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O senador
italiano Roberto Calderoli |
Roberto Calderoli, ex-ministro
do governo Berlusconi, afirma que Itália superou equipe sem identidade,
cheia de "negros, muçulmanos e comunistas"
ROMA - O
vice-presidente do Senado italiano, Roberto Calderoli, causou polêmica
nesta segunda-feira ao comemorar o título da Copa do Mundo com ofensas
racistas à seleção da França, derrotada por 5 a 3 na disputa de
pênaltis após o empate por 1 a 1, no domingo, em Berlim.
"Foi uma vitória de nossa
identidade, onde lombardos, calabreses e napolitanos venceram uma
seleção que sacrificou sua própria identidade ao escalar negros,
muçulmanos e comunistas", disparou o político, que já havia incendiado
o ambiente em fevereiro deste ano, quando pediu ao Papa Bento XVI uma
nova cruzada contra o avanço do Islamismo.
Ministro das Reformas do gabinete já
extinto de Silvio Berlusconi, Calderoli, que pertence à Liga Norte,
partido de extrema-direita conhecido pela intolerância com os
imigrantes, deixou o cargo depois de vestir uma camiseta com a efígie
de Maomé, o que não é tolerado pelos muçulmanos.
As palavras do ministro despertaram
reação rapidamente. O embaixador da França em Roma, Yves Aubin de la
Messuziere, disse que tais declarações são "inaceitáveis". "Frases
como essa só levam ao ódio racial", reclamou o francês. "É uma
vergonha para os italianos que alguém diga palavras como essas a um
país de antiga tradição democrática", disparou o deputado Angelo
Bonello, do Partido Verde.
A miscigenação racial da seleção
francesa já foi motivo de polêmica na própria França, onde o líder da
extrema-direita, Jean-Marie Le Pen, reclamou da presença de negros e
de imigrantes e da falta de "franceses puros" na equipe.
A própria expulsão de Zidane,
momento crucial da decisão, pode ter sido conseqüência de uma frase
racista. O jornal inglês Guardian divulgou que o zagueiro
Materazzi teria chamado o camisa 10 de "terrorista sujo", em
referência a suas raízes argelinas - e muçulmanas. O jogador italiano,
porém, nega o insulto.
(©
Agência Estado)
Seleção italiana é recebida com festa e ganha
homenagem
O presidente do
país, Giorgio Napolitano, recebeu a delegação da "Azzurra" e concedeu
a "Ordem do Mérito da República" pela conquista do tetracampeonato.
ROMA - Depois de
24 anos de espera sem conquistar um Mundial, milhares de torcedores
recepcionaram a seleção italiana nesta segunda-feira após a conquista
da Copa do Mundo da Alemanha, o quarto na história do país. O avião
com a delegação da "Azzurra" chegou na base militar de Pratica di
Mare, a 30 km de Roma, por volta das 18h30 (13h30 no horário de
Brasília), com cinco silhuetas de jogadores pintados em sua fuselagem.
Lembrando a cena promovida pelo
atacante brasileiro Romário em 1994, o piloto acenou com uma bandeira
da Itália da janela da cabine do avião na hora da aterrissagem. Na
saída da aeronave, o zagueiro e capitão Fabio Cannavaro ergueu a Copa
da Fifa para a alegria dos fãs que aguardavam os campeões. Ele estava
ao lado do treinador Marcello Lippi e do vice-presidente da Federação
Italiana de Futebol, Giancarlo Abete.
O goleiro Gianluigi Buffon, com
óculos escuros e a medalha de ouro pendurada no peito, desceu em
seguida, acompanhado pelo volante Gennnaro Gattuso. Assim como o meia
do Milan, alguns atletas chegaram no país com a cabeça raspada. A
atitude lembrou a cena após o apito final do confronto com os
franceses, quando Mauro Camoranesi deixou os companheiros cortarem o
seu rabo-de-cavalo no gramado para pagar a promessa pela conquista do
Mundial.
Durante as celebrações, a patrulha
aérea das Forças Armadas italianas, "as flechas tricolores",
executaram acrobacias inéditas para receber a seleção nacional de
futebol. Os caças soltaram fumaças com as cores da bandeira italiana
(verde, vermelho e branco).
"Vencer a Copa do Mundo é algo que
pode acontecer uma vez só na vida", afirmou o torcedor Manuel De
Paolis, 19, que foi recepcionar a equipe nacional. "Faria de tudo para
não perder isso, eu tinha que vir. A vitória sobre a França foi
fantástica. Teve um gosto de vingança depois que eles nos venceram em
1998 (Copa da França)", disse De Paolis. "Viemos porque para nós essa
é a primeira vitória na Copa. Não estávamos aqui em 1982, pra mim é
uma emoção inédita", explicou Federica Cotticelli, também de 19 anos.
Após a festa no aeroporto, os
jogadores seguiram à capital, onde foram recebidos pelo presidente
Giorgio Napolitano e pelo primeiro ministro Romano Prodi. No encontro,
Napolitano concedeu aos atletas, à comissão técnica e aos dirigentes
da federação local a "Ordem do Mérito da República" pela conquista do
tetracampeonato.
A homenagem reconhece os valores
esportivos e do espírito nacional. As insígnias, no entanto, só serão
entregues em uma data ainda não divulgada, durante cerimônia no
Palácio do Quirinale, sede da Presidência italiana, em Roma.
Somado a isso, o técnico Marcello
Lippi e seus jogadores desfilaram pelo centro de Roma em um ônibus
aberto até o Circus Maximus, onde cerca de 1 milhão de pessoas os
aguardavam.
(©
Agência Estado)
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