DE MUDANÇA
Representação atenderá a partir do dia 27 em edifício na av. Paulista
FERNANDO BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um
dos bairros mais nobres de São Paulo verá, no fim do mês, a partida do
consulado italiano. Deve ganhar, em troca, um instituto cultural com
teatro e salas de aula sobre o país europeu.
É o
plano de Gian Luca Bertinetto, cônsul-geral, para o terreno de 2.000 m2
onde fica o casarão que hoje sedia o Consulado Geral da Itália em São
Paulo, na avenida Higienópolis (centro da cidade).
"Nos
fundos, uma nova edificação de dois ou três pavimentos abrigará o teatro
para até 250 espectadores e salas para aulas de cultura italiana", diz
Bertinetto.
O
imóvel, construído em 1922, está em processo de tombamento nos órgãos de
patrimônio da prefeitura e do governo estadual, o que impede mudanças
sem aprovação. Segundo o cônsul, o casarão abrigou o Circulo Italiano,
de 1958 a 1965, antes de ser adquirido pelo governo daquele país, e
agora será restaurado -com a colaboração da comunidade italiana em São
Paulo, espera ele.
Bertinetto diz que, após assumir, em setembro de 2003, começou a pensar
em mudar o consulado para um local mais amplo. No final daquele ano, o
imóvel foi invadido por ladrões armados e duas funcionárias foram
assaltadas ao saírem do trabalho, o que fez a diplomacia italiana
reclamar ao Itamaraty. Além disso, o casarão fica a um quarteirão da
Divisão Anti-Seqüestro (DAS) da polícia paulista.
A
nova sede será aberta no dia 27, na avenida Paulista, 1963. O prédio de
sete andares tem 5.000 m2. O consulado de São Paulo tem jurisdição sobre
mais quatro Estados: Acre, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia.
A
expectativa do cônsul é melhorar o serviço. Em média, 160 pessoas são
atendidas por dia para obter passaportes, vistos, cidadania e até
aposentadorias.
Só na
Grande São Paulo são 7 milhões de descendentes. No próximo dia 26, a
central de informações do consulado já estará à disposição dos usuários
pelo novo telefone: 0/xx/11/3549-5699.
Casarão em estilo francês
O
casarão da avenida Higienópolis foi erguido em 1922 para servir de casa
à família de Oscar Rodrigues Alves. O sobrado em estilo clássico francês
foi feito com um recuo de 20 m, em um terreno de 25 m de frente por 83 m
de fundo. Desde o início do tombamento, em 1992, os projetos de
ampliação ou novas edificações devem ser submetidos à aprovação dos
órgãos de preservação.
A
construção segue a tendência do início do século passado, em que os
barões do café abriram suas casas ao longo da avenida. Os antigos
moradores do bairro dos Campos Elíseos, comerciantes e industriais,
também optaram pelos loteamentos feitos por Martinho Buchard e Victor
Nothmann.
Os
casarões remanescentes devem ter destinação cultural. É o caso do Clube
São Paulo, entre as ruas Martinico Prado e Dona Veridiana, antiga
residência da família Prado, de 1884. O casarão recém-adquirido pelo
shopping Pátio Higienópolis, dos anos 20, onde fica hoje a unidade
anti-seqüestro, terá uso cultural.
Higienópolis foi o primeiro bairro residencial a se verticalizar em São
Paulo. Na década de 40-50 tiveram início as construções de prédios, no
que se denomina hoje modernistas. Entre eles, o edifício Prudência e
Capitalização, de Rino Levi, e dois edifícios de apartamentos do
escritório de J. Artacho Jurado: o Bretagne, na avenida Higienópolis, e
o Parque das Hortências, na avenida Angélica.
(©
Folha de S. Paulo)