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Paolo Rossi: 'Toni é muito melhor que eu'

02/07/2006

Paolo Rossi, ex-jogador da Itália


Luís Augusto Monaco, ENVIADO ESPECIAL, DUISBURG

O homem que deu a última grande alegria ao futebol italiano circula diariamente pela “Casa Azzurri”, o ponto de encontro de jornalistas e convidados dos patrocinadores da seleção em Duisburg. Paolo Rossi, o carrasco do Brasil em 1982 (fez 3 gols nos 3 a 2) e artilheiro daquele Mundial com seis gols, participa ao vivo dos programas do canal Sky - do qual é um dos comentaristas na Copa do Mundo da Alemanha - e, quando não está no estúdio, é requisitado a cada dois passos para dar um autógrafo ou posar para uma foto.

Ontem, depois de almoçar e tomar um café, ele falou com o Estado enquanto fumava um cigarro. “Pode ficar tranqüilo que eu não jogo mais”, brincou, ao saber que estava diante de um jornalista brasileiro. A três meses de completar 50 anos, ele comentou o alívio que Luca Toni deve estar sentindo por finalmente ter desencantado no Mundial e lembrou seu jogo inesquecível contra a Alemanha - rival da Azzurra na semifinal de terça-feira em Dortmund: a final de 82.

Entre as coincidências que os italianos buscam entre o time de hoje e o que foi campeão na Espanha, a última é que Toni marcou pela primeira vez na quinta partida, como aconteceu com você em 82...
Esta é a única comparação entre nós dois (sorriu). Toni é muito mais alto, muito melhor do que eu no cabeceio...

Quanto pesa para um artilheiro demorar para marcar numa Copa?
Pesa muito, pode ter certeza. E o pior é que quanto mais você pensa nessa situação, pior fica sua cabeça. Hoje, como não jogo mais, é muito fácil dizer que o negócio é não pensar nisso. Mas quando se está lá dentro é uma situação muito complicada, por isso tenho certeza de que daqui para a frente Toni vai jogar com mais confiança e isso fará crescer seu rendimento. Foi o que aconteceu comigo.
Lippi sempre apoiou Toni e disse que tinha certeza de que ele ainda seria muito importante para o time.

Como Enzo Bearzot te ajudou a lidar com o jejum em 82?
Um grande técnico sempre apóia os seus jogadores e Lippi e Bearzot são grandes técnicos. O que um atacante precisa saber é que em tudo na vida há momentos em que as coisas dão certo e outros em que não saem tão bem. Às vezes a bola bate em você e entra, às vezes você capricha e perde um gol fácil. Mas se você sabe fazer gol, não vai esquecer do dia para a noite como se faz.

Você foi campeão em cima da Alemanha. Qual a melhor recordação daquela partida?
Sem dúvida, o meu gol. Foi muito mais bonito do que o golaço de Tardelli de fora da área (rindo). Tem uns três ou quatro gols que fiz e não esquecerei nunca, e o daquela final é um deles. Gentile cruzou baixo da direita e eu me joguei na bola por instinto, sem ter certeza de que a alcançaria.

Nas últimas duas Copas a Itália foi eliminada pela seleção da casa. Teme que isso se repita terça-feira?
É muito duro jogar contra o time da casa, mas acho que psicologicamente a posição da Itália é mais confortável. Para a Alemanha, não chegar à final seria uma enorme frustração. Para nós, não seria o fim do mundo. Nossa campanha já é bem positiva.

(© Agência Estado)

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