu em vantagem, pois freqüentou outras especializações e adquiriu outros conhecimentos que levaria para o sertão maranhense.
Em agosto de 1960 vestiu o hábito capuchinho em Guaramiranga (Ceará) e ali fez seu ano de noviciado, emitindo os votos temporários no dia 16 de agosto de 1961. Sua consagração definitiva ao ideal franciscano-capuchinho se deu em Grajaú, no dia 16 de agosto de 1964.
Nos anos intermédios se desdobrou numa atividade fervorosa , pois não tinha limites de lugares e de tempo. Ele se entrega com o fervor na tarefa de aliviar o sofrimento dos pequenos que não tinham como recompensá-lo, num tempo em que no sertão médico era artigo de luxo, pois somente quem possuía algo podia permitir-se de ir à capital.
Em 1950, Fr. Alberto inicia a construção do Hospital São Francisco de Assis, com a ajuda de seus irmãos, que investiram tempo, meios e perícia partilhando o ideal missionário do irmão missionário capuchinho.
Em 1957, o Hospital está pronto e parece um prodígio naquele interior do Maranhão, com os meios de transporte daquela época e com a falta de estradas. Mais tarde o próprio Fr. Alberto viu a necessidade de acrescentar outras dependências.
Em 1981, Fr. Alberto é sustado em sua ânsia missionária por um derrame que o obrigou a regressar à Itália, sempre com a esperança de que em breve voltaria. O que não aconteceu. Faleceu em Bergamo , no 10 de agosto de 2001.
Entregue aos cuidados dos médicos de primeiro mundo, acompanhado pelo afeto reverente dos irmãos e irmãs religiosas, viveu com o pensamento voltado ao campo de missão, que havia ficado órfão, e aos pequenos e desvalidos para os quais se prodigalizara até o grau heróico.