ROMA - A famosa
obra Monalisa, de Leonardo Da Vinci, é na verdade "o retrato de
uma jovem e bela mulher morta, cujos olhos não haviam sido fechados
ainda", segundo o livro escrito pelo lingüista italiano Mario Alinei,
Il Sorriso della Gioconda, recém-chegado às livrarias da
Itália.
É dessa forma que Alinei explica o
enigmático sorriso de Monalisa, que tem alimentado infinitas hipóteses
e inspirado escritores, poetas e cineastas ao longo dos séculos.
Assim, os olhos de Monalisa, que parecem seguir quem a observa,
lembram os versos do escritor e poeta italiano Cesare Pavese: "Verá a
morte, e terá os seus olhos".
O lingüista Alinei lança essa
surpreendente e inquietante idéia de que Leonardo Da Vinci tenha
pintado um retrato ambíguo da morte mascarada pela beleza viva, e
define Monalisa como uma "medusa moderna e eterna, que não flerta
conosco nem nos assusta, que não nos petrifica quando a observamos,
mas nos faz sentir o perfume do amor e depois nos leva a resvalar a
morte, deixando-nos perdidos à beira de um abismo".
Em sua pesquisa, Alinei chama
atenção para o fato de que as mãos de Monalisa estão uma sobre a
outra, "mórbidas e sinuosas, dão uma impressão de serenidade e
tranqüilidade que, por sua vez, é reforçada pelo relaxamento dos
músculos faciais. É necessário lembrar que o relaxamento muscular
máximo é o da morte?".
O lingüista acredita que Da Vinci
quis projetar uma sombra da morte em seu sorriso e em todo o quadro.
Além disso, para Alinei, a posição de Monalisa e a simplicidade de sua
vestimenta transmitem uma forte sacralidade que reforça a idéia da
morte, assim como a assimetria da paisagem, com o fundo dos montes,
das águas da criação e do fim do mundo.