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Jia Zhang-Ke |
Sanxia Haoren, de Jia Zhang-Ke, surpreende e leva
o Leão de Ouro; melhor documentário vai para o americano Spike Lee
Luiz Zanin Oricchio
Pela primeira vez um premiado com o Leão de
Ouro não figura no catálogo de Veneza. Isso porque Sanxia Haoren (Still
Life), de Jia Zhang-Ke, entrou no concurso a título de “filme surpresa”
e só foi conhecido e programado quando o festival entrava em sua segunda
metade. Passou pela primeira vez depois das 23h, depois de uma maratona
estafante durante o dia, o que significa que não foi visto por muita
gente, nem mesmo por muitos críticos. Daí a reação um tanto fria com sua
premiação. No entanto, quem se deu ao trabalho de ver o filme não
estranhou o Leão de Ouro concedido a Zhang-Ke, cineasta chinês da
chamada “sexta geração”, um habitué de Veneza - esteve aqui em 2000 com
Plataforma e, em 2004, com O Mundo, belos filmes, que já haviam chamado
a atenção do planeta cinema pelo modo como esse diretor, de 34 anos,
trata de maneira crítica o desenvolvimento acelerado e caótico do seu
país. Zhang-Ke, que não tem a obra distribuída em sua terra, disse que
“queria continuar a fazer filmes independentes para retratar as classes
mais desfavorecidas do meu país”.
Pronto, alguém precisava falar isso: a separação de classes está de
volta na China e o desenvolvimento econômico se faz à custa de graves
contradições. Uma delas, retratada no filme, mostra como a construção de
um dique no rio Yangtze fez desaparecer cidades inteiras e submergir
alguns milênios de cultura, deixando à deriva os habitantes mais pobres.
Preço do progresso? Pode ser. Mas Zhang-Ke sugere que a China, iludida
pela utopia da globalização, talvez esteja empenhando sua alma na
competição global.
Curioso é que Still Life (Ainda Vida, como os italianos traduziram) se
assemelha a um filme de ficção de face acentuadamente documental. Mais
curioso ainda é que Zhang-Ke concorria também na mostra Horizontes com o
documentário Dong, exato complemento do seu filme de ficção. Neste, o
cineasta acompanha o pintor Liu Xiao-Dong em sua visita à barragem que
logo fará submergir a região de Feng-jie, com seus dois mil anos de
história. Na mesma região da ficção, o pintor Xiao-Dong retrata 12
operários de uma comunidade que em breve será varrida do mapa chinês.
Vêm da China e do Oriente as imagens mais marcantes dessa 63ª Mostra de
Veneza. Mas não apenas. De um festival às vezes confuso e que pareceu
tantas vezes rendido à badalação midiática, saem valorizadas algumas
tendências mais estimulantes : a direção para Alain Resnais por seu
rigoroso e comovente Corações; a dupla premiação para The Queen, de
Stephen Frears (atriz para Helen Mirren e roteiro para Peter Morgan); o
Prêmio Especial do Júri para Daratt, do Chade, que traz a África de
volta a Veneza depois de 19 anos. Por fim, Leão especial para a dupla
Huillet-Straub “pela inovação da linguagem cinematográfica”. Prêmio
corajoso, pois Straub havia desagradado a muita gente com a mensagem
enviada ao festival, tida como uma espécie de apoio ao terrorismo contra
os EUA. Força jovem do Oriente, cinema de fronteira europeu, o
classicismo sólido da Grã-Bretanha, o sopro de vigor do Terceiro Mundo
africano - eis aí o que prevaleceu em Veneza. Mas há que se lembrar
também do documentário vencedor da seção Horizontes, o intenso,
apaixonado e politizado When the Levees Broke, de Spike Lee, sobre as
conseqüências do Katrina sobre os mais pobres de New Orleans. Outro
filme que pouca gente viu, dada a sua duração: quatro horas e 15
minutos, extenuantes porém necessárias.
Essa premiação, que valorizou bastante a inovação, a ousadia, o cinema
de empenho político, não se privou também de tropeços. Como revelou
depois um dos jurados, o italiano Michele Plácido, o filme chinês não
ganhou por unanimidade: derrotou o ótimo italiano Nuovomondo por 4 a 3.
Para não deixar o vencido de mãos vazias, foi criado um estranho Leão de
Prata para “revelação”, sendo que o diretor de Nuovomondo não é
exatamente novato. Está nos terceiro longa, foi premiado em Cannes por
Respiro, filme já lançado até mesmo no Brasil, país que não se
notabiliza pela atenção à produção da Itália.
Da mesma forma, o júri ignorou o desempenho intenso de Sergio Castellito
em La Stella que non c’è, de Gianni Amélio, e premiou Ben Affleck no
papel do primeiro intérprete do Super-Homem em Hollywoodland. Affleck
está ok e sustenta esse personagem trágico (o ator se suicida), mas
Castellito, trabalhando sobre um roteiro instável, dá de 10 em seu
colega de Hollywood. Mas os americanos não poderiam sair de mãos
abanando e assim Affleck foi ungido e Castellito preterido.
