Músicos
Arto Lindsay e Kassin apresentaram desfile de
rua que marcou o início da participação
brasileira no evento
Na sexta-feira também foi aberto o pavilhão
brasileiro, com os artistas Delson Uchôa e Luiz
Braga e curadoria de Ivo Mesquita
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA
Com bailarinos no abre-alas, ao som de batuques,
guitarras e programações digitais, o cortejo
lembrava mais um bloco de Carnaval moderno
brasileiro do que a festa dos mascarados
venezianos, embora percorresse animadamente um
pedaço da margem do canal de San Marco e
dobrasse a rua Giuseppe Garibaldi, nas
proximidades das duas principais áreas onde
acontece a 53ª Bienal de Veneza -os Giardini e o
Arsenale.
Quem liderava a
coisa, na noite da última sexta, era o
compositor, produtor e performer Arto Lindsay,
na companhia do músico Kassin.
Nascido nos
EUA, radicado no Brasil e casado com uma baiana,
Arto formou-se nos círculos da cultura de
vanguarda de Nova York e assinou a produção de
discos de artistas brasileiros famosos, como
Marisa Monte e Caetano Veloso. Ele foi convidado
por Daniel Birnbaum, curador da Bienal, a
apresentar um projeto. Decidiu-se por um desfile
inspirado no Carnaval da Bahia.
Em 2004, Arto e
o artista contemporâneo norte-americano Mathew
Barney criaram uma espécie de bloco em Salvador.
Depois disso, em 2008, também a convite de
Birnbaum, ele apresentou um cortejo performático
em Frankfurt (Alemanha), intitulado "I Am a
Man". Em Veneza, a performance ganhou o nome de
"Multinatural (Blackout)".
"Esse formato
oferece várias possibilidades e cria relações
interessantes. É musical, teatral e literário,
parece uma ópera", disse Arto à Folha no sábado,
sentado numa mesa do bar Paradiso, na entrada
dos Giardini, onde se localizam os pavilhões
nacionais que fazem parte da Bienal.
A coreografia
foi criada por Richard Siegel, que trabalhou com
bailarinos e estudantes de Veneza. Na parte
musical, os principais nomes, além de Arto e
Kassin, eram o baiano Marivaldo Paim, do bloco
do Ilê, e os norte-americanos Melvin Gibbs e
Peter Zuspan.
Como acontece
no Carnaval, o desfile em Veneza foi
arregimentando curiosos e animados que
acompanharam o grupo ensaiando passos de dança
e, principalmente, filmando e fotografando.
No mesmo dia,
pela manhã, foi aberto o Pavilhão Brasileiro nos
Giardini, com os artistas Delson Uchôa e Luiz
Braga -e curadoria de Ivo Mesquita, responsável
pela edição passada da Bienal de São Paulo.
A arte
brasileira em Veneza tem ainda a participação de
Renata Lucas, Sara Ramo e Cildo Meireles, no
Arsenale, onde também foi montada a obra "Ttéia
I", de Lygia Pape (1927-2004), premiada com uma
Menção Especial pela Bienal.
(©
Folha de S. Paulo)
"Bienal do Cheio" tem recordes
ENVIADO
ESPECIAL A VENEZA
Aberta ontem
para o público, a 53ª Bienal de Veneza, com o
título "Fazer Mundos", em nada lembra a edição
passada do evento de São Paulo, que ficou
conhecida como Bienal do Vazio. A mostra
italiana, a mais tradicional do gênero, de vazia
não tem nada. Ao contrário, poderia ser
apelidada de Bienal do Cheio -ou do Excesso.
Ignorando os
prognósticos de muitos críticos e curadores
sobre o esgotamento do modelo de grandes
exposições, Veneza ampliou seus espaços e
aumentou o número de representações nacionais e
de artistas. Sem falar nos 44 eventos paralelos,
a maior quantidade já registrada na Bienal.
Nos Giardini, o
tradicional pavilhão italiano foi reformado e
rebatizado de Palácio das Exposições da Bienal,
que passará a abrigar mostras durante o ano. As
reformas chegaram ao Arsenale, que ganhou mais
área expositiva e recebeu representações
nacionais, que atingiram o número recorde de 77.
