Em filme
inspirado na
história de um
travesti
brasileiro que
sonhava em levar
uma vida comum
na Itália,
diretor discute
temas como
sexualidade e
imigração
Flávia Guerra
A cena ocorreu
há pouco, em
Milão. Um
italiano diz
para um
brasileiro:
Viado é ofensivo
no Brasil? Aqui
na Itália
pensávamos que
significasse
travesti. Os
travestis
brasileiros são
tidos como os
melhores do
mundo. O
brasileiro se
limita a dizer:
Melhor? É.
Infelizmente há
quem os veja
como produtos de
exportação. O
mito existe.
Assim como
tantos outros
preconceitos
travestidos de
verdades
folclóricas
sobre o reino
tupiniquim. E a
mitologia do
travesti
brasileiro que
flana pelas ruas
milanesas é tão
grande que
rendeu material
para um filme:
Princesa.
A princesa é
Fernando,
brasileiro de
Belém do Pará,
que tem 19 anos
e sonha em
ganhar a vida em
euros na Europa.
Seria trágico se
não fosse
cômico. Quando
não está fazendo
o trottoir na
Via Pirelli (o
point de tantos
travestis seja
qual for a
nacionalidade),
Princesa, nome
que escolheu
para si, escreve
para a família
no Brasil. Em
vez de uma
realidade
dourada, vemos
cenas de
humilhação e de
sexo com
clientes de
'buona
famiglia'.
Não é a vida
cor-de-rosa que
Fernando
encontra na
Itália e
Princesa acaba
fazendo um bom
dinheiro e
amigos. Em uma
das idas e
vindas nos
carros dos
clientes,
encontra Gianni.
'Tudo que
Princesa quer é
ser uma mulher
normal', diz
Henrique
Goldman, diretor
que decidiu
filmar a
história
inspirada numa
Princesa de
verdade,
Fernanda Farias,
autora, com
Maurizio
Jannelli, de sua
autobiografia
homônima.
Goldman é
diretor de
documentários.
Nasceu no
Brasil, e mora
na Europa há
anos. Hoje vive
em Londres. 'Um
dia fui visitar
um amigo em Roma
e ganhei o
Princesa. Seis
anos depois eu
fazia um filme
inspirado nessa
história e
também no
encontro que
tive com a
própria
Fernanda.'
A princesa do
filme descobre,
depois de
conseguir a vida
que queria, sua
verdade e sua
vocação. A
princesa real se
suicidou. 'O
encontro com
Fernanda Farias
mudou minha
vida. Levamos
seis anos para
fazer o filme.
Nesse meio
tempo, ela se
matou. Estava
cansada de sua
luta interna
porque se via
como uma
aberração da
natureza. É para
honrá-la que fiz
o filme, para
redimi-la diante
de seus próprios
olhos', declara
Goldman, que fez
questão de
trabalhar com
atores amadores
e profissionais.
'Misturar atores
e não atores era
crucial para a
veracidade',
afirma Goldman,
que abre mão de
artificialismos
e recursos que
até dariam um
aspecto
visualmente
palatável a seu
filme, mas que
certamente o
tornariam mais
artificial
também.
Para encontrar
sua Princesa,
entrevistou mais
de 200 mil
travestis que
vivem na Itália.
Até conhecer
Ingrid de Souza,
travesti
brasileiro de 19
anos que nasceu
em Belém do
Pará. Em vez de
um teste
oficial, o
encontro ocorreu
quando Goldman
procurava
locações, diante
do Duomo de
Milão. Ingrid
saía da missa.
'Estava rezando
porque minha
vida não estava
fácil e, como um
milagre, me
ofereceram um
papel ', declara
ela, que foi
indicada para o
prêmio de melhor
estreante no
Festival
Independente
Britânico de
2001.
No início, achou
que fosse filme
pornô, mas
descobriu que
seu personagem
era como ela em
muitos aspectos.
'Sou muito
religiosa e
sempre sonhei
com um homem que
quisesse uma
mulher e não um
travesti. A
diferença é que
no final
Fernanda gostava
de ser
prostituta.'
Para uma
não-atriz Ingrid
está natural no
papel. Há que se
admitir que vez
ou outra seu tom
de declamação
atrapalha. Mas
nada que se
sobressaia à
aposta corajosa
de Goldman.
