Retornar ao índice ItaliaOggi

   

Notizie d'Italia

   

 

Festival de Veneza apresentará faroestes restaurados

Diretor norte-americano John Ford é um dos expoentes do gênero de caubói
 

O Festival de Cinema de Veneza, que este ano homenageará os filmes de faroeste, anunciou mais três atrações de sua programação: a versão restaurada de "O Cavalo de Ferro" (1924), do diretor John Ford, o documentário "Becoming John Ford", de Nick Redman, e cinco obras-primas do diretor Budd Boetticher. As atrações se somam aos já anunciados filmes da retrospectiva de westerns spaghetti (feitos por italianos) e aos novos westerns dos diretores Andrew Dominik, Takashi Miike e Alex Cox. O festival vai de 29 de agosto a 8 de setembro.

A influência dos filmes de faroeste ainda está viva em muitos cineastas contemporâneos, como provam "O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford", de Dominik, e "Sukiyaki Western Django", de Miike -- ambos em concurso --, e "Searchers 2.0", de Cox, que será apresentado na seção Horizonte.

A época clássica dos westerns será celebrada com a estréia mundial da versão restaurada de "O Cavalo de Ferro" (1924), obra-prima do cinema mudo que conta a epopéia da construção da primeira ferrovia transcontinental. Ford ganhou um Leão de Ouro honorário em 1971 em reconhecimento por sua carreira.

Serão exibidos também os filmes de Boetticher "O Resgate de um Bandoleiro" (1957), com Randolph Scott e Maureen O'Sullivan, "Amanhecer Sangrento" (1957), com Randolph Scott, Noah Beery Jr. e Karen Steele, "Fibra de Heróis" (1958), com Randolph Scott, Peter Whitney e Craig Stevens, "O Homem Que Luta Só" (1959), com Randolph Scott, Lee Van Cleef, Karen Steele e James Coburn, e "Cavalgada Trágica" (1960), com Randolph Scott e Nancy Gates.

(© UOL Cinema)

 


Veja quais são todos os filmes da mostra oficial de Veneza 2007
Da Redação
A organização do Festival de Veneza anunciou nesta quinta-feira (26) a programação completa de sua 64ª edição, que vai de 29 de agosto a 8 de setembro. Veja todos os filmes que participam da mostra oficial do festival deste ano, que completa 75 anos de fundação:


Filmes em competição:

"Atonement" (Joe Wright, Reino Unido/EUA) - Filme de abertura
"The Darjeeling Limited" (Wes Anderson, EUA)
"Sleuth" (Kenneth Branagh, Reino Unido/EUA)
"Heya Fawda"/"Le Chaos" (Youssef Chahine, Egito)
"Redacted" (Brian De Palma, EUA)
"The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford" (Andrew Dominik, EUA)
"Nessuna Qualità agli Eroi" (Paolo Franchi, Itália/Suíça/França)
"Michael Clayton" (Tony Gilroy, EUA)
"Nightwatching" (Peter Greenaway, Reino Unido/Polônia/Canadá/Holanda)
"En la Ciudad de Sylvia" (José Luis Guerin, Espanha)
"In the Valley of Elah" (Paul Haggis, EUA)
"I'm not There" (Todd Haynes, EUA)
"Taiyang Zhaochang Shenqi"/"The Sun Also Rises" (Jiang Wen, China)
"Bangbang wo Aishen"/"Help me Heros" (Li Kangsheng, Taiwan)
"La Graine et le Mulet" (Abdellatif Kechiche, França)
"Se, Jie"/"Lust, Caution" (Ang Lee, Taiwan)
"It's a Free World..." (Ken Loach, Reino Unido/Itália/Alemanha/Espanha)
"L'Ora di Punta" (Vincenzo Marra, Itália)
"Sukiyaki Western Django" (Takashi Miike, Japão)
"12" (Nikita Mikhalkov, Rússia)
"Il Doce e l'Amaro" (Andrea Porporati, Itália)
"Les Amours d'Astrée et Céladon" (Eric Rohmer, França/Itália/Espanha)

Fora de concurso - Maestri:

"Cassandra's Dream" (Woody Allen, Reino Unido/EUA)
"Cleópatra" (Júlio Bressane, Brasil)
"La Fille Coupée en Deux" (Claude Chabrol, França)
"Chun-nyun-hack"/"Beyond the Years" (Im Kwon Taek, Coréia do Sul)
"Kantoku banzai!"/"Glory to the Filmmaker!" (Takeshi Kitano, Japão)
"Cristóvão Colombo - O Enigma" (Manoel de Oliveira, Portugal)

Homenagens:

Tim Burton - Leão de Ouro pela carreira
Bernardo Bertolucci - Leão de Ouro dos 75 anos do festival
Alexander Kluge - Homenagem
Western all´Italiana - Retrospectiva

(© UOL Cinema)


CONTARDO CALLIGARIS

Antonioni

Com ele, aprendi que, no amor, é bom não confundir verborragia com comunicação

DOIS ANOS atrás, assisti a "Eros", filme em três episódios de diretores diferentes: Michelangelo Antonioni, Steven Soderbergh e Wong Kar-wai.

