A nova Miss Itália, Silvia Battisti, de 18 anos, está sendo criticada pelas outras participantes do concurso por ser muito magra. Ela tem 1,80 m de altura e pesa 51 kg.

Battisti foi escolhida na última segunda-feira (24). E nesta quarta (26) a imprensa italiana informou sobre o mal-estar causado entre as outras meninas -que preferem a segunda e a terceira classificadas à miss vencedora, que tem 16 de índice de massa corporal (a relação entre o peso e a altura).

Na Espanha, modelos com menos de 18 de índice de massa corporal não podem desfilar.

Entre as modelos que protestam contra a escolha da Battisti, nascida na região de Veneza, está Raffaella Modugno, representante de Campânia (no sul do país). Ela denunciou a "hipocrisia" de quem "diz uma coisa e faz outra", referindo-se ao júri.

Algumas candidatas disseram ao jornal "La Stampa" que os organizadores "perturbaram durante toda a edição da Miss Itália com a questão da anorexia" e "depois escolhem uma Miss Itália que não usa nem 36".

A grande favorita das candidatas à italiana mais bonita era Ilaria Capponi, que ficou em terceiro lugar. Ela tem 19 anos, 1,82 m e 59 kg, um índice de massa corporal de 19, e é jogadora de basquete.

O júri técnico do concurso, segundo o jornal "Corriere della Sera", falou de "quatro ossos" ao se referir à jovem Batistti, que, no entanto, assegura que come "de tudo", pratica esporte e está "saudável".

O fotógrafo Oliviero Toscani, conhecido por suas provocativas e polêmicas campanhas, entrou no debate e disse que a nova miss é "muito magra". "Infelizmente, as meninas estão clonadas e escolhidas com base no conceito de beleza de alguns teletontos", afirmou.

A última campanha de Toscani é uma advertência contra a anorexia. Ele fotografou uma jovem anoréxica, com apenas 31 quilos, sem roupa.

O concurso da Miss Itália foi muito agitado este ano, com uma polêmica devido a que um dos jurados pediu imagens das nádegas das participantes para poder fazer sua escolha e com uma briga ao vivo entre os dois apresentadores, o veterano Mike Bongiorno e a atriz Loretta Goggi. 

A polêmica começou quando o estilista argentino Guillermo Mariotto pediu, durante uma transmissão ao vivo - pela televisão pública "Rai Uno" -, que fossem realizados enquadramentos para avaliar as nádegas das cerca de cem participantes.

Mariotto afirmou que nos processos de seleção as meninas são avaliadas de frente e de costas e não entendia por que na televisão só se mostrava a parte da frente.

"Sem ver essa parte (as nádegas), não posso julgar", argumentou o argentino, que não titubeou ao afirmar que as moças "querem se parecer com as americanas e emagrecem demais", ficando com "muitas estrias e o bumbum flácido".

O diretor da "Rai Uno", Fabrizio del Noce, afirmou que defendia o enquadramento das nádegas se não fosse algo exagerado, já que "as meninas devem ser vistas em sua totalidade".

A polêmica estava gerada. A deputada do partido de centro-direita Aliança Nacional Daniela Santachè disse que as candidatas "estão sendo tratadas pior que mercadorias, como as vacas antes de serem sacrificadas".

Entre as participantes, a Miss Lácio (região cuja capital é Roma) disse que "não se trata de um concurso de modelos" e que não acredita que sejam necessários "certos enquadramentos".

A Miss Ligúria (do noroeste italiano) explicou que "seria necessário mais tempo para que as participantes pudessem falar".

A organizadora do concurso, Patrizia Mirigliani, proibiu que as câmeras enquadrem as nádegas das participantes, já que o objetivo do concurso é "conciliar o respeito à mulher e a necessidade de mostrar suas características físicas".

(© G1)

 

Reuters

Campanha contra anorexia, com foto de Oliviero Toscani

A prefeita da cidade italiana de Milão, Letizia Moratti, disse nesta sexta-feira (28) que deu instruções para retirar dos espaços publicitários de competência municipal uma campanha que mostra a foto de uma jovem anoréxica nua.

Citada pela agência de notícias italiana "Ansa", Moratti disse que tinha ordenado a retirada dos anúncios por terem comovido a sociedade com a crueza das imagens. A prefeita lembrou o compromisso que tanto a prefeitura quanto a Câmara da Moda têm no combate à doença.

A campanha de uma grife, que mostra a jovem de 31 quilos completamente nua, de costas e de frente, com os dizeres "Não-Anorexia", gerou todo tipo de opiniões a favor e contra.

O anúncio foi amparado com recursos da prefeitura, mas a secretária municipal de Indústria, Tiziana Maiolo, reprovou a campanha e considerou-a "equivocada". Ela ponderou que a liberdade de expressão deve ser "protegida sempre e, se possível, em maior medida quando não estamos de acordo".

No entanto, o vereador de Esportes, Giovanni Terzi, considerou correta a decisão de Moratti, pois é contrário a esse tipo de publicidade. Ele a considerou "inútil, porque não serve nem às pessoas anoréxicas, que vêem na imagem um modelo de beleza, nem às que não são".

A ministra da Juventude, Giovanna Melandri, também entrou no debate ao dizer que nutre "fortes dúvidas" sobre a publicidade.

Lutar contra a anorexia "não quer dizer lançar imagens chocantes no oceano midiático, mas significa planejar campanhas de prevenção a longo prazo, que não ignorem a verdadeira natureza dos problemas do comportamento alimentício, que são doenças psiquiátricas sérias".

Além disso, considerou que, além de iniciativas de caráter publicitário, "as casas de moda deveriam mostrar sentido de responsabilidade através de compromissos concretos", por exemplo pondo à disposição dos clientes tamanhos maiores de roupa e evitando levar às passarelas modelos de "magreza doentia".

O fotógrafo Oliviero Toscani, autor das imagens e conhecido por suas campanhas polêmicas, disse no lançamento que "é muito interessante que finalmente uma empresa tenha entendido a importância do problema e tenha tido a coragem de se expor sobre esse tema".

A edição italiana da revista "Vanity Fair", em seu número atual, entrevista a jovem modelo, que é francesa e se chama Isabelle Caro. Ela conta que decidiu posar "para que as pessoas saibam e vejam o que realmente é a anorexia".

"Eu me escondi durante muito tempo. Agora quero me mostrar sem medo, embora saiba que meu corpo causa repugnância. Os sofrimentos físicos e psicológicos que sofri só podem ser de ajuda a quem também caiu na armadilha da qual eu estou tentando sair", disse a modelo.

(© G1)