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Inglês, a surpresa da mostra italiana

O diretor do festival, Marco Müller (E), e o presidente da Bienal de Veneza, Davide Croff
 

Dos 22 longas-metragens selecionados para a competição pelo Leão de Ouro, 11 vêm dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha

Luiz Zanin Oricchio, VENEZA

Essa assustou até os italianos - Veneza, o mais antigo festival de cinema do mundo, vai falar mais inglês do que nunca. Nada menos que 11 dos 22 longas selecionados para a competição pelo Leão de Ouro, o prêmio do festival, vêm dos EUA e da Grã-Bretanha. O restante com a Europa, um pouco com a Ásia, e nada para a América Latina.

Na coletiva de imprensa em que anunciou os concorrentes, o diretor do festival, Marco Müller, um romano filho de mãe brasileira e especializado em China, não se abalou com o espanto dos jornalistas presentes: “O critério foi unicamente a originalidade e a singularidade dos candidatos”, disse. De acordo com o diretor, erra quem pensa que tudo o que vem dos EUA siga o modelo rotineiro dos blockbusters comerciais - e, claro, nesse ponto ele tem razão. Mas a sua declaração seguinte parece mais sintomática ainda: “Acho extraordinário que sejam filmes incrivelmente inovadores e que neles haja estrelas no elenco”, disse.

Quer dizer, parece muito bom para a saúde midiática do festival que filmes como Redacted, de Brian de Palma, The Valley os Elah, de Paul Haggis, Sleuth, de Kenneth Branagh, O Assassinato de Jesse James, de Andrew Dominik, e Michael Clayton, de Tony Gilroy, estejam disputando o famoso Leão. Mas é muito conveniente, também, que nomes estelares dos seus elencos - Keira Knightley, Anjelica Huston, Bill Murray, Jude Law, Brad Pitt, George Clooney, Charlize Theron e Susan Sarandon pisem o tapete vermelho no Lido veneziano.

Nesse ponto, Veneza faz como os outros festivais do mundo - tenta se equilibrar numa corda bamba estendida entre o cinema de autor e a badalação mundana. Os filmes de empenho artístico são exigência da própria tradição de um festival que existe há exatamente 75 anos e já premiou mestres como Roberto Rossellini, Alain Resnais, Jean-Luc Godard e Luis Buñuel, Akira Kurosawa e Robert Altman. Os atores e atrizes conhecidos são exigência do mundo publicitário e das TVs, que entram com uma boa grana nesse tipo de evento e precisam do brilho alheio para iluminar seus produtos.

Se o desequilíbrio em favor dos EUA preocupa (afinal, são nada menos que nove concorrentes desse país ao prêmio principal), há motivos para esperar um grande festival neste seu 75º aniversário. Por exemplo, a presença de mestres consagrados, embora em número reduzido, entre os competidores: são os casos do francês Eric Rohmer, com Les Amours d’Astrée et de Céladon, e do egípcio Youssef Chahine, com Heya Fawda (Caos). Certamente deve ser uma experiência agradável ver um filme novo do russo Nikita Mikhalkov, sumariamente intitulado de 12. O cinema engajado de Ken Loach terá vez no Lido com It’s a Free World e, como sempre, devem vir boas surpresas do Oriente, que tem brilhado particularmente em Veneza na última década. Aliás, o vencedor do ano passado foi o belo chinês Em Busca da Vida, de Jia Zhang-Ke, em cartaz em São Paulo.

Pouco se sabe dos três italianos em concurso, L’Ora di Punta, de Vincenzo Marra, Il Dolce e l’Amaro, de Andrea Poporati, e Nessuna Quaità Agli Eroi, de Paolo Franchi. São diretores na faixa dos 35-40 anos e pouco conhecidos fora da Itália. Os nomes mais conhecidos do país, Gianni Amelio, Ettore Scola e os irmãos Taviani, não disputarão prêmios no Lido. Mas é bom que se diga que o cinema italiano não atravessa boa fase há muito tempo. Pouco também se sabe do único representante espanhol, En la Ciudadd de Sylvia, de Jose Luis Guerin.

Em compensação, fora de concurso, na seção Venezia Maestri, concentram-se nomes muito familiares, como Woody Allen, com Cassandra Dream, Claude Chabrol, com La Fille Coupée em Deux, Takeshi Kitano, com Kantoku Banzai!, e Manoel de Oliveira, com Cristovão Colombo - O Enigma. E, nessa ótima companhia, figura um dos poucos brasileiros selecionados para o festival: Julio Bressane, que apresentará seu Cleópatra nessa seção dedicada aos mestres do cinema. Outros brasileiros presentes serão Cao Guimarães, com Andarilho, e Anabazys, de Joel Pizzini e Paloma Rocha, na seção Horizontes. Há outro filme brasileiro presente em Veneza - A Idade da Terra, último trabalho de Glauber, será apresentado com cópia nova.

Assim, apesar de toda a badalação prevista, a 64ª edição do festival deve exibir um perfil bem sério e empenhado artisticamente. Tanto assim que seu júri será composto apenas por cineastas, em comemoração aos 75 anos desse festival que teve sua primeir edição em 1932, sob os auspícios de Benito Mussolini. O chinês Zhang Yimou será o presidente e escolherá os prêmios em companhia do mexicano Alejandro Gonzáles Iñarritu, a australiana Jane Campion, o holandês Paul Verhoeven, a francesa Catherine Breillat, o italiano Emanuel Crialese, e o turco naturalizado italiano Ferzan Ozpetek.

