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Paolo Rossi, ex-jogador da
Itália |
Luís Augusto Monaco, ENVIADO ESPECIAL,
DUISBURG
O homem que deu a última grande alegria ao
futebol italiano circula diariamente pela “Casa Azzurri”, o ponto de
encontro de jornalistas e convidados dos patrocinadores da seleção em
Duisburg. Paolo Rossi, o carrasco do Brasil em 1982 (fez 3 gols nos 3 a
2) e artilheiro daquele Mundial com seis gols, participa ao vivo dos
programas do canal Sky - do qual é um dos comentaristas na Copa do Mundo
da Alemanha - e, quando não está no estúdio, é requisitado a cada dois
passos para dar um autógrafo ou posar para uma foto.
Ontem, depois de almoçar e tomar um café, ele falou com o Estado
enquanto fumava um cigarro. “Pode ficar tranqüilo que eu não jogo mais”,
brincou, ao saber que estava diante de um jornalista brasileiro. A três
meses de completar 50 anos, ele comentou o alívio que Luca Toni deve
estar sentindo por finalmente ter desencantado no Mundial e lembrou seu
jogo inesquecível contra a Alemanha - rival da Azzurra na semifinal de
terça-feira em Dortmund: a final de 82.
Entre as coincidências que os italianos buscam entre o time de hoje e o
que foi campeão na Espanha, a última é que Toni marcou pela primeira vez
na quinta partida, como aconteceu com você em 82...
Esta é a única comparação entre nós dois (sorriu). Toni é muito mais
alto, muito melhor do que eu no cabeceio...
Quanto pesa para um artilheiro demorar para marcar numa Copa?
Pesa muito, pode ter certeza. E o pior é que quanto mais você pensa
nessa situação, pior fica sua cabeça. Hoje, como não jogo mais, é muito
fácil dizer que o negócio é não pensar nisso. Mas quando se está lá
dentro é uma situação muito complicada, por isso tenho certeza de que
daqui para a frente Toni vai jogar com mais confiança e isso fará
crescer seu rendimento. Foi o que aconteceu comigo.
Lippi sempre apoiou Toni e disse que tinha certeza de que ele ainda
seria muito importante para o time.
Como Enzo Bearzot te ajudou a lidar com o jejum em 82?
Um grande técnico sempre apóia os seus jogadores e Lippi e Bearzot
são grandes técnicos. O que um atacante precisa saber é que em tudo na
vida há momentos em que as coisas dão certo e outros em que não saem tão
bem. Às vezes a bola bate em você e entra, às vezes você capricha e
perde um gol fácil. Mas se você sabe fazer gol, não vai esquecer do dia
para a noite como se faz.
Você foi campeão em cima da Alemanha. Qual a melhor recordação
daquela partida?
Sem dúvida, o meu gol. Foi muito mais bonito do que o golaço de Tardelli
de fora da área (rindo). Tem uns três ou quatro gols que fiz e não
esquecerei nunca, e o daquela final é um deles. Gentile cruzou baixo da
direita e eu me joguei na bola por instinto, sem ter certeza de que a
alcançaria.
Nas últimas duas Copas a Itália foi eliminada pela seleção da casa.
Teme que isso se repita terça-feira?
É muito duro jogar contra o time da casa, mas acho que
psicologicamente a posição da Itália é mais confortável. Para a
Alemanha, não chegar à final seria uma enorme frustração. Para nós, não
seria o fim do mundo. Nossa campanha já é bem positiva.
(©
Agência Estado) |