Roma
(EFE) -
O ministro da
Cultura italiano,
Francesco Rutelli,
confirmou hoje que a
Itália e o museu
Getty, nos Estados
Unidos, chegaram a
um acordo
"histórico" para que
40 obras de arte
sejam devolvidas ao
país. Para Rutelli,
esta foi uma
"vitória da ética
compartilhada", da
diplomacia cultural
e um passo à frente
no combate aos
traficantes de bens
culturais.
O
ministro apresentou
hoje o acordo obtido
na quarta-feira,
pelo qual serão
devolvidas à Itália
obras valiosas como
a "Vênus de
Morgantina" e outras
esculturas,
vasilhas, ânforas e
partes de afrescos.
No entanto, ainda
resta conseguir um
acordo sobre três
das obras em
negociação. As duas
partes concordaram
em adiar as
conversas sobre uma
das peças de maior
valor, o "Atleta
Vincitore",
atribuída a Lisipo,
até que a Justiça
italiana conclua uma
investigação em
curso. Rutelli
destacou que foi
dado um passo para
"estreitar o círculo
em torno dos
contrabandistas de
arte", que sabem que
enfrentam uma "forte
colaboração" entre
as instituições
científicas,
políticas, os
grandes museus e a
comunidade dos
arqueólogos.
A
Itália reivindicava
do museu de Los
Angeles obras das
quais tem certeza de
que eram
provenientes de
escavações ilegais,
tiradas por
contrabando do país
e que foram
compradas pelo
Getty. O acordo,
"benéfico para as
duas partes", inclui
uma colaboração
contra o comércio
ilegal de obras de
arte, assim como o
método a ser seguido
caso surjam novas
reivindicações, que
serã...
O combate ao
contrabando de bens
culturais diminuiu
nos últimos anos,
mas Rutelli alertou
que isto também "o
torna mais
atraente", pois com
menos obras de arte
roubadas o preço
destas aumentam no
mercado negro.
As negociações entre
o ministério
italiano e os
responsáveis do
Getty duraram um ano
e três meses,
durante o qual a
Itália apelou para o
"perfil ético".
As conversas tiveram
momentos difíceis e
só avançaram quando
Rutelli deu um
ultimato ao museu,
até 31 de julho,
para que um acordo
fosse obtido.
As obras citadas no
acordo serão
devolvidas pelo
Getty antes de 31 de
dezembro, e o museu
americano ficará a
cargo de todas as
despesas de envio e
transporte, afirmou
o ministro italiano.
A exceção será a
"Vênus de
Morgantina", uma das
peças mais valiosas,
de dois metros e
esculpida entre 425
e 400 a.C., que foi
roubada de uma
escavação na Sicília
em 1979.
A estátua, que "por
si só vale um
museu", segundo o
ministro, só voltará
à Itália em 2010,
pois o museu já
programou várias
exposições nas quais
a obra é peça
central.
A Itália começou as
negociações
reivindicando 52
obras ao Getty, mas,
sobre nove, o país
acredita que não
possui todas as
provas para pedir a
devolução, enquanto
que outras três
continuam em
discussão, em vista
de evidências
científicas.
Já o bronze do
"Atleta Vincitore",
do século IV a.C e
atribuído a Lisipo,
recuperado em 1964 e
expatriado
ilegalmente para ser
vendido, não será
negociado até a
conclusão de um
processo em curso na
localidade de Pesaro
(leste), em cujas
águas foi
encontrado.
O Ministério de
Cultura italiano
emprestará material
arqueológico ao
Getty e serão
organizadas mostras
conjuntas, disse
Rutelli.
Sobre o destino das
obras devolvidas,
Rutelli informou
que, por enquanto,
só foi decidido que
a "Vênus de
Morgatina" será
exposta na Sicília.
(©
Último Segundo)
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