Retornar ao índice ItaliaOggi

   

Notizie d'Italia

   

 

Umberto Eco no Brasil: transformações da midiatização presidencial - corpos, relatos, negociações

17/04/2009

Foto: The Modern Word/A.O

O italiano Umberto Eco será o conferencista da sessão de abertura de evento que debaterá a presença de presidentes na mídia
 

O Centro Internacional de Semiótica e Comunicação (Ciseco) realiza, no período de 28 de setembro a 2 de outubro de 2009, em Japaratinga, Alagoas, o seu Pentálogo Inaugural abordando o tema Transformações da midiatização presidencial: corpos, relatos, negociações, resistências. O evento deverá reunir pesquisadores, docentes e intelectuais brasileiros e internacionais, com diferentes inserções em universidades da França, Argentina, Itália, Chile, Colômbia, Estados Unidos, México, Venezuela, Bolívia e Brasil. Envolve também a presença de especialistas, e quadros das áreas políticas, marketing e administração. Este Pentálogo registra o início das atividades do Ciseco, e tem como seu principal convidado o  escritor, filósofo e lingüista italiano Umberto Eco, da Universidade de Bolonha (Itália), na condição de conferencista da Sessão de Abertura deste evento inaugural.

Sobre o Pentálogo Inaugural

O Pentálogo Inaugural abordará como tema central  “Transformações da midiatização presidencial: corpos, relatos, negociações, resistências”. O que motiva e justifica o debate dessas questões neste momento? Sintomas múltiplos, variados, mas convergentes, parecem indicar que ao longo dos primeiros anos do novo milênio, a função presidencial, enquanto posição executiva dos regimes democráticos,  está em processo de mudança profunda, pelo menos na Europa e nas Américas. Em função disso, o Pentálogo estudará os processos de construção do lugar presidencial hoje, a partir da presença dos processos midiáticos. Examinará a incidência das mídias num conjunto de eleições presidenciais do continente Americano: eleição e reeleição de Lula; ascensão de duas mulheres a presidência (Chile e Argentina); de um representante das culturas indígenas na presidência boliviana; de um bispo católico no Paraguai; e também pela primeira vez, nos Estados Unidos, a eleição de um político negro para presidência. Na Europa se destaca o retorno de Berlusconi à presidência do Conselho de Ministros na Itália, no que pese os múltiplos escândalos aos quais está associado, e no que pese ao seu papel de controle de um império midiático em seu próprio país. Forte acentuação do presidencialismo na França, com uma simultânea e explícita exibição do vínculo entre a classe política e o mundo do espetáculo.

Participantes

Os participantes do Pentálogo são personalidades científicas e acadêmicas com inserção em várias instituições universitárias internacionais. A conferência inaugural será proferida pelo Professor Umberto Eco (Università degli Studi di Bologna, Itália). O evento terá também expositores os convidados especiais de várias universidades do mundo. Está prevista ainda uma conferência do Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal, Jornalista Franklin Martins, sobre as “Relações entre Políticas de Comunicação e a Função Presidencial”.

Haverá também exposições a cargo dos membros diretores do Ciseco: Amilton Glaucio de Oliveira (Universidade Federal de Alagoas), Antônio Fausto Neto (Unisinos), Antonio Heberlê (Universidade Católica de Pelotas); Eliseo Verón (Universidad de San Andrés, Argentina), Geraldo Luiz dos Reis Nunes (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Giovandro Ferreira (Universidade Federal da Bahia).

O evento terá como coordenadores de trabalho os professores Jean Mouchon (França), Antônio Fausto Neto (Brasil), Eliseo Verón (Argentina).

Sobre Umberto Eco

Nascido em Alexandria, Umberto Eco, aos 77 anos,  é mundialmente reputado por seus diversos ensaios universitários sobre a semiótica, a estética medieval, a comunicação de massa, a lingüística e a filosofia. É, também, titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de Ciências Humanas na Universidade de Bolonha, além de colaborador em diversos periódicos acadêmicos, colunista da revista semanal italiana L'Espresso e professor honoris causa em diversas universidades ao redor do mundo. Eco é, ainda, notório escritor de romances, entre os quais O nome da rosa e O pêndulo de Foucault.


Umberto Eco iniciou a sua carreira como filósofo sob a orientação de Luigi Pareyson, na Itália. Seus primeiros trabalhos dedicaram-se ao estudo da estética medieval, sobretudo aos textos de Santo Tomás de Aquino. A idéia principal defendida por Eco, nesses trabalhos, diz respeito à idéia de que esse grande filósofo e teólogo medieval, que, como os demais de seu tempo, é acusado de não empreender uma reflexão estética, trata, de um modo particular, da problemática do belo.

