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La Traviata em Curitiba: os preparativos de uma grande obra

O compositor italiano Giuseppe Verdi
 

Cerca de 500 profissionais trabalham há mais de um mês na preparação da ópera La Traviata, do italiano Giuseppe Verdi, que estréia no sábado (18) da semana que vem, no Guairão. Cantores, músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná, regentes, pianistas, preparador vocal, bailarinos, costureiras, técnicos em cenários e figurinos trabalham para encantar o público durante as apresentações. A musicalidade, dramatização e beleza da ópera La Traviata é trazida a Curitiba pelo Centro Cultural Teatro Guaíra.

A preparação gerou mais de 270 empregos temporários, com a contratação de técnicos e pessoas que atuam em diferentes funções, 160 empregos indiretos, além dos profissionais que já atuam no Teatro Guaíra. O maestro Alessandro Sangiorgi compara a produção de uma ópera à construção de um edifício. “Tudo começa no alicerce e, aos poucos, vai ganhando forma. São milhares de detalhes, divididos em vários setores e cada um faz a sua parte que aos poucos vai se encaixando às outras até chegar à estréia”, diz.

Detalhes – Pequenos detalhes, como bordados, sapatos e bijuterias, fazem parte do conjunto de vestimentas e adereços utilizados pelos artistas e são preparados cautelosamente por profissionais contratados, que buscam o resultado harmônico com a história de amor e sofrimento entre a cortesã francesa Violetta Valery e o nobre francês Alfredo Germont.

O figurinista Eduardo Giacomini, responsável por vestir os 48 cantores do coro e os 12 solistas, acumula conhecimentos também como ator, aderecista e cenógrafo. Nesta produção, ele atua em conjunto com o maquiador e cabeleireiro Marcelino de Miranda, que há dez anos trabalha em espetáculos de teatro, televisão, cinema e ópera. Para a elaboração dos figurinos, adereços, penteados e maquiagem, os dois pesquisaram livros e filmes.

A equipe formada por sete pessoas, entre costureiras, bordadeiras e figurinista, trabalha em ritmo acelerado para a confecção dos 65 trajes femininos e masculinos, específicos para a ópera La Traviata. A maioria dos sapatos é do acervo do Teatro Guaíra e foram pintados e modificados pelo próprio Eduardo. Para completar a composição, lindas bijuterias e adereços, peças importantes no vestuário da época, que ornamentam os cantores foram criadas pela aderecista Fabiele Colombo.

Nove pessoas trabalham na confecção dos cenários dos três atos da ópera, desenvolvidos em um barracão no bairro Ahú, em Curitiba, e mais tarde serão trazidos ao palco para as finalizações. Esses cenários são idealizados por Carlos Kur, uruguaio vinculado ao Teatro Guaíra desde 1976, onde já trabalhou também com figurinos e luz para várias apresentações de balés e outras óperas.

Vozes – Paralelamente à parte técnica, profissionais especializados preparam os 60 cantores (48 do coro e 12 solistas) e os músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná. A atuação desses artistas no palco é determinada passo a passo com a ajuda do pianista co-repetidor, maestro, preparador vocal e diretor de cena. Nesta produção, os trabalhos cênicos são do renomado artista tcheco Golat Ludek, dirigente do Teatro Nacional da Morávia-Silesiana, em Praga, há nove anos.

O coro é regido pelo maestro Emanuel Martinez; os bailarinos são do Balé Teatro Guaíra, além da Orquestra Sinfônica do Paraná. A direção artística é do maestro-titular Alessandro Sangiorgi. No elenco principal, a cantora italiana, Luiza Giannini, interpreta Violetta Valery.

Nos outros papéis estão os brasileiros: Francisco Simal (Alfredo Germont), Douglas Hahn (Giorgio Germont), Diana Daniel (Flora Bervoix), Ariadne Oliveira (Annina), Vicenzo Cortese - italiano naturalizado brasileiro (Gastone), Divonei Scorzato (Barone Douphol), Yuri Jaruskevicius (Dottor Grenvil), Paulo Barato (Marchese D’obigny), Ailson Martins da Silva (Giuseppe), Wantuil Rigoni Neto (Domestico Di Flora), Fredinei Bráulio Branco (Comissionario).

