da France Presse, em Roma
O assessor do Festival de Veneza
para a América Latina, o chileno Rodrigo Díaz, disse que a presença
dos filmes da região será pequena --apenas quatro dos 170 escolhidos
para serem exibidos. Entre eles, nenhum brasileiro, apenas três
argentinos e um colombiano. O evento acontece de 1º a 11 de setembro.
"Este foi um ano excepcional. A
comissão encarregado de selecionar se encontrou com um número altíssimo
de filmes sofisticados, da alta qualidade, provenientes de países com
cinematografias rodadas, como a francesa, a italiana e a japonesa",
disse Díaz, ao explicar as razões da ausência de filmes
latino-americanas na competição oficial.
Dos quatro filmes realizados por
diretores provenientes da América Latina, selecionadas para participar
nas várias seções paralelas do festival, três são dirigidas por
argentinos, Alejandro Agresti ("Un Mundo Menos Pior"), Ana Poliak
("Parapalos") e Pablo Trapero ("Familia Rodante") e uma pelo colombiano
Sergio Cabrera ("Perder es Cuestión de Método").
A 61ª edição da Mostra de Cinema
de Veneza não apenas deixou de incluiu produções latino-americanas na
seção oficial, na qual competem 21 filmes pelo famoso Leão do Ouro, como
se viu obrigada a descartar as obras "boas" por decisão da comissão
selecionadora.
"Foram apresentados cerca de 60
filmes da América Latina, de cineastas com excelente trajetória como o
chileno Silvio Caiozzi ou a brasileira Alice de Andrade, mas que ao
final foram excluídos pela comissão", afirmou Díaz.
A comissão selecionadora do
festival, designada pelo italiano de origem suíça Marco Müller,
especialista em cinema asiático e grande patrocinador do cinema
latino-americano, que dirige pela primeira vez a Mostra, gozou de total
independência de critério e não levou em conta o lugar de procedência.
"Trabalhamos da melhor forma que
podemos, mas as críticas são inevitáveis", disse Müller ao apresentar o
programa da mostra no final de julho.
"Tentamos escolher o melhor, sem
nos prender a critérios geográficos", disse Müller, que confessou não
ter explicações para a ausência do cinema sul-americano e africano da
seleção oficial.
"Produzi durante minha vida
muitos filmes de regiões distantes. Simplesmente escolhemos o melhor do
que vimos, cerca de 1.300 filmes."
Os quatro críticos
cinematográficos da comissão selecionadora se depararam com um número
elevado de boas produções, principalmente européias, motivo pelo qual o
festival deste ano foi definido como "Mostra dos Grandes Nomes", com
nomes como o do alemão Win Wenders, do espanhol Alejandro Amenabar, do
italiano Gianni Amelio e da indiana Mira Nair.
Para Díaz, que dirige há 20 anos
o festival do cinema latino-americano de Trieste (norte da Itália), a
produção cinematográfica do continente tem problemas de execução que
afetam diretamente as obras.
"Não é um problema de talento nem
de idéias, mas de produção. É que em geral um diretor na América Latina
não tem recursos suficientes para terminar um filme e a idéia é
modificada. Esta idéia mágica de uma obra termina por se perder", disse.
Outro problema ainda mais
complexo é cultural. "A Europa espera de nós um cinema comprometido. Não
quer nem comédia nem aventura, motivo pelo qual o espaço se restringe",
afirmou.
