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Livro descreve Pavarotti como a pior das prima-donas |
06/08/2004
Tim Page
Do Washington Post
Um dos livros mais comentados
— e certamente mais maldosos — do ano chega às prateleiras em outubro: o
autor é Herbert Breslin, um dos homens de negócios de mais sucesso na
música clássica. Ele já foi empresário de artistas como Marilyn Horne,
Placido Domingo, Itzhak Perlman, Leonard Slatkin e Georg Solti, além do
personagem-tema de seu livro: “O rei e eu: a história proibida da
ascensão de Luciano Pavarotti por seu empresário, amigo e eventual
adversário”. O livro traz um retrato do competitivo — e nem sempre
glamouroso — mundo da ópera.
Pavarotti foi o cliente mais
famoso de Breslin durante mais de 30 anos, mas a tumultuada separação
dos dois, há cerca de dois anos, transformou o tenor na baleia branca de
Breslin, que não perde a chance de jogar-lhe um arpão.
Segundo o autor, o livro é “a
história de um belo homem, simples, amável, que se tornou um astro
determinado, agressivo e às vezes infeliz”.
Pavarotti é apresentado como uma
criança petulante, que chama seus colegas de stupido e outros
termos semelhantes; denuncia Domingo como “cantor do mercado negro”, que
teria sido cruel com José Carreras; insiste para ser levado de carro ao
dentista, em Nova York, a um quarteirão de distância de sua casa.
Temeroso da comida em uma
excursão à China, Pavarotti mandou embrulhar um restaurante inteiro e o
levou consigo. Ele esquece (ou nem tenta aprender) as letras, mastiga
frases e dubla os concertos, quando está cansado. No livro, aparece como
um machão, que descreve Nicoletta Mantovani — que seria sua segunda
mulher — como “a favorita do meu harém”.
Cantor teve atuação desastrosa no cinema
Segundo Breslin, Pavarotti “deve
ter ganho e perdido mais de dois mil quilos” ao longo dos anos. Em sua
desastrosa estréia no cinema, a comédia romântica “Yes, Giorgio”, de
1992, ele estava tão preocupado com sua postura que não fazia nada que
pudesse provocar risadas — e isso pode ser grave, em se tratando de uma
comédia. O livro descreve uma cena em que Pavarotti e a atriz principal,
Kathryn Harrold, acabam jogando macarrão e queijo um no outro.
“Muito pouca gente teria levado
uma guerra de comida a sério, mas ele levou”.
Breslin nunca sofreu de falsa
modéstia — ele chega a dizer que sua missão é “encontrar o próximo
Herbert Breslin, mais do que o próximo Pavarotti”: “Ninguém conhece
música clássica e sua indústria melhor do que eu”, informa, no prefácio
do livro. “Quer uma prova? Comandei a carreira de Luciano Pavarotti, a
mais vitoriosa da música clássica, por 36 anos”.
No começo, Breslin admite que
Pavarotti era um grande músico: “Ajudei a construir Luciano Pavarotti”,
diz ele. “Mas não poderia fazer outro. É necessário um Pavarotti para se
ter um Pavarotti. E não vem mais nenhum por aí”.
(© O Globo)
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