Com apoio de
empresas privadas e galerias, a mostra veneziana
nunca esteve tão agigantada -o que transformou a
semana passada numa verdadeira maratona de
inaugurações, festas e eventos.
(©
Folha de S. Paulo)
Lygia Pape está
na entrada da mostra, que apresenta obras de
mais 90 artistas, de 77 países.
Uma
obra da brasileira Lygia Pape (1927-2004) abre a
Bienal de Artes de Veneza. A instalação feita
com fios de ouro iluminados por spots presos ao
teto é a primeira imagem que os visitantes
encontram no principal evento de arte
contemporânea do cenário internacional.
Diagonais e quadrados atravessam o espaço com se
fossem feixes de luzes e representam o ápice da
pesquisa tridimensional da brasileira. A obra
está na entrada da mostra, nas margens do Grande
Canal.
Depois da instalação da brasileira, em espaços
que somam um total de 88 mil metros quadrados,
estão expostas as obras de outros 90 artistas,
de 77 países - um recorde de presença.
A bienal exibe desde a ousadia da projeção em
uma parede das sombras de uma orgia até
canteiros de peões de obras, em uma instalação
que retrata o crescimento urbano das cidades,
passando por esculturas feitas com pneus de
bicicletas e espelhos de água que refletem a
fotografia de uma montanha nevada.
A obra de Lygia Pape foi inserida como cartão de
visitas porque expressa o título da Bienal deste
ano, "Fazer Mundos", e reúne diferentes
linguagens da arte, como o desenho, a
instalação, a escultura e a pintura. A ideia é
mostrar os trabalhos modernos e discutir a
influência de gerações passadas.
"A mostra está ancorada na história da arte
contemporânea graças à presença de artistas como
Lygia Pape, Yoko Ono, Blinky Palermo. Elas são
constantes fontes de inspiração para os artistas
mais jovens. E em anos recentes estiveram sempre
no centro de discussões acirradas dentro da
comunidade artística", afirma o diretor Daniel
Birnbaum, na apresentação da exposição.
"Pape trabalhou em diferentes campos da pintura,
da escultura, da dança, foi uma das artistas
mais inovadoras do seu tempo", acrescenta. A
obra de Lygia Pape foi criada em 2002, mas serve
como introdução para obras concebidas apenas
para a Bienal.
Parada musical
Daniel Biernbaum, diretor sueco de 46 anos de
idade, colocou no programa até mesmo uma parada
musical, ao longo de várias ruas de Veneza, com
o americano Arto Lindsay, radicado no Brasil.
"A mostra vai criar novas realidades artísticas,
que deverão ir além das expectativas das
instituições e do mercado", afirma.
Durante a Bienal, Veneza se transforma em uma
imensa galeria a céu aberto. Para se chegar aos
locais tradicionais da exposição, passa-se por
um submarino artístico ancorado diante de um
palácio do século 15, ou por uma escultura
gigante de um cadeira que tem ao lado um pacote
de cigarros.
Uma experiência interessante é caminhar pelo
cais de Veneza, nas proximidades da Piazza San
Marco, entre a beleza arquitetônica da cidade e
a fila de iates de luxo. Entre um barco e outro,
foi instalado um telão em que são exibidas
imagens animadas de trânsito no asfalto, algo
que não existe em Veneza.
Artistas das Ilhas Comores apresentam uma
instalação bem característica. O pequeno
arquipélago, localizado entre Madagascar e o
continente africano, ancorou na frente dos
Jardins um barquinho de madeira, com um enorme
contêiner. Quem passa tem a impressão de que
alguém ainda não terminou o trabalho de
descarregar o material embarcado.
Mais à frente, o artista israelense Harush
Shlomo navega em círculos com uma
lancha-instalação, tendo em uma das mãos o timão
e em outra uma vara de pescar com um peixe no
anzol. O barco aparece, em parte, submerso,
apenas a proa e a popa estão acima do nível do
mar - e ninguém sabe se ele irá afundar ou não.
Suicida
Os pavilhões nacionais da mostra abrigam de tudo
um pouco. O espaço da Finlândia exibe uma
piscina em que o manequim de um homem flutua
como se fosse o corpo de um suicida.
