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O Aquiles Del Piero contra suas muralhas

07/07/2006

Alessandro Del Piero


Luís Augusto Monaco, DUISBURG

Del Piero incorporou mesmo o personagem Aquiles, o heróico guerreiro da mitologia grega. Ele se refere a si mesmo como Aquiles em quase todas as entrevistas desde que disse, no início da Copa, que tinha ficado em silêncio por um bom tempo com a imprensa para se concentrar para a batalha que seria a Copa - como o herói fazia antes de suas batalhas. Ontem, no encerramento de sua coletiva, ele fez uma pergunta aos jornalistas: "Vocês se lembram como acabou a Guerra de Tróia?" A resposta foi que Aquiles tinha morrido. Então, ele corrigiu.

"Isso foi depois. Primeiro ele venceu a guerra e destruiu Tróia. Só depois disso é que foi atingido e morreu." A analogia é clara. Del Piero sabe que esta Copa pode ser sua última guerra pela seleção. Mas antes de "morrer" buscará a glória final.

Se puder entrar logo na guerra, melhor ainda. Na semifinal com a Alemanha, Del Piero substituiu Perrotta aos 13 minutos do primeiro tempo da prorrogação e foi decisivo para a vitória, ajudando a criar chances e fazendo o segundo gol. Mas seu sonho é ser titular domingo ou entrar mais cedo na partida. "Quero desfrutar de cada minuto que me for dado domingo, mas é claro que gostaria de jogar mais do que 20 minutos.

Não é fácil decidir o jogo em tão pouco tempo. Tenho certeza de que em 90 minutos posso fazer muito mais do que fiz nos 20 que joguei contra a Alemanha." O discurso repete algo que ele havia dito no início da Copa ao comparar sua situação de reserva na seleção à de reserva que teve na maior parte da temporada sob o comando de Fabio Capello na Juventus. Na ocasião, disse que o fato de ter saído do banco para resolver vários jogos para o seu time não o fazia sentir-se conformado com a reserva.

Agora, deixa claro novamente que não lhe agrada o papel de "talismã".

Del Piero considera que os dois melhores times do Mundial chegaram à final. E, um pouco por superstição e um pouco por sinceridade, apontou a França como favorita. "Antes da partida de terça-feira, eu disse que a Alemanha era favorita e ganhamos. Então, agora digo que é França", disse, provocando risos dos jornalistas. "Mas falando sério, acho que a França é mesmo favorita por chegar menos estressada à final." O estresse a que ele se referiu não é físico e sim psicológico.

"Vou dar três razões para justificar o que disse: a pressão da imprensa durante a temporada é muito mais forte na Itália do que na França; há um escândalo no futebol italiano; todos nós fomos atingidos pela tragédia de Pessotto (ex-jogador da Juventus que tentou o suicídio semana passada)." Ganhar a última batalha será uma vingança pessoal para o "Aquiles italiano". Em 2000, ele perdeu dois gols fáceis quando a Itália ganhava por 1 a 0 da França na final da Eurocopa e depois do jogo disse que era o culpado pela derrota. Ontem, afirmou que não deveria ter dito aquilo.

E fechou com uma frase digna de Aquiles: "A história nos espera em Berlim."

(© Agência Estado)

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Italianos não admitem, mas querem revanche

Luís Augusto Símon

Há mais rivalidade em jogo do que se imagina, na decisão da Copa da Alemanha, marcada para domingo. Os italianos não gostam de falar em vingança, mas é certeza que, se vencerem, todos se lembrarão de 2 de julho de 2002, quando perderam para a França uma Eurocopa que parecia definida. Wiltord empatou o jogo aos 49 minutos do segundo tempo. E Trezeguet fez o gol da vitória - a decisão era pelo "gol de ouro" - aos dois minutos da prorrogação.

A rivalidade não começou aí. Em 1938, a Itália venceu a França por 3 a 1 nas quartas-de-final do Mundial, que se realizava na França, e conquistou o título vencendo a Hungria por 4 a 2.

Foi com uma vitória por 6 a 2 contra os franceses, em 1910 que a Itália fez sua primeira partida profissional de futebol.

Os números mostram uma boa vantagem italiana com 17 vitórias, oito empates e sete derrotas em 32 jogos. Marcou 75 gols e sofreu 44.

Mesmo com esses dados favoráveis, os jornalistas italianos sentiram certo desconforto com a vitória francesa contra Portugal. Sabem que vão ter pela frente um adversário duro na marcação e com o craque Zidane em busca da mais gloriosa aposentadoria na história do futebol francês.

(© Agência Estado)

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