Mais de 400
obras mostram
criação do
cenógrafo,
iluminador e
figurinista que
morreu no ano
passado
Livia Deodato,
do Estadão
SÃO PAULO - Gianni
Ratto não admitiria
esta exposição de
arte sobre sua vida
e obra que será
inaugurada hoje, se
estivesse vivo. Quem
garante é sua
mulher,
Vaner Ratto,
responsável pela
seleção das quase
400 obras que
ficarão expostas até
o dia 23 de setembro
na Caixa Cultural.
"Gianni gostava de
trabalhar e isso,
para ele, não
significava
necessariamente
aparecer", afirma.
"Ele não gostava nem
de dizer que era
artista", completa
Gláucia Amaral,
amiga do casal desde
1997 e curadora da
mostra que vem sendo
articulada desde o
fim de 2005, um ano
antes dele morrer
aos 89 anos, vítima
de um câncer na
bexiga, em 31 de
dezembro do ano
passado.
Intitulada
Gianni Ratto -
Artesão do Teatro,
a mostra impressiona
logo no início.
Cinco imensos
painéis, de cerca de
4 metros de altura
cada um, mostram
planos da cenografia
de alguns dos mais
expressivos
trabalhos desenhados
pelo italiano: A
Tempestade, de
Shakespeare,
realizada pelo
diretor em 1948 no
Jardim de Boboli, em
Florença, Itália;
Crime e Castigo,
de Dostoievski,
também de 1948,
montada no Piccolo
Teatro de Milão;
Lucia di Lammermoor,
ópera de Gaetano
Donizetti, dirigida
por Ratto no Teatro
Scala em 1954, pouco
antes de vir para o
Brasil; O Canto
da Cotovia, de
Jean Anouilh,
montada em 1955, em
que se poderá
observar uma foto do
elenco (com Maria
Della Costa à
frente) ampliada,
recortada e
sobreposta ao
desenho do cenário;
e O Mambembe,
de Artur Azevedo, de
1959, com a Cia.
Teatro dos Sete,
formada por atores
do porte de Fernanda
Montenegro, Fernando
Torres, Sergio
Britto e Ítalo
Rossi, assim que
deixaram o Teatro
Brasileiro de
Comédia (TBC).
Sim, ele não só
dirigia, como também
atuava e
desempenhava com
rigor as funções de
cenógrafo,
iluminador e
figurinista. E parte
significativa de
cada uma dessas
facetas daquele que
foi considerado um
gênio do teatro
poderá ser conferida
pelo público a
partir de amanhã
(hoje para
convidados),
gratuitamente.
Figurinos utilizados
em seus espetáculos,
cedidos pelos
teatros municipais
do Rio e de São
Paulo, um
curta-metragem de
Luiz Fernando Ramos,
com depoimentos de
diversos artistas
amigos de Ratto,
além de uma
diferenciada
mapoteca que exibe o
passo-a-passo de
cada linha de seu
pensamento para a
montagem de um
espetáculo, são
elementos essenciais
para compreender o
rico universo
teatral do diretor
que fez do Brasil a
sua pátria.
Gianni
Ratto - Artesão do
Teatro.
Caixa Cultural -
Galeria da Paulista.
Avenida Paulista,
2.083, 3321-4400.
3.ª a sáb.,9 h às 21
h; dom., 10 h às 21
h. Grátis. Até 23/9.
(©
Agência Estado)
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