Esse desenho de premiação do júri presidido por Catherine Deneuve repõe
em seus lugares as coisas no planeta cinema. Por uma questão de mídia e
patrocínio, é preciso contar na passarela com estrelas como Meryl
Streep, Scarlett Johansson e tutti quanti. Já no retrato de encerramento
do festival, que entra para a História, figuram Jian Zhang-Ke, Alain
Resnais, Spike Lee, o casal Straub-Huillet, Crialese, Mahamat-Saleh
Haroun. Ninguém que seria convidado para a Ilha de Caras. É o que se
poderia chamar de justiça poética.
(©
Agência Estado)
AL CINESE JIA ZHANG-KE IL
LEONE D'ORO 2006
Al film sorpresa
Sanxia Haoren (Still Life) di Jia
Zhang-Ke il Leone d'Oro di Venezia63. Una scelta coraggiosa, ma fino a
che punto?
Come spesso accade, ogni aspettativa è stata prontamente stravolta. Il
Leone d’Oro di questa 63. Edizione della Mostra Internazionale d’Arte
Cinematografica di Venezia se lo aggiudica (è proprio il caso di dire
“a sorpresa”) il film del cinese Jia Zhang-Ke (nella foto),
Sanxia Haoren (Still Life),
presentato in Concorso all’ultimo momento e tutto sommato poco
considerato tra i possibili vincitori. Un’opera sicuramente di
altissimo valore, come già avevamo segnalato.
Va da sé, comunque, che il Leone d’Argento Rivelazione conferito a
Nuovomondo di Emanuele Crialese non può che lasciare
perplessi: se un titolo partecipa alla massima competizione di un
Festival così importante, si presume abbia già “rivelato” le sue
qualità ai selezionatori. E il riconoscimento assegnatogli suona
dunque come atto dovuto verso un film che, forse, doveva ottenere
qualcosa in più. Rimane ancora una volta a bocca asciutta Amelio,
nessun premio per
Bobby
di Emilio Estevez, fino all'ultimo dato per favorito insieme a
The
Queen di Stephen Frears, che comunque si aggiudica
la Coppa Volpi per l'interpretazione di Helen Mirren. Miglior
Interprete maschile, invece, è stato giudicato Ben Affleck per
Hollywoodland.
Di seguito, l’elenco con tutti i premi assegnati dalla Giuria
Ufficiale, presieduta da Catherine Deneuve e composta da José Juan
Bigas Luna, Paulo Branco, Cameron Crowe, Chulpan Khamatova, Park
Chan-wook, Michele Placido:
LEONE D’ORO per il miglior film:
LEONE D’ARGENTO per la migliore regia:
LEONE D’ARGENTO RIVELAZIONE:
PREMIO SPECIALE DELLA GIURIA:
Daratt
di Mahamat-Saleh Haroun
COPPA VOLPI per la migliore interpretazione maschile:
Ben Affleck
COPPA VOLPI per la migliore interpretazione femminile:
Helen Mirren
PREMIO MARCELLO MASTROIANNI a un giovane attore o attrice emergente:
Isild Le Besco
OSELLA per il miglior contributo tecnico:
Emmanuel Lubezki
OSELLA per la migliore sceneggiatura:
Peter Morgan
LEONE SPECIALE:
Jean-Marie Straub e Danièle Huillet
ORIZZONTI
La Giuria Orizzonti della 63. Mostra Internazionale d'Arte
Cinematografica, composta da Philip Gröning (Presidente), Carlo
Carlei, Yousri Nasrallah, Giuseppe Genna e Kusakabe Keiko, ha deciso
di conferire:
PREMIO ORIZZONTI:
PREMIO ORIZZONTI DOC:
PREMIO VENEZIA OPERA PRIMA “LUIGI DE LAURENTIIS”
La Giuria Opera Prima della 63. Mostra Internazionale d'Arte
Cinematografica della composta da Paula Wagner (Presidente), Guillermo
Del Toro, Mohsen Makhmalbaf, Andrei Plakhov, Stefania Rocca, ha deciso
di conferire il:
LEONE DEL FUTURO - Premio Venezia Opera Prima “Luigi De Laurentiis”:
Khadak
di Peter Brosens e Jessica Woodworth
CORTO CORTISSIMO
La Giuria Corto Cortissimo della 63. Mostra Internazionale d'Arte
Cinematografica della composta da Teboho Malatsi (Presidente),
Francesca Calvelli, Aleksej Fedorčenko, ha deciso di assegnare:
MENZIONE SPECIALE al film:
Adults Only di YEO Joon Han
PRIX UIP per il miglior cortometraggio europeo:
The Making of Parts di Daniel Elliott
LEONE CORTO CORTISSIMO per il miglior cortometraggio:
Comment on freine dans une descente? di Alix
Delaporte
(©
ZaBrisKIe pOInt)
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