O pavilhão da Espanha apresenta as obras de
Miquel Barceló - séries de pinturas sobre
primatas, paisagem africana e espuma das ondas
do mar impressionam pelo impacto visual. Em uma
delas, gorilas solitários nascem de um pequeno
ponto do quadro e, em perspectiva, ocupam toda a
tela.
O espaço do Brasil apresenta para Veneza duas
realidades com cores bem vivas: a de Maceió, com
os quadros de Delson Uchoa, e a de Belém, com os
painéis fotográficos de Luiz Braga. O pintor
exibe telas armadas em superfícies inusitadas
como lonas.
"Qualquer brasileiro sente a vaidade de
representar o seu país, ainda mais sendo
nordestino. Na minha obra, eu trato a cor e a
luz que é o Brasil no seu estado puro", disse
Braga à BBC Brasil. "É um testemunho de que (o
país) vive no círculo luminoso do planeta. O
público percebe a nossa identidade calorosa,
algo que não poderia acontecer na Sibéria."
Já as fotografias de Luiz Braga "pescam" o
visitante pelos tons suaves com os quais ele
conta a realidade amazônica.
"Eu nunca imaginei ver uma visitação tão diversa
e constante aqui em Veneza. Gente do mundo
inteiro esta vindo aqui. Eu trouxe o Brasil
longe dos estereótipos", diz o fotógrafo.
"A minha fotografia privilegia o Brasil natural,
a brasilidade da rotina das pessoas e não aquela
dos índios, do carnaval, do gringo, aquilo não
me interessa", acrescenta Braga, diante do
painel de um barco cheio de redes que navega
durante a noite pelos rios da Amazônia. BBC
Brasil - Todos os direitos reservados. É
proibido todo tipo de reprodução sem autorização
por escrito da BBC.
(©
Estadão)
Veneza abre sua ''feira de instalações''
É o que
virou a Bienal deste ano, por incentivo dos
curadores, que pediram aos artistas para
criar a partir do espaço concedido
Numa
quantidade extensa de traduções, Fare Mondi,
título da 53ª Bienal de Arte de Veneza,
aberta ontem para o público, agrega uma
série de significados, como diz o alemão
Jochen Volz, que, ao lado do sueco Daniel
Birnbaum, assina a curadoria desta edição.
Volz faz uma lista de possibilidades em
torno do tema: Fazer Mundos, em português,
poderia remeter a algo mais prático; em
alemão, a um ato grandioso; em sueco, a uma
construção de caráter espiritual; em
francês, a ação mais pragmática, e assim por
diante. Ele vai elencando conotações, não
deixando de chamar a atenção para aquele
ideal de que as atuações dos artistas podem
carregar todas as significações ao mesmo
tempo.
Uma medida dos curadores foi levar os
criadores a fazerem suas obras pensando no
espaço específico que teriam na mostra e,
assim, Fare Mondi se transformou,
principalmente, numa Bienal de instalações
(algumas grandes e poucas de impacto),
repleta de trabalhos de 2009 e com
intervenções por vários pontos do Arsenale.
Um exemplo é o zepelim "entalado" pelo
mexicano Héctor Zamorra (ele vive no Brasil)
em um dos corredores do local.
Outra ideia foi a de que não existe uma
linha reta da história da arte, mas
confluências de pesquisas entre consagrados
e jovens ao mesmo tempo. Só que a base da
mostra são as experimentações do terreno
conceitual a partir dos anos 1960. "Pensamos
em quais artistas têm uma atualidade, são
vivos, e ao mesmo tempo, referência", diz
Volz ao Estado. Por isso, não há as obras do
chamado caráter histórico nas exposições.
O italiano Michelangelo Pistoletto, nascido
em 1933, participa no Arsenale com uma
instalação de 2009, Vinte e Dois Menos Dois,
em que coloca grandes espelhos emoldurados
quebrados pela ação de uma marretada (ela
está lá para remeter ao frescor da ação). Em
cada espelho, material que aparece na obra
do artista desde a década de 1961, faz-se um
desenho diferente, os estilhaços ficam no
chão, nesse trabalho espetaculoso e
conceitual.