Quase saí bem antes do fim. "Eros" começa com o episódio de Antonioni, que me pareceu de uma mediocridade constrangedora: os atores estão perdidos no set, as legendas são preferíveis aos diálogos e, como se não bastasse, há uma série de estereótipos intoleráveis.

Uma mulher nua em cima de um cavalo é uma metáfora erótica tão defunta que só deveria ser utilizada como farsa (exemplo de uma boa farsa: o nado sincronizado à la Esther Williams na cena primorosa dos Oompa-Loompas no lago da "Fantástica Fábrica de Chocolate" de Tim Burton).

Enfim, por sorte ou obstinação, agüentei firme e fui recompensado pelo episódio de Kar-wai, que é uma obra-prima.

A razão de meu constrangimento era simples: a obra de Antonioni, que morreu na semana passada, aos 94 anos, é das que mais me tocaram e me formaram. Deparar-me com um filme medíocre e assinado por ele (embora, presumivelmente, orquestrado por outros) forçava-me a interrogar o passado: o que eu acharia, hoje, dos filmes de Antonioni de 30 ou 40 anos atrás?

Decidi revê-los. Foi uma aventura de várias noites, que recomendo a todos: únicos e inconfundíveis, os filmes de Antonioni não envelheceram. Sua obra, além de ser cinematograficamente genial, continua valendo como uma extraordinária educação sentimental.

Em matéria de educação sentimental, aliás, ela só compete com a obra de Ingmar Bergman, que também acaba de perder seu jogo de xadrez com a morte. Antonioni e Bergman têm em comum um respeito extremo pela intimidade humana.

Talvez seja porque ambos tiveram que redescobrir a dignidade da vida depois da grande "aventura" coletiva da Segunda Guerra e a redescobriram na trama dos sentimentos.

Meus Antonionis preferidos se dividem em dois blocos. O primeiro inclui "A Aventura" (1960), "A Noite" (1961) e "O Eclipse" (1962) e foi chamado, na época, de "Trilogia da Incomunicabilidade". Nunca entendi por quê.

Continuo não entendendo. Os personagens de Antonioni só podem parecer pouco comunicativos aos olhos de uma cultura que confunda a verborragia com a comunicação, o falar com o dizer.

Tome "A Noite": poucos filmes ou livros nos dizem de maneira tão simples e correta o que é um casal e o que é um amor. E poucos amantes, cinematográficos ou literários, conseguem, como Giovanni (Marcello Mastroianni) e Lidia (Jeanne Moreau), em "A Noite", dizer tudo o que é preciso e NADA MAIS.

Com Antonioni, aprendi que há uma ética da troca amorosa. Por exemplo, num momento do filme, Lidia some pelas ruas de Milão, durante uma tarde inteira. Quando, enfim, ela se manifesta com um telefonema, a discrição de Giovanni não é um drama da "incomunicabilidade", é a reserva de quem, no amor, preserva o respeito pela complexidade do outro.

O cinema é uma boa parte de nosso repertório amoroso. Pois bem, no amor, como num set de filmagem, é necessário, de vez em quando, avisar: "Silêncio! Ação!". Qualquer casal, em crise ou não, que seja tentado pela idéia de sentar e "discutir a relação" poderia (com bastante proveito) sentar e assistir à "Noite".

Meus outros Antonionis preferidos são "Blow Up", de 1966, (misteriosamente traduzido como "Depois Daquele Beijo") e "Profissão: Repórter", de 1975. Esses dois filmes foram a melhor resposta que minha geração recebeu a seus anseios vagos e frustrados por uma "outra" vida, diferente da mesmice acomodada que receávamos para o futuro.

"Goldfinger", o primeiro James Bond com Sean Connery, saiu em 1964, dois anos antes de "Blow Up". "Goldfinger" é o exemplo perfeito da resposta padrão à nossa questão adolescente: podem sonhar todos com a fabulosa vida de agentes secretos, criminosos, detetives e por aí vai.

Pistola por pistola, dez anos depois, alguns, inspirados pela mesma proposta hollywoodiana, caíram na clandestinidade armada.

A resposta de Antonioni é mais sutil e diz que, claro, não é possível romancear a vida sem "ser outro constantemente" (a frase é de Fernando Pessoa, mas é também o recado de "Profissão: Repórter"). Agora, para romancear a vida, não é preciso encontrar destinos grandiosos. Basta enxergar o detalhe que sempre está presente num canto escuro da realidade cotidiana, ao alcance de uma ampliação fotográfica. ccalligari@uol.com.br

(© Folha de S. Paulo)

Publicidade

Pesquise no Site ou Web

Google
Web ItaliaOggi

Notizie d'Italia | Gastronomia | Migrazioni | Cidadania | Home ItaliaOggi