Braulio Lorentz
Depois de atuar como solista em mais de 100
trilhas sonoras no cinema italiano e americano,
o trompetista Mauro Maur vem ao Brasil para dar
uma amostra de seu trabalho em filmes clássicos
como Amarcord, La strada, La dolce vita e Bugzy.
Todas estão confirmadas na programação de As
Grandes Músicas do Cinema Italiano, que ocupa a
Sala Cecília Meireles, na Lapa, hoje às 20h.
– Minhas expectativas sempre são altas para
concertos no Brasil, porque conheço os
espectadores. Já é a quinta vez que me
apresento. Sei que conhecem todo o repertório,
mas ainda assim é desafiador – comenta o músico
nascido em Trieste, Nordeste da Itália, em
entrevista por telefone ao Jornal do Brasil de
um hotel no Leme.
O concerto faz parte da Festa da República
Italiana, que continua com a exposição Fratelli
d’Italia, inaugurada no próximo dia 18, no Museu
de Arte Moderna, no Parque do Flamengo.
No palco, Maur, 50 anos, tem a companhia da
pianista canadense Françoise de Clossey. Eles
contam com o reforço do Quarteto Rio de Janeiro.
Juntos, vão executar composições de Ennio
Morricone, Piero Piccioni e Nino Rota. Além de
compor para o teatro e ser maestro de orquestra,
Maur é o primeiro trompete da orquestra do
Teatro Dell’Ópera de Roma desde 1985.
Maur e Clossey já desfilaram seu repertório
de pérolas do cinema italiano, que inclui
grandes concertos barrocos e clássicos
contemporâneos, em salas nos Estados Unidos,
Rússia, Japão e em vários países do continente
europeu.
– O repertório tem uma parte do que fiz com
Enio Morricone em mais de 16 anos de trabalho –
conta Maur. – Tento achar o equilíbrio perfeito
entre as muitas possibilidades de lidar com essa
obra. A plateia percebe a relação com a trilha
sonora, mas as produções não são iguais. Temos
um novo arranjo para um concerto.
Sobre o fato de esta ser uma sessão gratuita,
o trompetista comemora:
– Acho que deveria ser pelo menos muito
barato. É importante que seja assim.
No cinema, trabalhou com Nino Rota
(1911-1979) no último filme do célebre
compositor. A amizade do trompetista com
Giulietta Masina e Federico Fellini fez com que
recebesse convites das famílias para que tocasse
nos funerais de ambos.
O músico italiano já se apresentou com Gloria
Gaynor, Placido Domingo, I Solisti Veneti, The
Youth Orchestra of the Americas, Barbara
Hendrix, Nini Rosso, Leonard Bernstein, Riccardo
Muti e muitos outros.
A música produzida no Brasil é incensada pelo
músico e compositor, que se diz fã de cantores
como Tom Jobim e Chico Buarque.
– A música brasileira é bem difícil de ser
copiada – elogia Maur. – Estando em qualquer
parte do mundo, imediatamente você descobre de
onde ela é. As canções são feitas de modo muito
particular, têm uma mágica só delas.
O evento para comemorar o aniversário de 63
anos da Itália como república é promovido pelo
Instituto Italiano di Cultura e o Consulado
Geral da Itália. Os festejos começaram em 29 de
maio, com sessões de longas e curtas no Espaço
de Cinema e Cine Odeon.
(©
JB Online)
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