Em todos esses sentidos, a participação da
brasileira Lygia Pape (1927-2004) nesta
Bienal de Veneza ganhou grande destaque,
tanto que ela ganhou uma das menções
honrosas, no sábado à tarde, na cerimônia de
premiação, que culminou com os troféus Leão
de Ouro para a japonesa Yoko Ono e para o
americano John Baldessari. O de melhor
artista ficou para o alemão Tobias
Rehberger, que fez intervenção na cafeteria
dos Giardini; a de artista jovem para a
sueca Nathalie Djurberg,que exibe a
instalação Experiment, um jardim surreal de
plantas e bichos agigantados feitos de papel
marché, animações e música, tudo se reunindo
numa atmosfera organizada e propositalmente
de mau gosto; e aos Estados Unidos coube o
prêmio de melhor representação nacional por
apresentar em seu pavilhão, nos Giardini, a
mostra Topological Garden, de Bruce Nauman,
com obras de 1967 até 2005, com suas famosas
frases ou palavras em néon e trabalhos
escultóricos de temática em torno da cabeça
e das mãos.
A instalação Ttéia (2004), de Lygia, é a
primeira obra do Arsenale (em amplo espaço
escuro, fios de ouro saem de formas
quadradas, se transformando em feixes de luz
de quase imaterialidade). A obra tornou-se
ponto de partida para que os curadores
pensassem todo o espaço do Arsenale. Foi
assim com a obra do argentino Tomas
Saraceno, a grande instalação Galáxias
Formadas por Fios, Como Teias de Aranhas
(numa tradução livre), mas esta no pavilhão
Biennale, nos Giardini - é uma das mais
chamativas para o público: uma construção
com fios de náilon preto toma toda uma sala
e obriga que o público circule por dentro
dela.
Além da Ttéia, o Livro da Criação (1959) de
Lygia, no pavilhão Biennale, é uma
preciosidade. Como afirma Volz, este
trabalho de formas geométricas feitas em
cartão e acompanhadas de breves escritos
compõe uma narrativa essencial: "No
princípio tudo era água", assim começa. Ele
diz que é "obra-prima do neoconcretismo
brasileiro" e agrega ao mesmo tempo o
caráter formal e a relação com o público e
trata da "dimensão social" da arte. "Não
existe uma divisão entre o politicamente
ativista e a rigidez formal. Sempre há uma
urgência do artista em criar a partir de uma
relação com a vida atual sem abandonar a
pesquisa de visualidade", defende Volz, de
37 anos - há 5 ele é diretor artístico do
Instituto Cultural Inhotim em Minas Gerais,
o que explica sua proximidade com o Brasil.
A instalação inédita do carioca Cildo
Meireles, "Pling Pling", de 2009, também é
um grande destaque, no Arsenale. Seis salas
coloridas, vibrantes e em sequência - roxo,
azul, verde, amarelo, laranja e vermelho -
têm cada uma em seu interior, numa das
quinas de suas paredes, um monitor de TV
onde está projetada a imagem filmada daquela
mesma quina. Num momento inesperado, a cor
do lugar projetado se transforma em outra e
Cildo faz, na verdade, um sistema de
contrastes - o espaço roxo fica com a tela
amarela, o verde, com a tela vermelha, e
assim por diante. O visitante vai passando
por ele, sala a sala. "Talvez seja seu
trabalho mais formal, mas é político
também", diz Volz, lembrando também a
relação com a pintura.
A Bienal de Arte de Veneza é a mais
tradicional de todas. Nos pavilhões dos
chamados Giardini, ficam as representações
de cada país. A do Brasil, deste ano,
selecionada pelo curador Ivo Mesquita, exibe
fotografias do paraense Luiz Braga e
pinturas do alagoano Delson Uchôa, jogando,
nos dois casos, luz para certa poética da
cor, chave da criação de ambos. Além da
representação premiada, dos EUA, com mostra
de Nauman, vale destacar o pavilhão da
Polônia, com a videoinstalação Hóspedes, de
Krzystof Wodiczko, sobre a imigração.
