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Novos escândalos sexuais na Igreja chocam a Itália

15/08/2007

 

Sete padres estão sob investigação; caso reacende debate sobre o problema.

Valquíria Rey - BBC

De Roma - Novos escândalos sexuais envolvendo sete padres em diferentes cidades da Itália chocaram os italianos e reacenderam o debate sobre o problema na Igreja Católica.

Os casos, que têm sido tratados com destaque pela imprensa do país, teriam ocorrido ao longo dos últimos dez anos e estão sendo alvo de investigações pela polícia italiana.

Em Turim, no norte da Itália, a Procuradoria está investigando pelo menos seis padres, nas regiões de Puglia, Lombardia, Piemonte e Ligúria, alguns deles acusados de violência sexual grave e contínua.

A primeira denúncia no caso partiu de Salvatore Costa, de 24 anos, um ex-menino de rua e hoje preso por extorsão.

"Foi ele quem me iniciou sexualmente", acusou Costa ao referir-se ao padre salesiano Dom Luciano Alloisio, de 63 anos, ecônomo do Instituto Valsalice.

Costa foi preso em flagrante recebendo dinheiro de Dom Luciano que, cansado das chantagens do rapaz para ficar em silêncio, resolveu denunciá-lo à Polícia.

"Pedi dinheiro porque não tinha como pagar as despesas de casa. Além disso, Dom Luciano abusou de mim quando eu tinha 15 anos."

Pressionado, Dom Luciano confessou que costumava pagar por serviços sexuais de garotos de programa que se prostituem no centro de Turim. Mas insistiu nunca ter saído com um menor de idade.

Já o jovem preso garantiu aos procuradores que há muitos anos vive da prostituição e de chantagear sacerdotes.

"Mantinha relações sexuais com vários padres de Turim e cidades vizinhas e pedia dinheiro para ficar calado", afirmou.

A partir das revelações de Costa e de interceptações telefônicas, os sacerdotes estão sendo investigados por pedofilia e indução à prostituição.

Na casa do salesiano, os procuradores encontraram uma série de bilhetes assinados por Costa com as frases "Nunca tive relação sexual com Dom Luciano" ou "Eu inventei tudo". O rapaz explicou que assinava os bilhetes como "recibo em troca do silêncio".

Há poucos dias, a Polícia encontrou um livro de contabilidade com a comprovação de vários pagamentos feitos por outro padre - o monsenhor Mario Vaudagnotto, diretor do Escritório de Celebrações Litúrgicas da Diocese de Turim - a Costa.

Na investigação, também estão sendo ouvidos garotos de programa que podem ter tido relações com os padres. De acordo com os policiais, muitos são imigrantes e têm menos de 18 anos.

Além dos seis padres investigados pela Procuradoria de Turim, outro sacerdote está na mira da Justiça.

Em Terni, na Umbria, Dom Pierino Gelmini, de 82 anos, fundador da comunidade Incontro, que atende jovens dependentes de drogas, está sendo investigado há mais de um ano por violência sexual.

No início de agosto, o caso ganhou as páginas dos jornais italianos. Dom Gelmini, que era acusado por dois de seus ex-hóspedes, se defendeu, afirmando que se tratava de um lobby por parte de um grupo de judeus tentando prejudicá-lo.

O advogado do sacerdote se demitiu depois destas declarações.

Outros jovens que estiveram na comunidade em tratamento ficaram sabendo das acusações e também resolveram denunciá-lo. Hoje, são dez os acusadores.

Dom Gelmini é conhecido na Itália como o padre anti-droga. É acostumado a participar de programas televisivos e é amigo de diversos políticos da centro-direita italiana, que preparam para o próximo dia 15 um dia de solidariedade.

No entanto, as acusações contra o sacerdote são gravíssimas. Os jovens falam da existência de uma "sala do silêncio" na comunidade, onde eram cometidos os abusos.

Segundo revelou o vaticanista Ignazio Ingrao, Dom Gelmini foi acusado de abuso sexual pela primeira vez há cinco anos.

No entanto, como a denúncia era anônima, o caso acabou sendo arquivado. Mas coincidiu com o afastamento de um ex-sacerdote, que por anos tinha sido braço direito de Dom Gelmini na comunidade Incontro.

Recentemente, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, declarou que a pedofilia não é exclusividade da Igreja Católica, ao ser questionado sobre o acordo de mais de R$ 1 bilhão feito entre a Arquidiocese de Los Angeles com 508 vítimas de abuso sexual por sacerdotes.

"A Igreja sempre soube que os mosteiros e seminários atraem os homossexuais. Antes, era muito atenta, barrava e vigiava a formação", afirmou o escritor católico Vittorio Messori - co-autor de livros com os papas João Paulo 2º e Bento 16 -, em entrevista ao jornal La Stampa.

"Quem demonstrava tendências gays tinha de sair. Depois, em nome da não discriminação, permitiu o ingresso dos homossexuais e hoje a Igreja paga pela imprudência", disse Messori.

Segundo o autor, um dos mais traduzidos escritores católicos em todo o mundo, não bastaria a Igreja Católica abolir o celibato para dar fim aos escândalos sexuais, porque, de acordo com ele, 80% dos casos envolvem gays.

Na avaliação do especialista em Vaticano Andrea Tornielli, a Santa Sé tomou uma posição correta em vetar o ingresso nos seminários de quem tem tendências homossexuais "profundamente enraizadas". Ele diz, no entanto, que muito padres gays vivem com equilíbrio e castidade.

Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, não confirmou que esses padres estariam sendo investigados pela Santa Sé. Disse apenas esperar que a verdade seja esclarecida. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.  

(© Agência Estado)

 


Ricattato per gli abusi il salesiano confessa

La scuola dei vip: l'istituto torinese Valsalice, in viale Thovez

"Ho avuto rapporti sessuali con minorenni, ma fuori dalla scuola"

LODOVICO POLETTO

 TORINO

Il prete e il ragazzino si erano incrociati di notte dieci anni fa. Uno era poco più che cinquantenne. L’altro di anni ne aveva quindici ma aveva già i modi e le parole di chi è cresciuto sulla strada e grazie alla strada riesce anche a campare. Uno si presentava stretto nel suo clergyman nero. L’altro nei jeans elasticizzati portati come li portavano allora i ragazzini di via Cavalli, a Torino. Uno era timoroso, riservato, come si si addice ad un sacerdote, ad un salesiano. L’altro era sfrontato: perché, dieci anni fa, quando navigavi dalle parti di via Cavalli, la strada dei ragazzi che la notte vendevano il corpo per comperarsi le Nike o i Levi’s 101, ci dovevi saper fare.

Dieci anni dopo la storia è molto diversa. Quel prete, don Luciano Alloisio (da un paio di settimane in Vaticano), ha fatto carriera nel mondo salesiano, è diventato economo dell’istituto Valsalice, una delle più prestigiose scuole ed istituzioni religiose della città. Il ragazzo, Salvatore Costa, adesso ha 24 anni, ha lasciato la strada, ha due figli piccoli e una compagna. Campa come può, ha qualche precedente per furti. All’inizio di luglio i carabinieri lo arrestano: è accusato di aver ricattato quel sacerdote. Voleva farsi consegnare 30 mila euro. C’è riuscito soltanto in parte. S’è fatto dare quattro o cinque mila euro in tutto. Ai carabinieri del reparto operativo, e al pm Cristina Bianconi, Costa racconta una storia di abusi sessuali. Dice che a 15 anni è stato violentato da don Alloisio. E che con lui ha avuto altri rapporti omosessuali nei due anni successivi. La storia ha dell’incredibile. I militari cercano riscontri. Costa torna libero dopo pochi giorni. E quasi subito ci riprova. Chiede altri soldi a don Alloisio: 2000 euro perché deve campare. Perché deve mantenere i figli, perché non ha i soldi per fare la spesa. Il prete che lo aveva denunciato la prima volta torna dai carabinieri. Al maresciallo della stazione barriera Piacenza spiega che sì, lui è un sacerdote ma qualche anno prima ha sbagliato. Ha avuto rapporti sessuali con ragazzini che frequentavano via Cavalli. Ma con Costa mai. L’autoaccusa del sacerdote cambia le carte in tavola. Costa, è vero, torna in carcere, accusato ancora una volta di estorsione. Ma anche il sacerdote finisce nei guai: contro di lui c’è un’accusa di violenza sessuale. Per di più su minore.

Una storia di dieci anni fa. Quando don Alloisio ancora si occupava, in qualità di direttore, della fondazione «Fratelli dimenticati». Lì, tra le mura di quella casa in via Chanoux, racconta Salvatore Costa, ci sarebbe stata la violenza. Don Alloisio, assistito dagli avvocati Fulvio e Nicola Gianaria, nega. Niente violenza. Niente di niente, quando Salvatore era poco più che adolescente. Costa, però, va avanti nel suo racconto. Assistito dagli avvocati Geo Dal Fiume, Davide De Bartolo e Roberto De Sensi, parla di rapporti consumati anche più avanti nel tempo. Quando don Alloisio aveva già traslocato sulla collina di Torino. Costa insiste: «Ho chiesto del denaro perché non sapevo proprio come fare per campare. Sono un poveraccio. E quello da me voleva del sesso». Don Alloisio, davanti ai pm Cristina Bianconi ed Emanuela Pedrotta, racconta di aver dato del denaro a Costa. «A più riprese» spiega. Ma sesso mai. E tra il disperato e lo sconcertato racconta che a casa conserva anche una serie di lettere che lo confermano. I carabinieri del nucleo operativo le trovano. Sono delle specie di ricevute, ma con liberatoria. C’è scritto: «Io, Salvatore, non ho mai avuto rapporti sessuali con don Luciano».

A questo punto il ricattatore non si ferma più nei suoi racconti. Ai carabinieri e ai magistrati racconta la sua biografia di ragazzo di strada. Tira in ballo un prete che ora vive e lavora in un’altra provincia piemontese e un altro sacerdote, don Mario Vaudagnotto, settantenne parroco della seicentesca chiesa di San Lorenzo e cerimoniere della Curia. Dice: «Anche con lui ho fatto del sesso. Ma ero già maggiorenne. E anche da lui mi sono fatto dare dei soldi minacciando di raccontare tutto». Perché? «Io sono un poveraccio che non sa come campare. Che ha bisogno di mangiare e a cui nessuno dà un lavoro». Nel fascicolo dell’inchiesta ci sono già montagne di carte. Ci sono verbali di perquisizioni e controlli. E ci sono anche intercettazioni telefoniche. Confermano che Salvatore Costa era un ricattatore. Confermano che era in gravi difficoltà economiche per via dei figli piccoli, delle spese per la casa. Un giorno, al telefono con la compagna, è chiaro: «Conosco un prete omossessuale. Vedrai che che da quello riesco a ricavarci qualcosa».

(© La Stampa Web)

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