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Sepultura faz trilha para A Divina Comédia, de Dante

Dante Alighieri


CD Dante XXI refaz o percurso musical do Inferno ao Paraíso; segundo o ex- baterista Iggor, eles usariam nome Sepultura até fim da turnê, mas banda não confirma

Adriana Del Ré

A odisséia pelo Inferno, Purgatório e Paraíso narrada por Dante Alighieri no livro A Divina Comédia não poderia ganhar melhor trilha sonora. A viagem alucinante à qual se lançou o personagem Dante, guiado pelo poeta Virgílio e inspirado pelo amor de sua musa Beatriz, é refeita musicalmente pelo som pesado da banda Sepultura, em seu novo CD Dante XXI (Krako Records).

Dentro da discografia da banda made in Brazil, mas com fama internacional, Dante XXI figura como seu terceiro álbum, digamos, temático. Eles já haviam feito algo do gênero em Roots (de 1996), inspirados pela cultura brasileira e africana, e depois em Nation (de 2001), em que flertavam com uma nação utópica. Para o guitarrista Andreas Kisser, a escolha de um caminho para o disco acaba sendo necessária. "Você chega a um ponto de escrever por escrever, fica sem sentido", diz.

A solução do tema partiu do vocalista Derrick Green, que puxou pela memória o estudo de A Divina Comédia nos tempos do colégio. Idéia acatada, todos se voltaram à obra, principalmente Kisser, que se aprofundou no assunto. Envolvidos em trilhas para cinema há tempos, tanto Kisser quanto o restante do Sepultura transferiram um pouco dessa experiência para o novo trabalho. "A idéia era fazer a trilha para o livro", conceitua o baixista Paulo Xisto.

Chamaram um parceiro recorrente nessas trilhas, André Moraes, para se encarregar da orquestração do CD. Ele cuidou dos arranjos mais elaborados, que requereram instrumentos nada usuais na sonoridade crua da banda, como celo e piano - estes utilizados para dar diferenciação às passagens do Purgatório e do Paraíso. "A sonoridade da parte do Inferno foi mais familiar, usamos elementos da banda, como bateria, baixo, guitarra", explica Kisser.

O ex-baterista Iggor Cavalera aparece nos créditos, mas decidiu abandonar a banda antes do início da turnê. Em seu lugar, entrou Jean Dolabella. Segundo Kisser, a saída de Iggor não foi tão traumática quanto a de Max, porque ele já vinha dividindo com os demais seu desejo de sair do Sepultura. "A gente estava esperando isso acontecer. Ele não estava demonstrando interesse em se dedicar à turnê", completa Xisto. Situação delicada, já que banda fica a maior parte do tempo na estrada. A turnê do novo CD, por exemplo, tem previsão de durar cerca de um ano e meio.

Em entrevista ao Estado, Iggor disse que o combinado é que banda use o nome Sepultura até o fim desta turnê. Paulo Xisto garantiu desconhecer essa combinação.

(© Agência Estado)


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