Em
tempos em que
não só
travestis, mas
imigrantes na
Europa são cada
vez mais vistos
como penetras em
um golfclub,
expor o outro
lado da questão
é atitude e
tanto. O outro
lado? Outro fato
ocorrido não tão
há pouco: 'Um
jornalista
italiano me
perguntou porque
há tantos
travestis
brasileiros.
Respondi: Por
que há tantos
clientes
italianos?
Afinal, o mundo
dos clientes é
igualmente
complexo e
fascinante', diz
Goldman. E isso
ele cumpre em
Princesa. Roi
rodado em 1999,
participou de
festivais no
Brasil e no
mundo. Demorou
para chegar ao
cinema. Mas o
importante é que
chegou.
Serviço
Princesa
(Itália/2001, 97
min.) - Drama.
Dir. Henrique
Goldman. 18
anos. HSBC Belas
Artes 3 - 14h30,
16h40, 18h50, 21
h. Cotação: Bom
(©
Agência Estado)
Giuseppe Tornatore, de 'Cinema Paradiso', internado com
traumatismo craniano após assaltoROMA - O diretor italiano de cinema Giuseppe Tornatore está internado em um hospital de Roma, depois de ter sido golpeado e roubado por duas pessoas perto de sua casa.
Tornatore, que ingressou no hospital "Fatebenefratelli" com traumatismo craniano e algumas feridas leves na face, será submetido nesta quinta a exames.
O diretor de "Cinema Paradiso" foi assaltado na terça-feira à noite quando regressava a pé a sua residência, no bairro romano de Aventino, segundo informa nesta o diário "Corriere della Sera".
Os médicos decidiram manter Tornatore no hospital e fazer novos exames, já que o golpe na cabeça foi muito forte.
Tornatore, de 51 anos, foi abordado por dois jovens que lhe perguntaram sobre um endereço, que ele os indicou. Mas antes que pudesse reagir, o diretor foi golpeado e caiu, batendo com a cabeça.
O diretor assegurou ao jornal que não se deu conta do que ocorrera até despertar do choque, quando percebeu que relógio, celular e carteira haviam sido roubados.
Tornatore foi socorrido e levado ao hospital por um homem que passava na região, embora não saiba dizer se pediu ajuda ou foi o desconhecido que o ajudou espontaneamente.
(©
O Globo)
"Sembrava la
scena di un
film"
Dopo che la
seconda Tac ha
accertato che
Giuseppe
Tornatore sta
bene, il regista
è stato dimesso
dall'ospedale
"Fatebenefratelli" di
Roma, dove era
stati ricoverato
per
l'aggressione
subita martedì.
''Sembrava la
scena di un film
- ha raccontato
- . Due
ragazzini mi
hanno chiesto
un'indicazione.
Mi hanno
ringraziato e
mentre stringevo
la mano a uno,
l'altro mi ha
dato un colpo
fortissimo alla
mandibola e ho
perso
conoscenza".
Tornatore ha
lasciato il
nosocomio in
ambulanza, con
il volto coperto
da un lenzuolo
bianco, per
tentare di
evitare i flash
dei molti
fotografi
presenti
Intanto, per
arrivare ai due
rapinatori
("parlavano con
accento
straniero, erano
romeni o
albanesi, ma
credo piuttosto
romeni"), i
carabinieri
della compagnia
di Trastevere
stanno lavorando
agli identikit
che saranno
ultimati solo
quando Tornatore
sarà in grado di
sostenere un
colloquio più
approfondito con
gli
investigatori.
Il regista
siciliano, 51
anni, secondo la
sua denuncia, è
stato aggredito
e colpito dai
due, sui 25
anni, con un
tirapugni in via
Sant'Anselmo,
mentre tornava a
casa dopo una
cena in un
ristorante.
Tornatore è
stato derubato
del telefonino,
dell'iPod e del
portafoglio. Il
sindaco di Roma,
Walter Veltroni,
gli ha
telefonato per
esprimere
solidarietà e
augurargli una
pronta
guarigione. ''Ho
segnalato al
prefetto Achille
Serra il
succedersi,
negli ultimi
giorni, di
queste
aggressioni - ha
detto - che
richiedono un
forte e deciso
intervento da
parte delle
forze
dell'ordine''.
L'aggressione
ha sollevato
polemiche da
parte degli
esponenti locali
di An e Fi sulle
aggressioni che
si stanno
ripetendo a
Roma, l'ultima
ai danni di un
ciclista,
rapinato e
picchiato con un
bastone mentre
percorreva una
pista ciclabile.
(©
TGCom) |