Da Redação
Em São Paulo
Os italianos estão com o Brasil engasgados na garganta. Pela
segunda vez, em 15 dias, uma seleção nacional, jogando diante dos
tiffosi (como são conhecidos os torcedores italianos), conquistou um
título de importância mundial. Depois da equipe masculina conquistar a
Liga Mundial, as mulheres brasileiras venceram as italianas e
conquistaram o tetracampeonato do Grand Prix.
A vitória foi tranqüila. Na
melhor apresentação da equipe no torneio, o Brasil derrotou as rivais
por 3 sets a 1 (25-19, 25-19, 24-26, 25-19) em uma hora e 34 minutos,
neste domingo, em Reggio Calabria, na Itália.
Este é o segundo título
brasileiro conquistado em cima das rivais neste ano. Em junho, no
torneio amistoso Valle d'Aosta, o Brasil venceu por 3 sets a 0. Este
também é o primeiro título internacional sob o comando do técnico José
Roberto Guimarães.
"Fizemos uma boa campanha durante
todo o torneio. Só perdemos contra Cuba na fase de classificação.
Poderíamos já estarmos em Atenas", resumiu o técnico brasileiro.
Para a atacante Mari, maior
revelação do vôlei nacional, a conquista do título foi graças ao bom
entrosamento do grupo. "Não tinha como a gente não
ganhar. O grupo é muito bom".
Já a veterana Virna, que tenta em
Atenas a sua terceira medalha olímpica, preferiu dedicar a vitórias as
jogadoras cortadas na última semana. "Este título vai para a Leila e
Carol. Elas foram importantes nesta campanha".
Com o título, o Brasil torna-se o
maior vencedor da história do Grand Prix com quatro títulos
(94/96/98/04) e apaga a má impressão deixada nas últimas cinco edições
do torneio. Desde 1999, a seleção não chegava numa final e, no ano
passado sob o comando do técnico Marco Aurélio Cunha, as brasileiras
amargaram a sétima posição.
Apesar da derrota, o
vice-campeonato conquistado pelas italianas é o melhor resultado em
Grand Prix. Até então, a seleção número quatro do ranking mundial da
Federação Internacional de Vôlei (FIVB), tinha como melhor resultado o
quinto lugar conquistado em 1998 e 2003.
O Jogo
Ao entrarem em quadra para enfrentarem as italianas, o técnico Zé
Roberto tinha medo que a equipe sentisse o cansaço da partida do dia
anterior contra os Estados Unidos, quando o Brasil venceu no quinto set
após duas horas de duração. Mas não foi isso que se viu em quadra.
As brasileiras entraram em quadra
muito vibrantes, postura diferente das últimas partidas. Mesmo assim, a
partida começou muito equilibrada e, no primeiro tempo técnico, as
brasileiras lideravam por apenas um ponto (8-7). A parada fez bem ao
Brasil, que aumentou o seu volume de jogo na defesa. Com isso Virna e
Érika aproveitaram os contra-ataques para colocar o país na frente e
fechar a primeira etapa em 25-19, em 22 minutos.
No segundo set, foi a vez do
bloqueio brasileiro melhorar a sua produtividade com boas atuações de
Walewska e Mari. Desfalcadas da musa Maurizia Cacciatori contundida,
coube a Francesca Piccinini as bolas decisivas da Itália. Porém a
jogadora de 1,80m não conseguia passar pelo bloqueio brasileiro, que por
meio de Walewska, fechou a série por 25-19.
Nervosas, as italianas foram
presas fáceis para as brasileiras no princípio do terceiro set (8-3).
Mas, com o apoio dos torcedores que lotaram o ginásio de Palaentimele,
as donas da casa reagiram e viraram o jogo (16-15). A partida então
tornou-se dramática para a equipe nacional. Com bons bloqueios de Nadia
Centoni, as italianas venceram o set por 26-24.
O quarto set começou com o
anterior. As brasileiras com um bloqueio muito forte abriu vantagem no
placar (8-4). Porém, as italianas reagiram e equilibraram a partida com
bons ataques de meio. Aí foi a vez da dupla Fernanda Venturini-Mari
aparecer e conduzir o time à vitória por 25-19 e ao título do
campeonato.
(© UOL)