(©
Estadão)
Veneza revive "dolce vita" de luxo na Bienal de
Arte
MIGUEL
CABANILLAS
da Efe, em Veneza (Itália)
Veneza vive o
retorno a uma muito particular "dolce vita", na
qual luxuosos iates se misturam com chapéus,
lenços e óculos dos anos 40 e 50 usados pelos
visitantes e artistas que enchem a cidade dos
canais, por ocasião da Bienal de Arte.
O chapéu
conhecido como "borsalino", nome que recebe
devido à empresa fundada pelo italiano Giuseppe
Borsalino, que o criou, é um elemento tão comum
estes dias pela cidade dos canais como as
mostras de arte contemporânea nas quais
predominaram as composições audiovisuais.
Após terminarem
os três dias de apresentações e inaugurações dos
pavilhões da Biennale, Veneza terá agora pela
frente pouco mais de cinco meses --até 22 de
novembro-- para convencer o público de que ainda
conserva esse "magnetismo" sobre o qual falava
na quinta-feira (4) o diretor do evento, Daniel
Birnbaum.
Considerando o
que foi visto pela cidade dos canais, pelo menos
o glamour de outros tempos se mantém --apesar da
atual conjuntura econômica--, com os amantes do
mundo da arte "matando a sede" com garrafas de
champanhe.
Tudo isso
acontecia diante dos iates que, um após o outro,
formavam uma exclusiva fila indiana, próximo aos
jardins da Bienal.
Nestes três
dias de apresentações, foi possível ver, em suas
coberturas, italianos e estrangeiros que
desfrutavam da ocasião de estar em um iate,
graças à promoção de alguma galeria de arte, uma
ocasião na qual não faltavam também os lenços na
cabeça nem os óculos de sol, bem ao estilo dos
anos 40 e 50.
Além do
ambiente que cercava a mostra internacional, os
recintos da Bienal de Arte tinham muita
composição audiovisual, fotográfica e de luz, e
muito pouca pintura.
As filas destes
dias para entrar nos pavilhões dos jardins da
Bienal serviam para medir o maior ou menor
interesse dos visitantes pelas propostas dos
países e, segundo este critério, a Dinamarca é
uma das grandes vencedoras.
O espaço da
Dinamarca, "habitué" na Bienal de Arte,
transformou-se este ano em uma casa à venda,
promovida pela agência imobiliária Vigilante
Exclusive Real Estate, justamente em um momento
no qual lançar no mercado uma propriedade é mais
complicado.
A Dinamarca
colabora também pela primeira vez no Pavilhão
Nórdico, um espaço de decoração minimalista que
representa também um moderno domicílio com
toques "zen", e no qual a grande surpresa é no
jardim: um colecionador que flutua morto na
piscina.
Esta impactante
visão é obra do dinamarquês Michael Elmgreen e
do norueguês Ingar Dragset, que titularam a obra
de "Death of a Collector" (2009) e que viram que
a forte tempestade da sexta-feira à tarde sobre
a cidade dos canais movimentou um pouco o
manequim flutuante.
Os artistas
souberam aproveitar também as possibilidades das
entradas para os pavilhões e, assim, a Austrália
estacionou fora um carro que é protagonista no
interior do recinto, mais uma vez, através de
composições audiovisuais.
O vídeo também
é a estrela no Pavilhão britânico Steve McQueen,
com um filme de 30 minutos, enquanto o pavilhão
da Tchecoslováquia --uma realidade que já não
existe como Estado-- surpreende os visitantes
com uma composição arbórea como a do exterior,
que dá a sensação de que o edifício é que foi
plantado.
A Bienal de
Veneza --a "mãe das bienais", como a definiu
Birnbaum-- oferece uma importante oportunidade
para artistas de todo o mundo, consagrados ou
não, dada a grande quantidade de turistas que a
cidade recebe todos os anos.
Os frequentes
"mochileiros" que percorrem Veneza assistiram
surpresos estes dias a um espetáculo de estilo e
de arte contemporânea do qual nem os edifícios
ficaram alheios. Em um deles, era possível ler:
"não farei nunca mais uma obra de arte chata"
(John Baldessari).
(©
Folha Online)
Saiba+
www.labiennale.org
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