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Itália confirma que museu Getty devolverá 40 obras de arte

03/08/2007

Vênus de Morgantina, uma das obras que serão devolvidas
 

Roma (EFE) - O ministro da Cultura italiano, Francesco Rutelli, confirmou hoje que a Itália e o museu Getty, nos Estados Unidos, chegaram a um acordo "histórico" para que 40 obras de arte sejam devolvidas ao país. Para Rutelli, esta foi uma "vitória da ética compartilhada", da diplomacia cultural e um passo à frente no combate aos traficantes de bens culturais.

O ministro apresentou hoje o acordo obtido na quarta-feira, pelo qual serão devolvidas à Itália obras valiosas como a "Vênus de Morgantina" e outras esculturas, vasilhas, ânforas e partes de afrescos. No entanto, ainda resta conseguir um acordo sobre três das obras em negociação. As duas partes concordaram em adiar as conversas sobre uma das peças de maior valor, o "Atleta Vincitore", atribuída a Lisipo, até que a Justiça italiana conclua uma investigação em curso. Rutelli destacou que foi dado um passo para "estreitar o círculo em torno dos contrabandistas de arte", que sabem que enfrentam uma "forte colaboração" entre as instituições científicas, políticas, os grandes museus e a comunidade dos arqueólogos.

A Itália reivindicava do museu de Los Angeles obras das quais tem certeza de que eram provenientes de escavações ilegais, tiradas por contrabando do país e que foram compradas pelo Getty. O acordo, "benéfico para as duas partes", inclui uma colaboração contra o comércio ilegal de obras de arte, assim como o método a ser seguido caso surjam novas reivindicações, que serã...

O combate ao contrabando de bens culturais diminuiu nos últimos anos, mas Rutelli alertou que isto também "o torna mais atraente", pois com menos obras de arte roubadas o preço destas aumentam no mercado negro.

As negociações entre o ministério italiano e os responsáveis do Getty duraram um ano e três meses, durante o qual a Itália apelou para o "perfil ético".

As conversas tiveram momentos difíceis e só avançaram quando Rutelli deu um ultimato ao museu, até 31 de julho, para que um acordo fosse obtido.

As obras citadas no acordo serão devolvidas pelo Getty antes de 31 de dezembro, e o museu americano ficará a cargo de todas as despesas de envio e transporte, afirmou o ministro italiano.

A exceção será a "Vênus de Morgantina", uma das peças mais valiosas, de dois metros e esculpida entre 425 e 400 a.C., que foi roubada de uma escavação na Sicília em 1979.

A estátua, que "por si só vale um museu", segundo o ministro, só voltará à Itália em 2010, pois o museu já programou várias exposições nas quais a obra é peça central.

A Itália começou as negociações reivindicando 52 obras ao Getty, mas, sobre nove, o país acredita que não possui todas as provas para pedir a devolução, enquanto que outras três continuam em discussão, em vista de evidências científicas.

Já o bronze do "Atleta Vincitore", do século IV a.C e atribuído a Lisipo, recuperado em 1964 e expatriado ilegalmente para ser vendido, não será negociado até a conclusão de um processo em curso na localidade de Pesaro (leste), em cujas águas foi encontrado.

O Ministério de Cultura italiano emprestará material arqueológico ao Getty e serão organizadas mostras conjuntas, disse Rutelli.

Sobre o destino das obras devolvidas, Rutelli informou que, por enquanto, só foi decidido que a "Vênus de Morgatina" será exposta na Sicília.

(© Último Segundo)

 

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