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Homem do Gelo tem 'primos' vivos, diz DNA

Otzi, examinado por cientistas
 

Material genético da múmia mostra que ela é aparentada com 6% de europeus. 'Família' de Ötzi inclui povos do sul da Europa e judeus ashkenazim

A descoberta da possível causa de morte do "Homem do Gelo" Ötzi, que provavelmente tombou após uma flechada nos Alpes há mais de 5.000 anos, foi só o último capítulo de uma série de descobertas fascinantes sobre a vida na Europa pré-histórica. E, embora não seja possível mais localizar o assassino do montanhês, dá para pelo menos avisar a família: cerca de 6% dos europeus modernos, cujo DNA tem parentesco com o de Ötzi.

Explica-se: pesquisadores italianos liderados por Franco Rollo conseguiram extrair material genético da múmia. Trata-se do mtDNA ou DNA mitocondrial, presente nas mitocôndrias, as usinas de energia das células. Esse tipo de DNA é uma mão na roda para as pesquisas com restos antigos de seres vivos porque é muito abundante no organismo e se preserva com mais facilidade. Além disso, ele é transmitido de forma ininterrupta de mãe para filho ou filha e não se mistura com o DNA paterno, permitindo o estabelecimento preciso de linhagens ao longo de milhares de anos de história.

Rollo e companhia obtiveram mtDNA do cadáver de Ötzi e viram que ele pertence ao chamado haplogrupo K, uma das principais linhagens maternas existentes na Europa, norte da África e Oriente Próximo. Mais especificamente, o Homem do Gelo parece ter pertencido ao subgrupo K1, típico do sul da Europa.  

Estima-se que a mulher que deu origem ao haplogrupo tenha vivido na região há cerca de 16 mil anos. Dessa forma, todos os 6% dos europeus modernos portadores da linhagem são primos distantes, pelo lado da mãe, do Homem do Gelo. Aliás, por esse critério, ele também é aparentado aos judeus ashkenazim, do leste da Europa: quase metade deles descende de mulheres que carregam esse haplogrupo.

A análise de outros restos biológicos e minerais encontrados com Ötzi dão outras pistas sobre as circunstâncias de sua morte. O pólen de flores achado com ele indica que o homem morreu durante a primavera. Por outro lado, uma de suas refeições provavelmente incluiu pão integral, colhido no fim do verão. Isso significa que ele fazia parte de uma sociedade agrária que conseguia guardar os recursos de um ano para usar no outro.  

O alto índice de cobre achado em seus cabelos, ao lado da machadinha desse metal que ele carregava, sugere que ele poderia estar envolvido na fabricação de objetos de cobre. Suas armas - além da machadinha, uma faca de pedra, arco e flechas -  podem indicar que ele não era tão inocente assim em relação à sua morte. Especula-se que ele poderia ter estado envolvido no ataque a uma tribo vizinha, até porque alguém deve ter arrancado a haste da flecha que o acertou e matou. Traços do sangue de quatro outras pessoas apareceram em seu equipamento.

(© G1)


Flecha matou 'homem de gelo' italiano, dizem cientistas

Genebra (EFE).- Uma equipe de cientistas suíços e italianos liderados pelo professor da Universidade de Zurique Frank Rühli descobriram que Otzi, o "homem do gelo" italiano, uma múmia de 5.300 anos de idade, morreu de hemorragia após ter sido atingido por uma flecha.

"Não podemos saber se foi por causa de uma briga ou se foi acidental, a única coisa que sabemos é que foi uma morte rápida, já que faleceu não mais de duas horas após ter sido ferido", explicou hoje o professor Rühli em declarações à agência Efe.

No momento da morte, o homem do gelo tinha 45 anos, media 159 centímetros e não sofria de nenhuma doença grave, nem tinha grandes fraturas em seu corpo, exceto "uma leve em sua mão que se produz normalmente ao se fazer força para separar algo ou alguém", detalhou o especialista.

Otzi foi descoberto em 1991 a 3.200 metros de altitude no Tirol Sul (os Alpes italianos), data do período neolítico tardio e apresenta um extraordinário estado de conservação.

O corpo foi estudado por uma equipe de pesquisadores suíços e italianos no hospital de Bolzano (Itália) mediante uma tecnologia inovadora de raios-X.

O aparelho usado foi um scanner multicorte, que permitiu aos especialistas revelar a causa da morte de Otzi sem necessidade de ter de recorrer a uma autópsia, o que teria destruído o corpo.

(© UOL Ciência e Saúde)

Saiba mais sobre o Homem das Neves-Museo Archeologico dell'Alto Adige

 

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