A ópera La Traviata fica em cartaz até o dia 26, de terça-feira a sábado, com apresentações às 20 horas, e domingo às 18 horas. Os ingressos (venda antecipada) custam: R$ 30,00 (platéia), R$ 20,00 (1º balcão) e R$ 10,00 (2º balcão). Para a compra no dia das apresentações, os valores são: R$ 40,00 (platéia), R$ 30,00 (1º balcão) e R$ 20,00 (2º balcão). No dia 26, pelo Projeto Teatro para o Povo, a entrada é franca.

O escritor – Giuseppe Verdi é um dos mais respeitados compositores italianos (1853/1901). De família humilde, dedicou-se desde pequeno à música. Aos sete anos de idade já trabalhava como auxiliar de organista. Em 1842, suas composições trágicas e heróicas encontraram respaldo em seu país, que lutava pela liberdade. Apesar das dificuldades encontradas em sua carreira, devido aos problemas pessoais e políticos, seu talento conquista a Europa e América. Em suas obras, os temas políticos são muito valorizados. Entre as dezenas de peças escritas por ele, estão: Nabucco (1842), Macbeth (1847), Jerusalém (1847), La Traviata (1853), Aida (1871) e um Réquiem (1874). Ao morrer, 28 mil pessoas foram em seu funeral.

A ópera – Escrita em 1853, La Traviata é uma adaptação de “A Dama das Camélias”, de Alexandre Dumas Filho. A encenação está dividida em três atos.

Conheça a história de La Traviata

Ato I: um salão na casa parisiense de Violetta. Depois de prelúdio sugerindo a tragédia iminente, a cena revela uma festa alegre e sofisticada. Violetta cumprimenta os convidados retardatários, inclusive Flora e seu acompanhante, o Marquês d’Obigny. Um outro amigo, Gaston, a apresenta a um recém-chegado, Alfredo Germont. Gaston diz a Violetta que Alfredo só faz pensar nela e, recentemente, enquanto ela estava enferma, procurava notícias sobre o estado dela todos os dias. Tocada por tal preocupação, Violetta observa a seu protetor da época, o Barão Douphol, que isso era mais do que ele havia feito.

Violetta junta-se a Gaston para persuadir o relutante Alfredo a entreter o grupo com uma canção e, afortunadamente, ele é um tenor lírico e brinda a todos com o “Brindisi” (Libiamo ne’lieti calici), um elogio ao vinho e ao prazer, acompanhado por Violetta e todo o grupo. Escuta-se música de uma sala adjacente e Violetta propõe a todos para lá se dirigirem, a fim de dançar. Ela sofre um desmaio ao sair e permanece na sala para recuperar-se. Alfredo também fica para trás e percebe os espasmos de tosse de Violetta, avisando-a que seu estilo de vida atual pode lhe ser fatal.

Alfredo declara seu amor e descreve seus sentimentos desde que ele a viu pela primeira vez, um ano antes, mas Violetta responde que ela é incapaz de amar. Violetta lhe dá uma flor e lhe diz para voltar quando a flor murchar. Alfredo toma isso como um significado para o dia seguinte e parte alegremente. Os convidados terminam de dançar e também partem.

Ao se ver sozinha, Violetta pensa no que disse a Alfredo. Ela revela que deseja amar e ser amada, mas retoma seu espírito despreocupado. A voz de Alfredo, à distância, causa-lhe novamente uma hesitação momentânea, mas ela rapidamente põe tais pensamentos de lado.

