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Morre, aos 91 anos, o artista Odetto Guersoni |
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O artista
italo-brasileiro
Odetto
Guersoni
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Mostra dedicada ao
mestre das gravuras acaba de ser inaugurada na
Pinacoteca
Camila Molina, do
Estadão
SÃO PAULO - Morreu no
domingo, 8, pela manhã, em São Paulo, aos 91 anos, o
artista Odetto Guersoni, em decorrência de
complicações com a medicação que tomava para se
recuperar de uma trombose. No dia 30, Guersoni
inaugurou na sala do Gabinete de Gravura Guita e
José Mindlin, espaço dedicado a mostras de artes
gráficas na Estação Pinacoteca, uma retrospectiva de
sua produção de gravuras, com 54 obras realizadas
entre 1940 e 2003.
A mostra, com
curadoria de Ana Paula Nascimento, da equipe de
curadores da Pinacoteca do Estado, fica em cartaz
até 30 de setembro. Também neste ano, em abril,
Odetto Guersoni foi ao Sesc da Avenida Paulista na
cerimônia de entrega dos prêmio da Associação
Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), recebendo
homenagem por sua extensa trajetória como gravador,
pintor, escultor e professor.
Odetto Guersoni
nasceu em Jaboticabal, em 1916, filho de imigrantes
italianos. Quando criança, mudou-se para a cidade de
Monte Alto, mas no fim de sua adolescência, com 17
anos, rumou a São Paulo sozinho para estudar arte.
Formou-se em pinturas e artes decorativas pelo Liceu
de Artes e Ofícios, onde estudou na década de 1940.
Prestes Maia
Por sua formação,
suas primeiras obras foram mais as do campo
pictórico - “cultivava uma pintura de fria
observação da realidade”, como escreveu o crítico
Walter Zanini em texto de 1983 -, tanto que Guersoni
começou a freqüentar o ateliê do artista Mário
Zanini, grande incentivador de sua carreira. Por
causa dessa relação de amizade, Guersoni também
conheceu outros integrantes do Grupo Santa Helena,
do qual Zanini fazia parte. Ao mesmo tempo, Guersoni
também começou a lecionar arte, em 1945, no Serviço
Nacional da Indústria (Senai).
Em 1947, o
primeiro marco de sua trajetória foi a participação
da mostra do Grupo dos 19, na Galeria Prestes Maia,
que trouxe à tona obras de então jovens criadores (e
depois, importantes nomes da arte brasileira), como
Marcello Grassmann, Flávio-Shiró, Maria Leontina,
Aldemir Martins, Lothar Charoux e Luiz Sacilotto,
Mário Gruber.
É também nesse
período, em 1948, que Guersoni, com bolsa de estudos
concedida pelo Governo da França, vai a Paris
estudar pintura na Academie de la Grande Chaumière e
artes gráficas e industriais na École Superieur
d’Art Graphique Estienne. Foi quando ele descobriu o
gosto pela gravura, gênero pelo qual ficou conhecido
e pelo qual experimentou e criou novas técnicas, que
se tornaram sua marca, como se pode ver na mostra em
cartaz na Estação Pinacoteca.
Gravuras
Nas artes
gráficas, a primeira técnica explorada por Guersoni
foi a gravura em metal. Na França, ele fez
litografia (gravura que tem como matriz a pedra) -
apenas duas peças dessa técnica em toda a sua vida.
Realizou também xilogravuras, mas poucas, algumas na
década de 1950 sobre temas sociais inspirados no
expressionismo. Nessa época também, a amizade com
outro artista, Aldo Bonadei, foi importante para a
arte de Guersoni. Como Bonadei trabalhou com bordado
e costura - incluídos como uma técnica diferente de
gravura, a filigrafia, feita com utilização de fios
de lã costurados na matriz, o que permitia impressão
de relevos.
Depois, na 1960,
Odetto Guersoni cria uma obra também de caráter
experimental, mas mais voltada para a abstração. Em
um momento sua gravura é gestual, inspirada nas
obras do abstracionismo informal que aportavam nas
Bienais de São Paulo daquele período. Guersoni criou
a técnica da plastigrafia (na qual a matriz da
gravura é forrada por gesso ou argila, por exemplo,
e o artista faz o desenho usando objetos como um
pente, uma caneta), para fazer uma obra com uma
característica mais gestual.
No campo da
abstração, também fez obras de caráter geométrico e
repetitivo. “A natureza é feita de formas
geométricas. Basta reparar numa folha, numa flor e
no ser humano”, explicou o artista ao Estado em
1998. Dessa maneira, e a partir de então, Guersoni
cria as suas famosas mandalas; faz trabalhos em que
as formas vão se justapondo, algumas com forte
referência à optical art. Com o uso das cores, cria
até mesmo transparências. “As possibilidades de
combinações são infinitas, o que torna o ato da
procura fascinante”, disse em 2000, à historiadora
Mayra Laudanna.
