A Polícia prendeu na Calábria, no sul da Itália, cerca de 30 membros de dois clãs mafiosos inimigos que se enfrentaram há 15 dias em Duisburg, na Alemanha, deixando seis mortos.
"A operação é uma primeira resposta em matéria de prevenção, diante de novos atos de violência na guerra entre as duas 'famílias'", afirmou o promotor nacional antimáfia Piero Grasso, em declarações à TV "Sky". Os clãs pertencem à máfia Ndrangheta.
Os presos são acusados de associação mafiosa, de tráfico de armas e de homicídios relacionados à guerra entre ambas as famílias, travada desde 1991. Os grupos são originários do pequeno povoado calabrês de San Luca.
Um dos homicídios foi o de Maria Strangio, esposa de Giovanni Nirta, "capo" de umas das famílias. A mulher foi assassinada em dezembro de 2006 quando saía de casa.
Segundo os investigadores, alguns dos presos podem ter sido os mandantes do massacre de Duisburg, mas os assassinos de aluguel enviados para realizar a execução dos seis italianos continuam foragidos.
No total, a Justiça de Reggio di Calabria emitiu 43 ordens de busca e prisão, e já houve 32 prisões, enquanto os demais criminosos estão foragidos.
Na lista de presos estão membros das duas "famílias", como os irmãos de duas das vítimas de Duisburg, Achille Marmo e Giovanni Strangio, além do próprio Giovanni Nirta.
O ministro do Interior italiano, Giuliano Amato, afirmou em comunicado que a operação "foi uma resposta forte e necessária para acabar com a guerra entre os dois clãs da Ndrangheta, que tanto terror provocaram".
A maioria das prisões foi realizada no povoado de San Luca, que tem 4.500 habitantes. Cerca de 500 agentes da Polícia e carabineiros (policiais militares italianos), além de helicópteros foram mobilizados. Casas foram revistadas e todas as possíveis rotas de fuga foram bloqueadas.
Três dos presos, Antonio Vottari, Antonio Giorgi, e Antonio Pelle, foram localizados em um abrigo escondido atrás de uma parede, preparado para que os foragidos pudessem permanecer ali por muitos dias.
Os investigadores afirmaram que a busca por provas foi muito difícil, porque os mafiosos falavam entre eles usando orelhões, com cartões de celular de terceiros ou em linguagem cifrada.
A operação foi realizada justamente no dia em que uma delegação alemã, liderada pelo chefe do Gabinete Federal de Criminalidade (Bundeskriminalamt), Jörg Zierke, viajou para a Calábria para trocar informações sobre os assassinatos de Duisburg com policiais italianos.
Zierke disse que, por enquanto, "não foi feita nenhuma prisão" diretamente relacionada ao crime. Ele afirmou, porém, que os supostos mafiosos presos hoje serão investigados sobre suas possíveis relações com os homicídios na Alemanha.
Segundo investigadores italianos, uma das vítimas, Marco Marmo, teria viajado à Alemanha para comprar armas e um automóvel blindado, com o objetivo de realizar um ataque contra a família rival.
Policiais alemães, por sua vez, asseguram que o jantar na pizzaria Da Bruno, antes do crime, não foi para comemorar o aniversário de Tommaso Francesco Venturi, mas uma cerimônia para celebrar sua entrada na Ndrangheta.
Em um dos bolsos de Venturi, a Polícia alemã encontrou uma figura de São Gabriel com o rosto queimado, um dos rituais para entrar em uma família da máfia calabresa.
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