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Cientistas registram 'melodias de vulcão' na Itália

Monte Etna, na Itália, é o maior vulcão ativo da Europa

O ruído de baixa freqüência dos vulcões está sendo transformado em música numa tentativa de prever quando será a próxima erupção.

Pesquisadores na Itália já criaram um concerto baseado nos movimentos subterrâneos do Monte Etna, na Sicília.

A equipe agora está trabalhando em melodias do vulcão Tungurahua, no Equador, que teve uma erupção recente.

A equipe espera descobrir a melodia que pode ser o sinal, uma espécie de marca registrada, de uma erupção iminente. Os pesquisadores tentam conseguir isto combinando estágios precisos de atividade vulcânica nos dois vulcões.

"Se pudermos identificar padrões musicais que alertam para uma erupção então poderemos implementar medidas de proteção civil em dias ou horas antes dos eventos", disse o professor Roberto Barbera, da Universidade de Catania.

Dificuldades

Atualmente ainda não há um método definitivo para prever a erupção de um vulcão.

Cientistas monitoram ondas sísmicas, o número de terremotos e a intensidade de um tipo específico de terremoto, conhecido como tremor harmônico, antes de uma erupção.

Outros pesquisadores monitoram a mudança na forma do vulcão ou concentrações de gases emitidos.

Nesta semana os pesquisadores na Itália apresentaram uma nova técnica, conhecida como tomografia sísmica, que pode ajudar a monitorar ameaças vulcânicas no futuro.

O método, divulgado na revista científica Science, fornece fotografias instantâneas dos movimentos do magma (o produto rochoso fundido debaixo da crosta terrestre) de uma forma semelhante a um exame médico de tomografia computadorizada.

A técnica foi usada para mostrar o movimento do magma nas fases precedentes à erupção e durante a erupção do Monte Etna entre 2001 e 2003.

O método musical, conhecido como sonorização de dados, fornece mais uma ferramenta de trabalho para os vulcanologistas.

Informação e som

A sonorização de dados transforma informações complexas em sons audíveis. O método foi usado para analisar dados astronômicos compilados na colisão do cometa Shoemaker Levy com o planeta Júpiter.

O software de sonorização de dados usado no Monte Etna foi criado por Domenico Vicinanza no Instituto Nacional de Física Nuclear da Itália. O programa transforma as ondas sísmicas inaudíveis que percorrem a Terra em música.

Pesquisadores no Havaí conseguiram ouvir o som que marca uma uma pré-erupção usando som de baixa freqüência, infravermelho, que não pode ser ouvido por humanos.

A equipe do Pacífico usou uma rede infravermelha global, um "sistema de audição" que foi criado originalmente para detectar explosões nucleares, para verificar a aplicação do Tratado de Proibição de Testes Nucleares.

O sistema criado pelos pesquisadores italianos consegue criar sons que podem ser ouvidos por humanos.

Para criar uma partitura vulcânica, a equipe usa um sismograma, um registro gráfico de um terremoto que grava o intervalo e intensidade de ondas sísmicas, e registra os picos e pontos mais baixos em partituras em branco.

Os cientistas cobrem os contornos gerados pelo gráfico com notas musicais. Um sintetizador digital toca a música.

"É como um músico tocando o piano. Você nunca poderia imaginar que é um vulcão tocando música", disse o professor Barbera.

O programa usado, que reconhece padrões musicais, trabalha em rede.

"Podemos enviar dados para França, Argentina, México e Itália, e, então, fundir os resultados", afirmou.

(© BBC Brasil)


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