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Alessandro Del Piero |
Luís Augusto Monaco, DUISBURG
Del Piero incorporou mesmo o
personagem Aquiles, o heróico guerreiro da mitologia
grega. Ele se refere a si mesmo como Aquiles em quase
todas as entrevistas desde que disse, no início da Copa,
que tinha ficado em silêncio por um bom tempo com a
imprensa para se concentrar para a batalha que seria a
Copa - como o herói fazia antes de suas batalhas. Ontem,
no encerramento de sua coletiva, ele fez uma pergunta aos
jornalistas: "Vocês se lembram como acabou a Guerra de
Tróia?" A resposta foi que Aquiles tinha morrido. Então,
ele corrigiu.
"Isso foi depois. Primeiro ele venceu a guerra e destruiu
Tróia. Só depois disso é que foi atingido e morreu." A
analogia é clara. Del Piero sabe que esta Copa pode ser
sua última guerra pela seleção. Mas antes de "morrer"
buscará a glória final.
Se puder entrar logo na guerra, melhor ainda. Na semifinal
com a Alemanha, Del Piero substituiu Perrotta aos 13
minutos do primeiro tempo da prorrogação e foi decisivo
para a vitória, ajudando a criar chances e fazendo o
segundo gol. Mas seu sonho é ser titular domingo ou entrar
mais cedo na partida. "Quero desfrutar de cada minuto que
me for dado domingo, mas é claro que gostaria de jogar
mais do que 20 minutos.
Não é fácil decidir o jogo em tão pouco tempo. Tenho
certeza de que em 90 minutos posso fazer muito mais do que
fiz nos 20 que joguei contra a Alemanha." O discurso
repete algo que ele havia dito no início da Copa ao
comparar sua situação de reserva na seleção à de reserva
que teve na maior parte da temporada sob o comando de
Fabio Capello na Juventus. Na ocasião, disse que o fato de
ter saído do banco para resolver vários jogos para o seu
time não o fazia sentir-se conformado com a reserva.
Agora, deixa claro novamente que não lhe agrada o papel de
"talismã".
Del Piero considera que os dois melhores times do Mundial
chegaram à final. E, um pouco por superstição e um pouco
por sinceridade, apontou a França como favorita. "Antes da
partida de terça-feira, eu disse que a Alemanha era
favorita e ganhamos. Então, agora digo que é França",
disse, provocando risos dos jornalistas. "Mas falando
sério, acho que a França é mesmo favorita por chegar menos
estressada à final." O estresse a que ele se referiu não é
físico e sim psicológico.
"Vou dar três razões para justificar o que disse: a
pressão da imprensa durante a temporada é muito mais forte
na Itália do que na França; há um escândalo no futebol
italiano; todos nós fomos atingidos pela tragédia de
Pessotto (ex-jogador da Juventus que tentou o suicídio
semana passada)." Ganhar a última batalha será uma
vingança pessoal para o "Aquiles italiano". Em 2000, ele
perdeu dois gols fáceis quando a Itália ganhava por 1 a 0
da França na final da Eurocopa e depois do jogo disse que
era o culpado pela derrota. Ontem, afirmou que não deveria
ter dito aquilo.
E fechou com uma frase digna de Aquiles: "A história nos
espera em Berlim."
(©
Agência Estado)
Saiba+
sobre Alessandro Del Piero
Italianos não admitem, mas querem revanche
Luís Augusto Símon
Há mais rivalidade em jogo do que se imagina,
na decisão da Copa da Alemanha, marcada para domingo. Os italianos não
gostam de falar em vingança, mas é certeza que, se vencerem, todos se
lembrarão de 2 de julho de 2002, quando perderam para a França uma
Eurocopa que parecia definida. Wiltord empatou o jogo aos 49 minutos do
segundo tempo. E Trezeguet fez o gol da vitória - a decisão era pelo
"gol de ouro" - aos dois minutos da prorrogação.
A rivalidade não começou aí. Em 1938, a Itália venceu a França por 3 a 1
nas quartas-de-final do Mundial, que se realizava na França, e
conquistou o título vencendo a Hungria por 4 a 2.
Foi com uma vitória por 6 a 2 contra os franceses, em 1910 que a Itália
fez sua primeira partida profissional de futebol.
Os números mostram uma boa vantagem italiana com 17 vitórias, oito
empates e sete derrotas em 32 jogos. Marcou 75 gols e sofreu 44.
Mesmo com esses dados favoráveis, os jornalistas italianos sentiram
certo desconforto com a vitória francesa contra Portugal. Sabem que vão
ter pela frente um adversário duro na marcação e com o craque Zidane em
busca da mais gloriosa aposentadoria na história do futebol francês.
(©
Agência Estado) |