Mostra tradicional de artes plásticas tem
início amanhã sob o tema Fazer Mundos
Camila Molina
Fazer Mundos (Making Worlds/Fare Mondi) é o
título/tema da 53ª Bienal de Arte de Veneza,
que terá sua abertura oficial amanhã, com a
entrega dos prêmios Leão de Ouro para Yoko
Ono (escolhida para a honraria por suas
criações de raiz conceitual e não por ser
viúva do ex-Beatle John Lennon) e para o
artista americano John Baldessari, e
inauguração para o público no domingo. A
mostra mais tradicional do mundo, de longa
duração - ficará em cartaz até 22 de
novembro - está, ao lado da Documenta de
Kassel, na Alemanha, entre os eventos mais
importantes do calendário das artes visuais.
Neste ano, com curadoria geral do sueco
Daniel Birnbaum, a mostra, nos espaços do
Arsenale e dos Giardini da cidade italiana,
tem como proposta fazer a relação entre a
produção de arte recente com o lastro das
pesquisas de artistas já históricos, porém,
que se estabeleceram a partir de um passado
recente, o de força?? a partir da década de
1960. Fazer Mundos, na verdade, é tecer e
reconhecer os diálogos entre as gerações,
mais do que seria o ato de concretização de
um projeto para o estado de objeto de arte
em suas diversas linguagens.
Birnbaum, nascido em 1963 em Estocolmo, fala
em texto sobre a 53ª Bienal em uma "história
da arte contemporânea" e dentro dela já
inclui nomes como Gordon Matta-Clark, Blinky
Palermo e da brasileira Lygia Pape
(1927-2004). Como conta a fotógrafa Paula
Pape, filha de Lygia e responsável pela
direção da associação cultural (Projeto
Lygia Pape) que mantém e divulga a obra da
artista, desde sua morte, o argumento
primeiro que Birnbaum e o alemão Jochen
Volz, cocurador desta edição da Biennale (e
com grande relação com o Brasil, já que é um
dos curadores do Instituto Inhotim em Minas
Gerais) usaram foi o de que "Lygia
influenciava os jovens artistas". "E ela
sempre esteve rodeada de jovens; então, é
algo que vai de encontro a ela como pessoa",
diz Paula.
A Lygia Pape que sempre esteve ao lado de
Lygia Clark e Helio Oiticica, uma das
criadoras fundamentais de "dentro e além do
movimento neoconcreto", como afirma o
crítico inglês Guy Brett - é uma das
responsáveis por criar obras abertas à
participação (arte/vida/comportamento), mas
de maneira objetiva e inteligente - estará
representada agora em Veneza por duas obras.
No pavilhão Itália nos Giardini estará o
painel Livro da Criação, de 1959, e já na
entrada do Arsenale receberá o visitante uma
de suas mais impactantes instalações, uma
das versões de sua série Ttéia, poema
visível e delicado feito apenas de fios e
luz. "Os curadores disseram que a Ttéia
seria uma das obras fundamentais da
exposição e poderíamos escolher onde ela
ficaria", conta Paula. Ao ver as plantas e
fazer maquetes, ela, o engenheiro Ricardo
Fortes (que trabalhou com Lygia) e a
curadoria da Bienal decidiram que a
instalação abriria a primeira sala do grande
espaço do Arsenale. Desde o fim de abril, a
Ttéia, quadrada, com cerca de 7 metros de
altura, está montada entre quatro colunas do
local, tornando-se única.
Além da participação de Lygia Pape, esta 53ª
Bienal de Veneza, com obras de 90 artistas
de todo o mundo e inclusões de criações em
outros campos que não o só das artes
plásticas, como a parada do compositor Arto
Lindsay por Veneza hoje; as participações do
coreógrafo americano William Forsythe; e do
projeto literário Moscow Poetry Club, o
evento reserva entre os destaques do Brasil
a instalação inédita do carioca Cildo
Meireles. Ele é dos poucos artistas
brasileiros de destaque de fôlego na cena
internacional e, nas palavras de Birnbaum,
está entre os grandes criadores que
"combinam a sensibilidade pictórica com a
exploração do espaço, no sentido
psicológico, arquitetônico e urbanístico".
Para o campo dos artistas de lastro,
chama-se ainda a atenção para Öyvind
Fahlström (1928-1976), que nasceu em São
Paulo, mas deixou o Brasil aos 11 anos para
viver na Suécia. Considerado um dos
criadores-chave da cena dos anos 60 e 70,
com obra política, Fahlström, totalmente
desconhecido no Brasil, foi trazido à tona
na 6ª Bienal do Mercosul, em 2007, em Porto
Alegre, pela exposição monográfica feita
pela curadoria do espanhol Gabriel
Pérez-Barreiro.
