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O padre não registrou queixa e
desapareceu após o incidente |
Guilherme Aquino
De Milão
A ex-freira brasileira Silvia Gomes de Souza, de 39 anos, está
sendo acusada de incendiar a casa onde, supostamente, mantinha
encontros amorosos com um padre na Sicília.
A advogada da brasileira, Daniela Agnello, disse
que sua cliente teria agido "por ciúmes", depois de flagrar o amante com
outra mulher.
"Ela queria incendiar apenas os eletrodomésticos
que havia comprado para a residência, pois não gostaria que nenhuma
outra pessoa os utilizasse", disse Agnello à BBC Brasil.
Os bombeiros conseguiram impedir que a casa, na cidade
de Nizza Di Sicilia, de apenas 3,5 mil habitantes, fosse destruída.
Sutiã
Segundo o jornal italiano Gazzetta del Sud,
a brasileira teria dito "eu o amo, mas, mais cedo ou tarde, o mato",
enquanto era levada para a delegacia. Os policiais teriam descoberto uma
faca escondida no sutiã dela.
A primeira audiência do processo, em que é acusada
de incêndio doloso e porte de arma branca, será no dia 18 de setembro.
A advogada contou que Silvia conheceu Don Carmelo,
italiano, de 70 anos, quando ela começou a trabalhar na cidade como
acompanhante de um idoso com problemas de saúde.
A brasileira de Altonia, estado do Paraná, era uma
ex-freira de um convento em Roma.
"Ela me contou que sofria maus tratos na clausura,
por isso foi embora", explicou a advogada.
A aproximação com Don Carmelo ocorreu porque o
padre ia, frequentemente, à casa onde ela morava, para fazer a confissão
e a comunhão do idoso sob seus cuidados.
Quatro anos atrás, o idoso faleceu, e Silvia ficou
sem emprego. O padre ofereceu-lhe, então, uma casa, comida e salário de
700 euros para que ela fosse a "governanta" de sua residência em
Roccalumera, em contrato registrado em cartório.
Segundo a advogada, para manter a brasileira
legalmente na Itália, o padre teria encontrado um italiano disposto a se
casar com ela.
"Ela me disse que (Don Carmelo) arrumou um marido
italiano para a minha cliente para garantir a permissão oficial de
continuar no país sem ser uma clandestina", contou a advogada Daniela
Agnello.
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A brasileira Sílvia Gomes
de Souza |
Para encobrir a relação, segundo o jornal, o padre
passava muito tempo na paróquia de Nizza di Sicilia, um vilarejo
vizinho.
A advogada conta que, durante o período em que
estiveram juntos, a brasileira teria tido dois abortos naturais. "Os
filhos seriam dele", disse Daniela Agnello.
Mas, ainda segundo a advogada, o padre passou a ter
um caso com outra mulher, casada. Don Carmelo acabou demitindo Sílvia e
terminando o romance.
Depois do incidente, Don Carmelo desapareceu sem
fazer denúncia contra a brasileira, que ainda mora na casa incendiada.
A brasileira está em liberdade sob vigilância e
deverá prestar depoimento ao juiz Antonino Giacobello, da província de
Messina, em audiência marcada para o dia 18 de setembro.
A igreja não se pronunciou sobre o assunto.
(©
BBC Brasil)
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