Mas se você pensa que tanta seriedade não terá refresco é porque talvez não saiba que está programada a grande mostra Western All’Italiana com uma série imperdível dos faroestes spaghetti dirigidos por Lucio Fulci, Sergio Corbucci, Carlo Lizzani e, claro, o mestre de todos, Sergio Leone. E, sim, Tinto Brass, o famoso pornográfico que, em seu tempo, também cometeu um western spaghetti, chamado Yankee.


Mostra Competitiva

ATONEMENTE, Joe Wright (Grã-Bretanha/EUA)
THE DARJEELING LIMITED, Wes Anderson (EUA)
SLEUTH, Kenneth Branagh (Grã Bretanha/EUA)
HEYA FAWDA (CHAOS), Youssef Chahine (Egito)
REDACTED, Brian de Palma (EUA)
THE ASSASSINATION OF JESSE JAMES BY THE COWARD ROBERT FORD, Andrew Dominik (EUA)
NESSUNA QUALITÀ AGLI EROI, Paolo Franchi (Itália/Suíça/ França)
MICHAEL CLAYTON, Tony Gilroy (EUA)
NIGHTWATCHING, Peter Greenaway (Grã Bretanha/Polônia/Canadá, Holanda)
EN LA CIUDAD DE SYLVIA, Jose Luis Guerin (Espanha)
IN THE VALLEY OF ELAH, Paul Haggis (EUA)
I’M NOT THERE, Todd Haynes (EUA)
TAIYANG ZHAOCHANG SHENGQI (THE SUN ALSO RISES), Jiang Wen (China/Hong Kong)
BANGBANG WO AISHEN (HELP ME EROS), Lee Kang Sheng (Taiwan, China)
LA GRAINE ET LE MULET, Abdellatif Kechiche (França)
SE, JIE (LUST, CAUTION), Ang LEE (EUA/China, Taiwan)
IT’S A FREE WORLD…, Ken Loach (Grã-Bretanha/Itália/Alemanha /Espanha)
L’ORA DI PUNTA, Vincenzo Marra (Itália)
SUKIYAKI WESTERN DJANGO, Miike Takashi (Japão)
12, Nikita Mikhalkov (Rússia)
IL DOLCE E L’AMARO, Andrea Porporati (Itália)
LES AMOURS D’ASTRÉE ET DE CÉLADON, Eric Rohmer (França/Itália/Espanha)

(© Estadão)

 


Filmes sobre Iraque lançam sombra sobre Festival de Veneza

Obra sobre a volta de um soldado e outra sobre unidade do Exército que persegue iraquianos são destaques

Mike Collett-White, da Reuters

LONDRES - Dois filmes sobre a guerra do Iraque e seu impacto sobre os americanos nos Estados Unidos estão entre os 22 trabalhos da competição oficial do Festival de Veneza deste ano, conferindo peso político a um evento repleto de produções de Hollywood.

In the Valley of Elah, de Paul Haggis, com Tommy Lee Jones, Charlize Theron e Susan Sarandon, é o filme ansiosamente aguardado baseado no assassinato verídico de um jovem soldado americano que retornou do Iraque. O filme vai competir com Redacted, de Brian de Palma, a história de uma unidade do Exército americano que persegue uma família iraquiana. O filme também analisa a cobertura do conflito pela mídia.

Outros filmes a tratar de questões candentes em Veneza serão Michael Clayton, com George Clooney no papel de um agente que faz trabalhos sujos para uma grande empresa, o italiano Il Dolce e L'Amaro, sobre a Máfia, e o egípcio Heya Fawda, que destaca a brutalidade policial.

O festival anual realizado na avenida de beira-mar Lido, que começará na quarta-feira, 29, e terminará em 8 de setembro, é uma vitrine importante do cinema de arte mundial e um dos primeiros eventos precursores do Oscar, que acontece em fevereiro. Em 2005, O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee, recebeu o Leão de Ouro de melhor filme em Veneza e acabou obtendo oito indicações ao Oscar.

Cinema em inglês

Seis dos filmes da competição principal são produções americanas e quatro são britânicas, conferindo um destaque incomum ao cinema falado em inglês, este ano.

Lee Marshall, crítico de cinema da revista Screen International, disse que "este festival será ótimo para o lado mais independente do cinema anglo-saxão, mas há ausências importantes do resto do mundo".

Para ele, a América do Sul, o sul da África e partes da Ásia estão subrepresentados na competição principal de Veneza e também nas seções especiais.

As outras produções americanas principais que estarão na competição principal são The Darjeeling Limited, com Owen Wilson e Bill Murray, The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, com Brad Pitt, e "I''m Not There", em que Cate Blanchett faz o papel do cantor e compositor Bob Dylan.

Os quatro filmes britânicos incluem Atonement, que vai abrir o festival e é baseado no aclamado romance Reparação, de Ian McEwan, sendo estrelado por Keira Knightley, e Sleuth, de Kenneth Branagh, um remake do thriller de 1972 baseado num roteiro do Prêmio Nobel Harold Pinter. Ang Lee estará de volta com um thriller de espionagem da 2.ª Guerra Mundial falado em chinês, Lust, Caution.

Alguns dos grandes nomes fora da competição em Veneza este ano incluem Woody Allen, Colin Farrell, Richard Gere e Scarlett Johansson. O diretor americano Tim Burton será homenageado com um prêmio pelo conjunto de sua obra.

(© Estadão)

Saiba+

Festival de Cinema de Veneza (UOL)

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