Livro reúne
desenhos publicados na Folha por designer e artista
italiano, morto em julho de 2006
Encantado com o velho e decadente "centrão" da
cidade, Scarpellini gostava de morar na região e a
retratou em seus desenhos
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é raro que São Paulo provoque em seus visitantes
uma reação ao mesmo tempo de repulsa e fascínio. A
cidade choca e impressiona em sua amplitude, em sua
trama urbana confusa, em sua bizarrice arquitetônica
e em seu obsceno contraste entre luxo e miséria.
Mas também não é
incomum que, passado o susto, o estrangeiro comece a
entrever pelas frestas da Pauliceia a beleza inusual
deste ou daquele aspecto urbano, a paz insuspeitada
de bairros verdes e residenciais, o dinamismo
criativo da modernidade selvagem e o cosmopolitismo
de um lugar feito de gente de todos os cantos. Para
um europeu, mais habituado a cidades médias, em
geral ordenadas e pacatas, o choque pode ser mais
perturbador.
E a paixão também.
Foi o que aconteceu com Vincenzo Scarpellini,
italiano nascido em Ascoli Piceno, formado em design
e jornalismo em Roma, que tem agora desenhos e
textos sobre São Paulo reunidos num simpático volume
com capa dura lançado pela Publifolha.
O material de "San
Paolo" é a produção do autor para a seção
"Urbanidade", que foi publicada entre 2000 e 2006 ao
lado da coluna de Gilberto Dimenstein, no caderno
Cotidiano. São situações paulistanas filtradas por
uma visão peculiar -é como se redesenhasse e
repintasse a cidade ao mesmo tempo em que a
registrava.
Scarpellini chegou
ao Brasil no final da década de 90, convidado a
participar de uma reformulação visual e editorial da
revista "Manchete".
Não passou em
branco pela Cidade Maravilhosa, mas ela não chegou a
balançar assim o seu coração. Elegante e cordato, o
tipo de homem que pode ser descrito como um
príncipe, enamorou-se mesmo foi da feiosa e
movimentada capital Bandeirante quando nela se
fixou, contratado pela editora Abril. Posteriormente
na Folha, foi responsável por uma reformulação
gráfica do jornal.
Scarpellini logo se
encantou com o velho e decadente "centrão" da cidade
e não tardou a alugar um apartamento na praça da
República, bem em frente ao edifício Itália. Depois,
casado, morou num prédio projetado por Niemeyer, o
Eiffel. Adorava passear pelo centro e se tornou
quase um especialista em São Paulo.
A vida, infelizmente, foi-lhe demasiadamente breve
-morreu em julho de 2006, aos 41 anos. Mas a arte é
longa e seu belo e colorido legado, em parte reunido
neste "San Paolo", permanece vivo.
SAN PAOLO
Autor: Vincenzo Scarpellini
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 39,90 (176 págs.)
(©
Folha de S. Paulo)
Desenho
brasileiro na Itália: exposição do grupo Linha será inaugurada em Milão
Desde o
dia 20 de maio, trabalhos do
Linha: Grupo de Pesquisa entre o Desenho e a Palavra, da Escola de Belas
Artes da Universidade Federal de Belo Horizonte, estão
expostos em Milão. A mostra, que contempla obras sobre o papel, recebeu o
nome Desenho Brasileiro e ficará em cartaz até o dia 31 deste mês.
O convite foi feito pelo
Instituto Brasil-Itália de Milão (Ibrit). A entidade conta com o apoio do
Consulado do Brasil para promover a cultura brasileira na Itália. A
curadoria da mostra é do vice-diretor da Escola Guignard, Sebastião Miguel,
e da chefe do Departamento de Desenho da Escola de Belas-Artes (EBA), Maria
do Céu Diel de Oliveira, que também é coordenadora do Linha.
Antes de viajar para Itália,
integrantes do grupo, que é vinculado ao Departamento de Desenho da EBA,
falaram sobre a exposição para alunos do curso de Belas-Artes da UFMG.
Integram o grupo Humberto
Mundim, Tai Nunes, Maria do Céu, Antônio Signarini, Conceição Bicalho e
Julia Panadés.
(©
Oriundi)
Guido Boletti revela em
mostra sua lúdica viagem ao reino da fantasia
A mostra ficará aberta até 12
de junho de 2009 apresentando 30 obras originais em acrílico sobre tela
De 15 de maio a 12 de junho, o Espaço Cultural
Canvas, em São Paulo (no Hilton São Paulo Morumbi), apresenta mostra do artista
italiano Guido Beletti. Residente em Belo Horizonte desde ano passado, Boletti
já conta com currículo de enorme peso, tendo trabalhos expostos em museus
europeus como o Museo in Motion, na Itália, o Museo di Arte Sacra Diocesana de
Lodi, o Museu de Juelich na Alemanha e outros. A iniciativa tem o apoio da Ponte
Entre Culturas.
Milano, Vincenza, Padova, Nizza, Ginevra, Miami
e outras cidades já foram palco de mostras de Guido Boletti, que apresenta obras
de forte cromatismo e multivariedade de formas.
“O trabalho de Guido Boletti sugere uma
lúdica viagem ao reino da fantasia, onde as cores se entrelaçam com as formas,
porem com leveza e expressão. Suas obras compõem-se na sua maioria de informes
visuais fragmentados, porem coerentes entre si, numa proposta de sobreposição de
imagens” diz Sandra Setti, curadora do espaço.
Entre as obras apresentadas, percebe-se também
a influencia de Brasil e Itália , como nas obras “ Madrugada na gôndola” e “
Brincar no igarapé”. Nestes trabalhos, a temática nos remete diretamente a cada
um dos paises e a composição colorida de ambas confirma parte da descendência
italiana no Brasil.
(©
Oriundi)
Saiba +
sobre Boletti
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