(© Folha
Online)
Veja quais são os filmes que participam da competição
em Veneza
da France Presse, em Veneza
Veja a lista dos 21 filmes que
disputam o Leão de Ouro e dos 21 que concorrem na seção Horizontes do
61ª Festival de cinema de Veneza, que acontece de 1º a 11 de setembro:
Leão de Ouro:
- "Le Chiavi di Casa", de Gianni Amelio (Itália-França-Alemanha)
- "Mar Adentro", de Alejandro Amenábar (Espanha)
- "Lavorare con Lentezza", de Guido Chiesa (Itália)
- "L'intrus", de Claire Denis (França)
- "Rois et Reine", de Arnaud Desplechin (França)
- "Promised Land", de Amos Gitai (Israel-França)
- "Birth", de Jonathan Glazer (EUA)
- "Cafe' Lumiere", de Hou Hsiao-Hsien (Japão)
- "Ha-ryu-in-saeng", de Im Kwon-taek (Coréia)
- "Shijie", de Jia Zhangke (China - Japão)
- "Vera Drake", de Mike Leigh (Reino Unido)
- "Stray Dogs", de Marziyeh Meshkini (Irã)
- "Howl's Moving Castle", de Hayao Miyazaki (Japão)
- "Vanity Fair", de Mira Nair (EUA)
- "5 x 2'"(Cinq Fois Deux), de Francois Ozon (França)
- "Delivery", de Nikos Panayotopoulos (Grécia)
- "Ovunque Sei", de Michele Placido (Itália)
- "Udalionnyj Dostup", de Svetlana Proskurina (Rúsia)
- "Palindromes", de Todd Solondz (EUA)
- "Land of Plenty", de Wim Wenders (Alemanha)
- "Tout un Hiver Sans Feu", de Greg Zglinski (Suíça)
Horizontes:
- "Un Mundo Menos Peor", de Alejandro Agresti (Argentina - Itália)
- "Mysterious Skin", de Gregg Arakki (EUA)
- "Les Revenants", de Robin Campillo (França)
- "Ambasadori, Cautam Patrie", de Mircea Danieluc (Romênia)
- "Les Petits Fils", de Ilan Duran Cohen (França)
- "La Femme de Gilles", de Frederic Fonteyne (Bélgica-França-Luxemburgo)
- "A Love Song for Bobby Long", de Shainee Gabel (EUA)
- "Stryker", de Noam Gonick (Canadá)
- "The 3 Rooms of Melancholia", de Pirjo Honkasalo
(Finlândia-Suécia-Dinamarca)
- "Criminal", de Gregory Jacobs (EUA)
- "L'enfant Endormi", de Yasmine Kassari (Marrocos-Bélgica)
- "Vento di Terra", de Vincenzo Marra (Itália)
- "Saimir", de Francesco Munzi (Itália)
- "Agnes und Seine Brüder", de Oskar Roehler (Alemanha)
- "Yesterday", de Darell James Roodt (África do Sul)
- "Te lo Leggo in Gli Occhi", de Valia Santella (Itália)
- "Zulu Love Letter", de Ramadam Suleman (África do Sul)
- "Izo", de Miike Takashi (Japão)
- "Familia Rodante", de Pablo Trapero (Argentina-Espanha)
- "Vital", de Shinya Tsukamoto (Japão)
(© Folha
Online)
Apesar de polêmica, Itália
concederá cidadania a Robert de Niro
da France Presse, em Roma
As autoridades italianas deram
início aos trâmites necessários para conceder a cidadania ao ator
norte-americano Robert De Niro, neto de imigrantes italianos, apesar das
críticas da comunidade ítalo-americana.
O Ministério da Cultura italiano
solicitou toda a documentação necessária tanto nos Estados Unidos como
na Itália para dar a cidadania ao ator, famoso por suas atuações em
"Taxi Driver" e "O Poderoso Chefão".
De acordo com um porta-voz do
ministério, se não houver problemas burocráticos, "De Niro receberá a
cidadania nos primeiros dias de setembro, durante sua estadia em Veneza
para o festival de cinema".
O anúncio da possível concessão
da cidadania a De Niro causou graves protestos na comunidade
ítalo-americana, que escreveu uma carta ao primeiro-ministro Berlusconi
pedindo que a negasse.
Na carta, a influente organização
"Other Sons of Italy in America", pede que não se premie um ator que só
interpreta mafiosos. "De Niro não fez nada para promover a cultura
italiana nos Estados Unidos, e mais, é responsável por ofender
gravemente a reputação dos italianos e ítalo-americanos", disse.
Os bisavôs do ator, Giovanni Di
Niro e Angelina Mercurio, nascidos em Ferrazzano, província de
Campobasso, no sul da Itália, imigraram há cerca de um século para os
Estados Unidos onde o sobrenome passou a ser "De Niro".
Na região, existe um clube de
admiradores que realiza há sete anos um festival de cinema em sua honra
e prepara a entrega do título de cidadão emérito de Ferrazzano para o
ator.
(© Folha
Online)