REPRESENTAÇÃO NACIONAL
A história por trás da representação
nacional do Brasil nesta 53ª Bienal de
Veneza se transformou em uma pequena novela
nos últimos meses. O curador Ivo Mesquita,
convidado pela Fundação Bienal de São Paulo
para escolher os artistas que representariam
o País no Pavilhão Brasileiro em Veneza,
selecionou o fotógrafo paraense Luiz Braga e
o artista alagoano Delson Uchôa. O problema
é que a Fundação Bienal de São Paulo, imersa
em crise interna relacionada à transição
entre presidências (de Manoel Pires da
Costa, que terminou, oficialmente, em 6 de
fevereiro, para a de Heitor Martins, eleito
no último dia 28 de maio), não tinha
condições de conseguir os recursos
necessários para a mostra dos brasileiros em
Veneza. Quase que o Pavilhão Brasil ficou
vazio. Mas o Ministério da Cultura, por meio
da Funarte, forneceu os recursos para a
exposição de Braga e Uchôa, assim como as
galerias que representam os artistas (Leme e
Luciana Brito, respectivamente) contribuíram
para a viagem. A Fundação Bienal de São
Paulo também, como afirmou Pires da Costa,
entrou com cerca de R$ 70 mil dos R$ 350 mil
que são o montante total desta participação
oficial brasileira em Veneza. O pavilhão
brasileiro não ficará vazio e até mesmo foi
reformado, porque havia muitas queixas
quanto ao estado do espaço. Desde a década
de 1990, a Fundação Bienal de São Paulo tem
convênio com a Fundação Bienal de Veneza
para a realização da Representação Nacional
brasileira no evento. Já o espaço do
Pavilhão Brasil nos Giardini é de
responsabilidade do Ministério das Relações
Exteriores. Com a crise recente da Bienal de
São Paulo, vieram à tona discussões sobre
qual seria a melhor instituição brasileira a
ser a responsável pela iniciativa.
Participantes
DESTAQUES
Miranda July (EUA)
Michelangelo Pistoletto (Itália)
Sara Ramo (Espanha)
Simon Starling (Reino Unido)
Steve McQueen (representação Reino Unido)
Bruce Nauman (representação EUA)
William Forsythe (EUA)
LEÃO DE OURO
John Baldessari (EUA)
Yoko Ono (Japão)
ARTISTAS BRASILEIROS
Öyvind Fahlström
Arto Lindsay (nasceu nos EUA, mas trabalha e
vive no Rio)
Cildo Meireles
Lygia Pape
Renata Lucas
Luiz Braga (representação nacional)
Delson Uchôa (representação nacional)
ESTIVERAM NA BIENAL DE SÃO PAULO
28ª BSP:
Joan Jonas (EUA)
Carsten Höller (Bélgica)
27ª BSP:
Dominique Gonzalez-Foerster (França)
Goshka Macuga (Polônia)
Gordon Matta-Clark (EUA)
Hector Zamorra (México)
Marjetica Potrc (Eslovênia)
Rirkrit Tiravanija (Argentina)
Tomas Sarraceno (Argentina)
(©
Estadão)
A Venezia gli infiniti mondi
dell'arte
di Claudio Spadoni
Al via la 53ma edizione firmata Birnbaum.
Linguaggi e generazioni a confronto nei vari padiglioni. L'esposizione
sarà aperta dal 7 giugno fino al 22 novembre
Venezia, 5 giugno 2009 - Si è
scritto già quasi tutto di questa 53.ma edizione della Biennale,
molto prima dei giorni della tradizionale vernice. In nome dell’imperativo
di arrivare primi, anche senza aver visto nulla. Ma che importa, tanto non
c’è nulla di nuovo da scoprire, quasi tutto déjà vu, cambiano solo titoli,
dichiarazioni d’intenti, e naturalmente le opinioni. Marcel Duchamp l’aveva
detto tanto tempo fa: sono gli osservatori che fanno i quadri. E se da tempo
di quadri non se ne vedono molti, anche per questo l’affermazione
duchampiana risponde tanto di più al vero.
La Biennale di Venezia
resta comunque la Biennale per antonomasia, nonostante l’impressionante
proliferazione di manifestazioni analoghe — una cinquantina — in tutto il
mondo. E pazienza se ancora una volta si è preteso di caratterizzarla con un
titolo inutile, ‘Fare Mondi’, scelto dal giovane direttore Daniel Birnbaum,
che lo giustifica dicendo che «un’opera d’arte è più di un oggetto, più di
una merce, essa incarna una visione del mondo e, se presa seriamente, può
esser vista come un modo di fare un mondo». Non senza aggiungere, citando
Nelson Goodman, che «il fare mondi, così come noi lo conosciamo, inizia
sempre dai mondi già esistenti; il fare è un rifare».