Ato II, cena 1: uma casa de campo perto de Paris. Alfredo passa três meses de idílio com Violetta e pensa no grande amor deles. De uma conversa com a criada Annina, Alfredo fica sabendo que o preço da felicidade deles é a venda das propriedades de Violetta. Ele decide ganhar dinheiro, recuperar sua honra (Cabaletta: O mio rimorso) e parte para Paris. Violetta entra e uma mensagem lhe é entregue. Diz à criada para deixar entrar um cavalheiro que é esperado para tratar de negócios, lê a mensagem, um convite para uma festa em casa de Flora naquela noite e a joga fora. Um visitante é anunciado -não o homem esperado, mas o pai de Alfredo.

O velho Germont acusa Violetta de arruinar seu filho e é surpreendido quando ela prova que é o seu dinheiro que os está sustentando. Embora impressionado pela dignidade e beleza de Violetta, Germont pede que ela deixe Alfredo para não colocar em risco o casamento próximo de sua filha, a irmã de Alfredo. Ele reforça suas alegações com censuras morais e Violetta finalmente concorda em fazer o sacrifício. Em prantos ela pede que Germont a abrace como uma filha também e que um dia explique tudo a Alfredo.

Sozinha, Violetta rabisca uma mensagem, presumidamente para o Barão Douphol, e pede que Annina a entregue. Ela começa uma outra mensagem para Alfredo, mas é interrompida pelo retorno do amante. Ele está intrigado, e preocupado com a notícia de que seu pai pretende visitá-los. Pede que Violetta conheça seu pai, que certamente a aceitará ao conhecê-la. Violetta, já em desespero, procura refúgio no amor de Alfredo (Amami, Alfredo…) antes de sair correndo.

Alguns momentos depois, um criado traz uma carta de despedida. O velho Germont volta e tenta confortar o desespero do filho implorando-lhe para retornar ao lar na Provença, mas o confuso Alfredo, ao encontrar o convite de Flora, começa a pensar em vingança contra Violetta.

Ato II, cena 2: o salão de Flora em Paris. Os convidados começam a se entreter com mexericos e jogos na festa de Flora. Ela e o Dr. Grenvil ficam surpresos ao escutar do marquês d’Obigny que Violetta e Alfredo se separaram e que o Barão Douphol está acompanhando Violetta à festa. Os convidados divertem-se com um grupo de mulheres fantasiadas de ciganas que fingem ler a sorte e em seguida, com Gaston e alguns amigos vestidos como toureiros.

Alfredo chega e junta-se a uma mesa de jogos, seguido de perto por Violetta com o Barão. Alfredo vence vários jogos e seus comentários em voz alta sobre sua sorte nas cartas e o azar no amor provocam o Barão que o desafia para um jogo. O Barão perde e propõe a revanche para mais tarde. Ambos seguem os outros convidados em direção à ceia.

Violetta entra novamente, muito agitada por ter enviado uma mensagem para que Alfredo a encontre. Quando ele chega, ela lhe implora para partir antes que aconteça uma briga com o Barão. Alfredo concorda com a condição que ela o siga, mas Violetta, lembrando-se de sua promessa ao velho Germont, responde que não pode segui-lo. Ela deixa que Alfredo pense que ela agora prefere o Barão. Alfredo atende os chamados dos outros convidados e, lançando o dinheiro de vitória no jogo na face de Violetta, pede aos convidados que testemunhem que ele já pagou a ela pelo período que passaram juntos.

Violetta desmaia com este insulto, os convidados censuram Alfredo e seu pai (que havia entrado sem ser notado) repreende seu filho por seu comportamento. Em um finale preparado, todos expressam suas reações: Violetta expressa seu desespero, Alfredo seu remorso, Germont sua piedade, pois percebe que o amor de Violetta é verdadeiro, o Barão suas intenções de vingar o insulto sofrido e os outros convidados expressam sua preocupação com Violetta.

