Jonathan Fildes
O ruído de baixa freqüência dos vulcões
está sendo transformado em música numa tentativa de prever quando será
a próxima erupção.
Pesquisadores na
Itália já criaram um concerto baseado nos movimentos subterrâneos do
Monte Etna, na Sicília.
A equipe agora está
trabalhando em melodias do vulcão Tungurahua, no Equador, que teve uma
erupção recente.
A equipe espera descobrir a melodia que pode ser o
sinal, uma espécie de marca registrada, de uma erupção iminente. Os
pesquisadores tentam conseguir isto combinando estágios precisos de
atividade vulcânica nos dois vulcões.
"Se pudermos
identificar padrões musicais que alertam para uma erupção então
poderemos implementar medidas de proteção civil em dias ou horas antes
dos eventos", disse o professor Roberto Barbera, da Universidade de
Catania.
Dificuldades
Atualmente ainda não
há um método definitivo para prever a erupção de um vulcão.
Cientistas monitoram
ondas sísmicas, o número de terremotos e a intensidade de um tipo
específico de terremoto, conhecido como tremor harmônico, antes de uma
erupção.
Outros pesquisadores
monitoram a mudança na forma do vulcão ou concentrações de gases
emitidos.
Nesta semana os
pesquisadores na Itália apresentaram uma nova técnica, conhecida como
tomografia sísmica, que pode ajudar a monitorar ameaças vulcânicas no
futuro.
O método, divulgado
na revista científica Science, fornece fotografias instantâneas
dos movimentos do magma (o produto rochoso fundido debaixo da crosta
terrestre) de uma forma semelhante a um exame médico de tomografia
computadorizada.
A técnica foi usada
para mostrar o movimento do magma nas fases precedentes à erupção e
durante a erupção do Monte Etna entre 2001 e 2003.
O método musical,
conhecido como sonorização de dados, fornece mais uma ferramenta de
trabalho para os vulcanologistas.
Informação e som
A sonorização de
dados transforma informações complexas em sons audíveis. O método foi
usado para analisar dados astronômicos compilados na colisão do cometa
Shoemaker Levy com o planeta Júpiter.
O software de
sonorização de dados usado no Monte Etna foi criado por Domenico
Vicinanza no Instituto Nacional de Física Nuclear da Itália. O programa
transforma as ondas sísmicas inaudíveis que percorrem a Terra em música.
Pesquisadores no
Havaí conseguiram ouvir o som que marca uma uma pré-erupção usando som
de baixa freqüência, infravermelho, que não pode ser ouvido por humanos.
A equipe do Pacífico
usou uma rede infravermelha global, um "sistema de audição" que foi
criado originalmente para detectar explosões nucleares, para verificar a
aplicação do Tratado de Proibição de Testes Nucleares.
O sistema criado
pelos pesquisadores italianos consegue criar sons que podem ser ouvidos
por humanos.
Para criar uma
partitura vulcânica, a equipe usa um sismograma, um registro gráfico de
um terremoto que grava o intervalo e intensidade de ondas sísmicas, e
registra os picos e pontos mais baixos em partituras em branco.
Os cientistas cobrem
os contornos gerados pelo gráfico com notas musicais. Um sintetizador
digital toca a música.
"É como um músico
tocando o piano. Você nunca poderia imaginar que é um vulcão tocando
música", disse o professor Barbera.
O programa usado,
que reconhece padrões musicais, trabalha em rede.
"Podemos enviar
dados para França, Argentina, México e Itália, e, então, fundir os
resultados", afirmou.
(©
BBC Brasil)