Così, all’ingresso del
Padiglione Centrale dei Giardini ci si trova subito di fronte ad
un’ingombrante confusione di tele di sapore pop e barattoli di colore, della
coppia Guyton e Walker, come ad ammonirci che si deve attraversare
l’accumulo del già fatto per rielaborare forme e significati diversi. Che
sarebbe vano cercare nelle frasi insipide di Yoko Ono, vedova Lennon, cui
una giuria internazionale ha generosamente assegnato un Leone d’Oro (l’altro
è andato al californiano John Baldessarri) per aver “rivoluzionato il
linguaggio dell’arte”. Quando mai, ci si chiede. Ma subito poi si entra nel
salone centrale occupato da una galassia di strutture architettoniche aeree,
fatte di fili neri, una complessa ragnatela ispirata all’incredibile
resistenza di quelle vere della vedova nera. E dalle serigrafie
fumettistiche di Fahlstrom, scomparso nel ‘73, al dipinto del nostro De
Dominicis che dieci anni fa ha lasciato interrotto un percorso creativo
fatto di rigore, di pulizia formale, di intelligente rifiuto delle
convenzioni, si passa ad Hans Peter Feldmann, col suo affascinante teatro di
ombre che scorrono e si incrociano freneticamente sulla parete di una stanza
buia, determinate da una moltitudine di piccoli oggetti comuni raggruppati
su basi ruotanti. Si ritrova anche la ben nota coppia Gilbert & George,
questa volta con la non invadente dichiarazione firmata di essere solo
‘sculture viventi’.
Dall’operazione concettuale
alla pittura di sapore baconiano, di Pietro Roccasalva, alla
sensibilissima unione di scrittura e disegno del russo Pavel Pepperstein, e
a Blinky Palermo, scomparso nel ‘77, coi suoi richiami un po’ a Beuys, un
po’ a Richter. Il gioco degli intrecci, delle relazioni fra maestri e
allievi, un motivo caro a Birnbaum, va di pari passo con quello delle
presenze ripetute lungo il percorso della mostra. Ironica e provocatoria
quella di André Cadere, polacco d’origine, morto a Parigi nel ‘78. Quasi in
ogni stanza ci si imbatte nelle sue barre rotonde di legno dipinte a
strisce: un’ invasione dello spazio altrui con una presenza incongrua. Da
questi segni minimali, alle ‘ricostruzioni’ dello storico gruppo Gutai degli
anni Cinquanta: una tenda appena mossa da un ventilatore, una superficie
nera traforata alla ‘Fontana’, un telo con impronte di scarpe che da terra
s’arrampicano su una parete, una distesa di sabbia da cui spuntano delle
luci, una tela con pittura gestuale, e via dicendo nella memoria di
un’avanguardia che aveva fatto di tutto, dal quadro all’happening.
Un accumulo di materiali,
immagini, oggetti, tribali e tecnologici, di George Adéagbo, del Benin,
denunciano il passaggio dalla violenza coloniale alla finta benevolenza
postcoloniale. Ben più inquietante la foresta notturna di fiori giganti,
piante carnivore di un Eden mostruoso, di Nathalie Djuberg. Passando
all’Arsenale, l’ingresso è dato da uno spazio senza luce, segnato dagli
esili raggi di un’architettura luminosa, opera di Lygia Pape, seguito da una
sala degli specchi giganti, alcuni infranti, allestita da Pistoletto. Poi il
villaggio africano decontestualizzato del camerunense Pascale Marthine Tayou
, i bastoni neri alla Magritte o alla Chaplin, che sembrano volare in alto
su una parete, di Richard Wentworth, e il chiosco con offerta di caramelle e
bustine di the, prodotti in Zambia, di Anawana Haloba, e più oltre il video
bellissimo, tramato di luci misteriose di Grazia Toderi, per proseguire fino
agli interventi ambientali al Giardino delle Vergini, con la palude nera di
Lara Favaretto.
Nella continuità dei grandi spazi
dell’Arsenale, più che ai Giardini, si apprezza l’eterogenea galassia di
creazioni assemblate, un campionario abbastanza significativo dell’arte
contemporanea. Sulla sezione italiana s’è già scritto un gran male, anche
per la nomina politica dei curatori, oltretutto non proprio in linea, come
critici, con le indicazioni dell’ufficialità internazionale. Chissà cosa ne
penserebbe Marinetti, al cui ‘teatro di varietà’ è ispirato il Padiglione.
Biennale di Venezia: "Fare mondi"
Apertura: dal 7 giugno al 22 novembre
info: www.labiennale.org
©
Il Quotidiano)
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