(©
Agência Estado)
Odetto Guersoni, mestre das técnicas,
na Pinacoteca
Exposição que abre sábado mostra que
ele fez da gravura sua melhor expressão
Camila Molina, do Estadão
"Formas
Justapostas", xilogravura em cores
de 1975
SÃO PAULO - Neste ano, Odetto Guersoni
fez uma grande doação de 78 de suas obras à Pinacoteca do
Estado, conjunto que foi incorporado às peças de sua autoria
que já pertenciam ao museu. Artista nascido em 1924, fez
pinturas, esculturas, mas a gravura é seu gênero de
preferência. Guersoni dedicou grande parte de sua longa
trajetória a experimentar diversas técnicas da arte gráfica,
até mesmo, a inventar novas técnicas. É o que o público
poderá ver na exposição Odetto Guersoni no Gabinete de
Gravura Guita e José Mindlin, que será inaugurada neste
sábado, 30, no espaço dedicado a mostras de artes gráficas,
no terceiro andar da Estação Pinacoteca. Com curadoria de
Ana Paula Nascimento, a mostra apresenta a gravura de
Guersoni por meio de 54 criações realizadas entre a década
de 1940 e 2003.
A exposição, como diz Ana Paula, da equipe de curadores
da Pinacoteca, foi pensada para mostrar o percurso da
gravura de Guersoni. “Nela está uma das duas únicas
litografias que ele fez na vida”, diz a curadora. “Ele
sempre esteve em busca da perfeição”, completa.
Odetto Guersoni nasceu em Jaboticabal. Chegou a São Paulo
jovem, com 17 anos, para estudar arte, no Liceu de Artes e
Ofícios. Sua formação foi com a pintura e, como conta a
curadora, foi o artista Mário Zanini o seu grande
incentivador no início de sua carreira. A partir desse
convívio, Guersoni teve certa relação também com o Grupo
Santa Helena, do qual Zanini fazia parte, na década de 1940
- a litografia presente na mostra, Rua Fondary, Paris,
de 1948, que apresenta os arredores da cidade, uma tomada de
casarios, de certa maneira remete às pinturas que os
integrantes do grupo faziam. Mas, segundo Ana Paula
Nascimento, a relação com o Santa Helena não foi
determinante para a sua carreira. Se for para falar em
grupo, o melhor é destacar sua participação, em 1947, da
exposição do Grupo dos 19, com Marcello Grassmann, Sacilotto
e Lothar Charoux, entre outros, na Galeria Prestes Maia.
Gravura
Em 1948, Odetto Guersoni ganha uma bolsa do governo
francês e vai a Paris estudar. Lá descobre a gravura e
começa a se dedicar às artes gráficas, primeiro fazendo a
técnica do metal.
Depois dessa experiência, a gravura torna-se seu gênero
por excelência. Odetto Guersoni faz, por exemplo, gravuras
em sintonia com as preocupações expressionistas, como é
visível na xilogravura À Margem da Vida, de 1950.
Mas, ao mesmo tempo, é curioso como ele inicia suas
inovações.
Como diz a curadora, a amizade com outro artista, Aldo
Bonadei, foi importante para a arte de Guersoni. Bonadei
trabalhou com o bordado, com a costura, e com esse espírito
de experimentação eles desenvolvem a filigrafia, “que
consiste na utilização de fios de lã costurados na matriz,
em um suporte duro, permitindo a impressão de relevos”. Em
uma das obras feitas por meio dessa técnica, O Quadro, de
1952, duas figuras humanas, estilizadas, são feitas apenas
com uso de linhas.
Plastigrafia
Outra inovação de Guersoni, na década de 1960, foi a
técnica da plastigrafia, criada numa fase, segundo a
curadora, mais gestual de sua arte, influenciada pelos
caminhos apresentados nas Bienais de São Paulo naqueles
anos. Por meio da plastigrafia, a matriz da gravura é
forrada por gesso ou argila, por exemplo, e o artista faz o
desenho usando objetos como um pente, uma caneta.
A partir de então, a abstração vai se firmando nas obras
de Guersoni, inclusive, “a geometria se impõe”, afirma Ana
Paula. Um mestre em várias técnicas e frentes, Odetto
Guersoni faz obras em que as formas geométricas vão se
justapondo, com o uso das cores, ele cria até mesmo
transparências, faz relevos. Na década de 1970, ele cria
mandalas e obras também com referência à optical art (uma
das paredes da mostra é dedicada a essas séries).
Enfim, com o tempo, Guersoni vai misturando todas essas
experiências e, como vê o visitante, essa é uma mostra de um
artista que esteve “sempre pensando a gravura”, como afirma
a curadora, sem deixar de lembrar que o gravador também se
dedicou a ensinar.
Odetto Guersoni. Estação Pinacoteca. Largo General
Osório, 66, Luz, centro, tele- fone 3337-0185. De 3.ª a
dom., das 10 às 18 horas. R$ 4 (sáb. grátis). Até 30/9
(©
Agência Estado,
29 de junho de 2007) |
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