Ato III: o quarto de Violetta. Um prelúdio pungente indica que Violetta está morrendo de tuberculose. Ela está acamada, sendo atendida pela fiel Annina e sendo cuidada pelo Dr. Grenvil. O médico tenta animá-la, mas admite à criada ao sair, que Violetta tem apenas algumas horas de vida. Escutando de Annina que é Carnaval, a enferma envia-a para dar aos pobres a metade de todo o dinheiro que lhe resta. Ao se ver sozinha, lê a carta que recebeu de Germont explicando que Alfredo agora já sabe de seu sacrifício e que ele está vindo para pedir-lhe seu perdão. Com tristeza Violetta suspira por ser tarde demais, despede-se dos sonhos do passado e implora o perdão dos céus.

Escuta-se os sons do carnaval do lado de fora, e Annina corre para preparar sua senhora para uma visita. É Alfredo, que implora seu perdão. Esquecendo-se de sua condição grave, os dois planejam uma nova vida juntos longe de Paris, mas Violetta já está exausta demais até para vestir-se. Alfredo envia Annina para procurar o médico, mas Violetta percebe que nada pode ajudá-la agora. Em uma explosão, ela protesta contra seu destino de morrer tão jovem, e Alfredo junta-se a ela em seu pranto.

Annina volta com o Dr. Grenvil e Germont, que dá a Violetta sua benção. Violetta pede que Alfredo leve um medalhão contendo uma miniatura dela: se ele um dia se casar o medalhão será para sua esposa, de alguém que estará no paraíso, rezando por ambos. Os outros mostram sua grande pena e Violetta repentinamente sente que sua dor cessou. Ela tenta voltar à vida mais uma vez, mas cai, morta.

(© Oriundi)

 


A Invenção da Ópera ou a História de um Engano Florentino

O surgimento da ópera, no final do século XVII, pelos artistas florentinos, e a mudança no gênero, com a inauguração do primeiro teatro com cobrança de ingressos, em Veneza, em 1637. Este é o tema do livro “A Invenção da Ópera ou a História de um Engano Florentino”, de Sergio Casoy, que será lançado pela Algol Editora, no Auditório da Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2073), em São Paulo, no próximo dia 21 de agosto, às 18h30min. Na ocasião, haverá um recital com Denise de Freitas (mezzosoprano) e a pianista Vânia Pajares, às19h30.

Além do resgate da história, o livro comenta os diversos componentes da ópera, o papel do maestro, do diretor cênico, do coro e dos cantores (solistas ou comprimários). “Vou contar, apenas um pouco, do muito que há para escrever, da história dos primeiros anos dessa forma de arte, e mostrar alguns aspectos desse mundo fascinante,” explica Sergio Casoy no prefácio.

O autor é estudioso e pesquisador de música lírica há mais de trinta anos. Desde 2005, assumiu, na qualidade de professor conferencista, a disciplina de História da Ópera no curso de graduação da Escola de Música da ECA da Universidade de São Paulo e desde 2001, é o autor dos ensaios publicados nos programas oficiais de ópera do Theatro Municipal de São Paulo.

Casoy é autor dos livros Óperas e Outros Cantares pela Editora Perspectiva e Ópera em São Paulo 1952-2005 pela Edusp. Tem atuado também como tradutor de libretos de ópera do italiano para o português, para as legendas dos espetáculos encenados na Sala São Paulo e nos Theatros Municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Ministrou vários cursos e conferências a convite das Secretarias de Cultura do Estado e Município de São Paulo. Foi colaborador da Rádio Cultura de São Paulo FM de 1990 a 2007, onde comandou por três anos, o programa semanal La Canzone Italiana.

Serviço:

Lançamento do livro A Invenção da Ópera ou a História de um Engano Florentino por Sergio Casoy

Dia 21 de agosto, às 18h30min

Recital com a mezzosoprano Denise de Freitas e a pianista Vânia Pajares interpretando Árias Barrocas, às 19h30min
Livraria Cultura do Conjunto Nacional – Teatro Eva Herz
Avenida Paulista, 2073 - Conjunto Nacional
Tel: (11) 3170-4033
A entrada é franca.

(© Oriundi)

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