Na história dos gaúchos há um lugar especial para o italiano
Giuseppe Garibaldi, também conhecido como o “Herói de Dois Mundos”, que na
Itália e no Brasil, no século 19, marcou sua vida e a dos homens de bons
costumes, na luta pela democracia, igualdade, fraternidade.Em 2007 está sendo
comemorado o bicentenário do nascimento de Garibaldi, tanto aqui no Brasil como
na Itália. Já no Rio Grande do Sul, diversas entidades culturais da Itália e do
Brasil constituíram o Comitê Nacional para as comemorações dos duzentos anos do
“Herói de Dois Mundos”.
Giuseppe Garibaldi nasceu em Nizza (hoje a cidade francesa Nice, sobre o
Mediterrâneo), sendo sua nacionalidade italiana por direito de sangue, em 4 de
julho de 1807, o segundo filho do casal Ângelo Domênico Garbialdi e Rosa
Raimondi, ambos naturais do povoado chamado Loano (Gênova/Itália).
É sempre importante ter a oportunidade de rememorar uma das figuras mais
importantes da nossa história, que foi Giuseppe Garibaldi, pois dedicou os 75
anos de sua existência à causa da liberdade, lutando sempre contra as tiranias.
Garibaldi estudou na escola para marinheiros, mas foi pelo seu próprio
esforço que adquiriu sólida cultura. Aprendeu caligrafia, matemática, história
romana, inglês, francês e geografia, com dois professores particulares.
Chegou ao Brasil em 1836, sendo um jovem marinheiro, idealista e sonhador,
corajoso e ousado, mas praticamente um jovem inexperiente. Sua militância era
exclusivamente marinheira, pelos portos do Mediterrâneo e até um pouco mais
longe. Suas adesões aos carbonários e posteriormente à jovem Itália de Mazzinni
são fatos que dizem do seu treinamento como marinheiro e o começo de uma
conscientização política.
O fator determinante, a mudança radical, a virada na trajetória do herói, o
encontro dele e seu destino, vai se dar exatamente com esta viagem para o
Brasil, que foi o caminho sem volta de uma aventura que marcaria luminosidade e
a vida do italiano nascido em Nice.
Em 20 de setembro de 1835 explode uma revolução na Província de São Pedro do
Rio Grande do Sul. Os liberais, liderados por Bento Gonçalves da Silva contra os
conservadores, que tiveram vários chefes ao longo de dez anos que durou a luta
armada. Depois de um ano de revolução intransigente dos liberais apelidados de
farroupilhas ou farrapos contra conservadores apelidados de camelôs ou
caramurus, os farroupilhas desistiram da paz e proclamaram a República,
separando o Rio Grande do Sul do Brasil, com o nome de República Rio-Grandense,
tentando ao longo de nove anos organizar a estrutura de uma nação independente
republicana, assolada por muitos problemas mas cheia de bravura tratando de
realizar um Estado completo com os serviços públicos o exército e a marinha
porque os tempos eram de guerra. Aí é que entra Garibaldi.
Lívio Zambeccari, de família nobre de Bolonha, força a aproximação do
jornalista e intelectual Luigi Rosseti com o herói preso no Rio de Janeiro,
depois de uma desastrada batalha perto de Porto Alegre na Ilha do Fanfa, em que
foi traído por um antigo comandado seu e instado por Zanceccari com o entusiasmo
de Rosseti e a cobertura certamente de Giusepe Mazzinni na Itália, Garibaldi
concorda em receber da nova república do sul, “carta de corso”, ou seja, uma
autorização oficial de uma nação a realizar ataques, ações de guerra contra
qualquer embarcação de outra nação inimiga no caso, o Império do Brasil.
Em Santa Catarina, Garibaldi e os Farrapos proclamaram a República Juliana na
gloriosa imprudência com quem sonhavam transformar todas as províncias do
Império Brasileiro em Republicas autônomas, porém federadas. Sua atuação e dos
barcos imperiais que tomou como presas de guerra e colocou sob seu comando na
campanha de Santa Catarina, foi notável sob todos os aspectos, revelando-se mais
que um simples comandante de barco de guerra, mas um verdadeiro almirante, capaz
de traçar estratégia naval, com uma visão abrangente do teatro de guerra,
operando em conjunto com as forças terrestres.
Por Francisco Appio – Deputado Estadual – autor do projeto de lei 33/2007,
que institui 2007 como o “Ano Garibaldino”, aprovado por unanimidade na
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. E-mail:
francisco.appio@al.rs.gov.br
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Folha de S. Paulo)