A partir da década de 1960, Eco se lança ao estudo das relações existentes entre a poética contemporânea e a pluralidade de significados. Seu principal estudo, nesse sentido, é a coletânea de ensaios intitulada Obra Aberta (1962), que fundamenta o conceito de obra aberta, segundo o qual uma obra de arte amplia o universo semântico provável, lançando mão de jogos semióticos, a fim de repercutir nos seus intérpretes uma gama indeterminável porém não infinita de interpretações.

Ainda na década de 1960, Eco notabilizou-se pelos seus estudos acerca da cultura de massa, em especial os ensaios contidos no livro Apocalíticos e integrados (1964), em que ele defende uma nova orientação nos estudos dos fenômenos da cultura de massa, criticando a postura apocalíptica daqueles que acreditam que a cultura de massa é a ruína dos "altos valores" artísticos - identificada com a Escola de Frankfurt, mas não necessariamente e totalmente devedora da Teoria Crítica -, e, também, a postura dos integrados - identificada, na maioria das vezes, com a postura de Marshall McLuhan -, para quem a cultura de massa é resultado da integração democrática das massas na sociedade.

A partir da década de 1970, Eco passa a tratar quase que exclusivamente da semiótica. Eco descobriu o termo "Semiótica" nos parágrafos finais do Ensaio sobre o Entendimento Humano (1690), de John Locke, ficando ligado à tradição anglo-saxónica da semiótica, e não à tradição da semiologia relacionada com o modelo linguístico de Saussure. Pode-se dizer, inclusive, que a teoria de Eco acerca da obra aberta é dependente da noção peirceana de semiose ilimitada. Nesta concepção do "sentido", um texto será inteligível se o conjunto dos seus enunciados respeitar o saber associativo. Ao longo da década, e atravessando a década de 1980, Eco escreve importantes textos nos quais procura definir os limites da pesquisa semiótica, bem como fornecer uma nova compreensão da disciplina, segundo pressupostos buscados em filósofos como Kant e Peirce.

São notáveis a coletânea de ensaios As formas do conteúdo (1971) e o livro de grande fôlego Tratado geral de semiótica (1975). Nesses textos, Eco sustenta que o código que nos serve de base para criar e interpretar as mais diversas mensagens de qualquer subcódigo (a literatura, o subcódigo do trânsito, as artes plásticas etc.) deve ser comparado a uma estrutura rizomática pluridimensional que dispõe os diversos sememas (ou unidades culturais) numa cadeia de liames que os mantêm unidos. Dessa forma, o Modelo Q (de Quillian) dipõe os sememas - as unidades mínimas de sentido - segundo uma lógica organizativa que, de certo modo, depende de uma pragmática. A sua noção de signo como enciclopédia é oriunda dessa concepção.

Como conseqüência de seu interesse pela semiótica e em decorrência do seu anterior interesse pela estética, Eco, a partir de então, orienta seus trabalhos para o tema da cooperação interpretativa dos textos por parte dos leitores. Lector in fabula (1979) e Os limites da interpretação (1990) são marcos dessa produção, que tem como principal característica sustentar a idéia de que os textos são máquinas preguiçosas que necessitam a todo o momento da cooperação dos leitores.

Dessa forma, Eco procura compreender quais são os aspectos mais relevantes que atuam durante a atividade interpretativa dos leitores, observando os mecanismos que engendram a cooperação interpretativa, ou seja, o "preenchimento" de sentido que o leitor faz do texto, procurando, ao mesmo tempo, definir os limites interpretativos a serem respeitados e os horizontes de expectativas gerados pelo próprio texto, em confronto com o contexto em que se insere o leitor.

Além dessa carreira universitária, Eco ainda escreveu cinco romances, aclamados pela crítica e que o colocaram numa posição de destaque no cenário acadêmico e literário, uma vez que é um dos poucos autores que conciliam o trabalho teórico-crítico com produções artísticas, exercendo influência considerável nos dois âmbitos. Ver, abaixo, a relação completa de suas obras que circularam ou circulam no mercado editorial brasileiro.

(© Oriundi) 


SITE

Saiba + sobre Eco (Wikipédia)

VÍDEO

UMBERTO ECO: O BELO E O FEIO (HISTÓRIA DA BELEZA E HISTÓRIA DA FEIURA)

 

 

Publicidade

Pesquise no Site ou Web

Google
Web ItaliaOggi

Notizie d'Italia | Gastronomia | Migrazioni | Cidadania | Home ItaliaOggi